segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

ARTESANATO DE BOA SAÚDE PARTICIPA DA FEIRA DA ÁRVORE EM NATAL




Desde o dia 07 de Dezembro está sendo realizada, em Mirassol/Natal, a Feira de Artesanato da Árvore, promovida pela Prefeitura Municipal do Natal. Um total de 150 artesãos estão expondo e comercializando diversas tipologias de artesanato. Além da feira estão sendo realizados shows com a participação de grande público atraído pela beleza da arvore considerada a segunda maior do Brasil. O encerramento da feira está previsto para o dia 06 de Janeiro, Dia de Reis, quando será encerrado o cíclo natalino na capital potiguar. O Artesanato de Boa Saúde está participando da referida feira sob a coordenação de Aparecida Campos, contando com o apoio de José Alaí.
Durante o ano de 2010, o trabalho dos artesãos de Boa Saúde participou de várias feiras no Rio Grande do Norte e em outros Estados do País, conforme detalhamos a seguir
- Janeiro de 2010 – 15ª FIART – Feira Internacional de Artesanato, no Centro de Convenções de Natal, um evento promovido pelo Governo do Estado, Prefeitura de Natal e SEBRAE, com a participação de artesãos de 18.países, dos 27 estados do Brasil e da maioria dos municípios do Rio Grande do Norte;
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Março de 2010 - 7ª Feira Itinerante do Artesanato Potiguar, promovida pelo PROART – Programa Estadual de Desenvolvimento do Artesanato e Secretaria do Trabalho, Habitação e Assistência Social, além de expor e comercializar produtos dos artesãos de Boa Saúde, participou do desfile de modas com a apresentação de saídas de praia;
-Abril de 2010 - Feira Estadual de Artesanato, no Parque Aristófanes Fernandes, em Parnamirim, por ocasião da realização do Circuito Estadual de Eventos do Agronegócio, uma promoção do Governo do Estado através da Secretaria da Agricultura, ANCAR e Secretaria do Trabalho, em parceria com a ANORC – Associação Norte-riograndense de Criadores:
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Maio de 2010 - Assu Mix, desfile de modas que vem se realizando a cada ano na cidade de Assu/RN, com a participação de confecções artesanais de vários municípios do Rio Grande do Norte;
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Maio de 2010 – 5º Salão do Turismo de São Paulo/SP, realizado no Anhembi, na cidade de São Paulo/SP, promovido pelo Governo Federal através do Ministério do Turismo, com o apoio da Caixa Econômica Federal e do SEBRAE.
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Agosto de 2010 - 16ª Feira BRASIL MOSTRA BRASIL, no Centro de Convenções de Natal, com mais de 300 empresas expondo e comercializando seus produtos: móveis, roupas, sapatos, informática, cosméticos, utilidades domésticas e artesanato nacional e internacional;

Marcílio - técnico do PROART e José Alaí
- Outubro de 2010 - Feira do Artesanato Potiguar, no Parque Atistófanes Fernandes - Parnamirim, por ocasião da Festa do Boi.

NOVO PONTO DE VENDAS

Em Boa Saúde a Associação dos Artesãos mantém um ponto de exposição e venda da produção dos artesãos na sede do Conselho Comunitário de Boa Saúde, à Rua Nadege de Oliveira, 128. Visite o local de vendas e prestigie o trabalho dos nossos artesãos. Além dos produtos expostos e colocados à venda, a Associação aceita encomendas. Para informações e contados ligue (84) 8816.4899 ou mande mensagem para o e-mail: eujoas@yahoo.com.br


quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

NOVA IMAGEM DE NOSSA SENHORA DA SAÚDE


Neste dia 23 de Dezembro de 2010 a comunidade católica de Boa Saúde recebeu a nova imagem de Nossa Senhora da Saúde.

Trata-se de uma réplica, esculpida em madeira por Mestre Ambrósio Córdula, com as dimensões e a pintura semelhantes à imagem original da nossa padroeira, cuja chegada ao então povoado de Boa Saúde ocorreu por iniciativa de Luis Francisco da Costa, conhecido como Luis Cachoriera, antes de junho do ano de 1878, conforme documentos da época.

De origem europeia, mais provavelmente de Portugal, a imagem centenária de Nossa Senhora da Saúde, segundo o Professor Antônio Marques, um estudioso e conhecedor da arte sacra, o seu estilo é barroco, tendendo para o neo-clássico do século XIX, provavelmente entre 1800 e 1860.

A nova imagem deverá substituir a imagem centenária por ocasião das peregrinações, carretas e procissões como o objetivo preservar a imagem original que além dos valores sacro, artístico e histórico, se constitui num patrimônio da cidade de Boa Saúde.

O trabalho de Mestre Ambrósio custou R$ 3.000,00 (três mil reais) e contou com a colaboração de vários devotos de Nossa Senhora da Saúde. A campanha esteve sob a responsabilidade de Padre Francisco César Bessa, José Alaí de Souza e Maria das Dores Alencar (Dorinha) que agradecem aos colaboradores e colocam à disposição de todos a prestação de contas dos recursos arrecadados.

Para saber mais sobre o trabalho de Mestre Ambrósio acesse o site: www.ambrosiocordula.com.br


Seguindo o modelo dos antigos ateliês de Arte Sacra, Mestre Ambrósio, coordena seus ajudantes e aprendizes – escultores, pintores e entalhadores - no processo de produção.

PARTICIPANTES DA CAMPANHA PARA AQUISIÇÃO DA

RÉPLICA DA IMAGEM DE NOSSA SENHORA DA SAÚDE

01. Padre Francisco César........R$100,00

02. José Alaí de Souza................R$100,00

03. Artur de Souza......................R$100,00

04. Nazário Cleodon....................R$100,00

05. Nizardo Cleodon....................R$100,00

06. Ana Maria Xavier..................R$ 25,00

07. Marcone José da Nóbrega...R$200,00

08. Paulo de Souza......................R$100,00

09. Elias Bezerra.........................R$100,00

10. Um devoto não identificado..R$ 25,00

11. João Batista de Oliveira.........R$ 20,00

12. Janildo Alves Galvão..............R$ 20,00

13. Maria de Fátima da Silva.......R$ 10,00

14. Anderson Luiz de Araújo........R$ 25,00

15. Aldenira Maria de Araújo.......R$ 20,00

16. Dr Wellington...........................R$100,00

17. Maria Raimunda......................R$150,00

18. Ivanira.......................................R$ 10,00

19. Antônio Urbano........................R$ 20,00

20. Dorisvânia Paiva......................R$200,00

21. Ovimar Fernandes...................R$100,00

22. Ademir Araújo...........................R$ 50,00

23. Aldemir de Souza.......................R$ 50,00

24. José Cândido...............................R$ 20,00

25. Dona Cícera Rodrigues...............R$ 10,00

26. Max Costa Ribeiro......................R$100,00

27. Luciene de Lima Pinheiro............R$ 10,00

28. Flávio Xavier de Freitas..............R$ 10,00

29. Íris Paiva.......................................R$ 50,00

30. Ana Maria de Souza.....................R$200,00

31. Maria de Deus de Souza...............R$ 50,00

32. Maria do Céu de Souza.................R$ 50,00

33. Fabíola Paiva de Souza..................R$100,00

34. Aluízio Bezerra Barbalho...............R$ 10,00

35. Manoel Borges de Lima..................R$ 10,00

36. Luíza Almeida Xavier......................R$ 10,00

37. Mário Júnior.....................................R$ 20,00

38. Vladimir Paiva de Souza................R$100,00

39. Terezinha Mota Ferreira...............R$ 10,00

40. Jonas Miranda de Souza................R$ 50,00

41. Josué Miranda de Souza.................R$ 50,00

42. Severino da Prestação....................R$ 50,00

43. Maria das Graças Xavier................R$200,00

44. José Pequeno....................................R$ 10,00

45. Carlos Alberto (Currais Novos)......R$ 10,00

46. João Luis Filho...................................R$ 5,00

47. Genival Bento da Costa.....................R$ 5,00

48. Nizarte Maria Medeiros...................R$ 20,00

49. Maria das Dores Alencar..................R$ 25,00

50. João Maria Damasceno.....................R$ 30,00

51. Lauro Damasceno...............................R$ 30,00

52. Um devoto não identificado..............R$ 30,00

TOTAL.................................R$3.000,00

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

MENSAGEM DE NATAL - FREI BETO

O DIA EM QUE VI DEUS
Natal é a "despapainoelização" do espírito. É quando o coração torna-se manjedoura e, aberto ao outro, acolhe, abraça e acarinha. Violenta-se quem faz da festa do Menino Jesus uma troca insana de mercadorias. Quantas ausências nesses presentes!
Em pleno verão, nos trópicos, o corpo empanturra-se de nozes e castanhas, vinhos e carnes gordas, sem que se faça presente junto àqueles que, caídos à beira do caminho, aguardam um gesto samaritano.
Ainda criança, em Minas, aprendi com meus pais a depositar junto ao presépio a lista de meus sonhos. Nada de pedidos a Papai Noel. No decorrer do advento, eu engordava a lista: a cura de um parente enfermo; um emprego para o filho da lavadeira; e a paz no mundo. Meu pai insistia para que eu registrasse meus sonhos mais íntimos. Aos 8 anos, escrevi: "Quero ver Deus". Minha mãe ponderou: "Não basta Nossa Senhora, como as crianças de Fátima?". Não, eu queria ver Deus Pai. Nem imagens dele eu encontrava nas igrejas, que exibem, de sobejo, ícones de Jesus e pombas que evocam o Espírito Santo.
Na tarde de 25 de dezembro, meus pais levaram-me a um hospital pediátrico. Distribuímos alegria e chocolate às crianças, vítimas de traumas ou tomadas pelo câncer e por outras enfermidades. Fiquei muito impressionado com um menino de 6 anos, careca. Na saída, mamãe indagou-me: "Gostou de ver Deus?". Fiquei confuso: "Só vi crianças doentes", respondi. Então, ela me ensinou que a fé cristã reconhece que todos os seres humanos são imagem e semelhança de Deus. Por isso é tão difícil ver Deus. Pois não é fácil encarar a radical sacralidade de todo homem e de toda mulher.
Aos poucos entendi que o modo de comemorar o Natal forma filhos consumistas ou altruístas. E descobri que Deus é tanto mais invisível quanto mais esperamos que Ele entre pela porta da frente. Sorrateiro, Ele chega pelos fundos, via um sem-terra chamado Abraão; um revolucionário, de nome Moisés; um músico com fama de agitador, Davi; uma prostituta, Raab; um subversivo conhecido por Jeremias; um alucinado, Daniel; um casal de artesãos que, recusado em Belém, ocupa um pasto para trazer o Filho à vida: Maria e José.
No Evangelho de Mateus (25, 31-46), Jesus identifica-se com quem tem fome e sede, é doente ou prisioneiro, oprimido ou excluído. Aqueles que para os "sábios" são a escória da sociedade, para Deus são os convidados ao banquete do reino.
Desde então, aprendi que Natal é todo dia. Basta abrir-se ao outro e à estrela que, acima das mazelas deste mundo, acende a esperança de um futuro melhor.
Sonhar com um mundo em que o Pai Nosso transpareça na grande festa do pão nosso, pois quem reparte o pão partilha Deus.
Frei Betto

sábado, 11 de dezembro de 2010

BOA SAÚDE COMPLETOU 57 ANOS DE EMANCIPAÇÃO POLÍTICA

Igreja atual de Nossa Senhora da Saúde


Aspecto da parte mais antiga da cidade,
vendo-se no primeiro plano a Pensão de Maria Júlio

Neste dia 11 de Dezembro de 2010, Boa Saúde comemora 57 anos de emancipação política. Mas, desde a chegada dos primeiros habitantes se vão mais de 150 anos, considerando que a expansão do território de são José de Mipibu ocorreu na primeira metade do século XIX, com a interiorização da Colônia.


Para chegar à condição de hoje, Boa Saúde passou por diversas fases e contou com a presença e colaboração de muitas pessoas. Para se firmar como povoado, antes foi local de pouso de tropeiros, nas suas idas e vindas do Sertão para o Agreste transportando mercadorias, contando com a acolhida de Antônio Badamero, depois José Calazans, seguido por Elias Júlio e Maria Júlio.


O crescimento de Boa Saúde dependeu também dos membros da família Cachoeira, principalmente de Luis Francisco da Costa, conhecido como Luis Cachoeira, responsável pela construção da primeira capela dedicada a Nossa Senhora da Saúde e pela vinda da imagem da Europa, provavelmente de Portugal, onde a devoção a Nossa Senhora da Saúde era muito intensa, pelo ano de 1569.


Mas, Boa Saúde como povoado, alcançou maior desenvolvimento a partir da década de 1930, quando foram construídos o mercado público, o Grupo Escolar Dr. Mário Câmara e uma delegacia de policia, no ano de 1935, tendo como principal liderança o comerciante José Heronides da Câmara e Silva.

Foram muitas as pessoas que: como agricultores, criadores, comerciantes, políticos, professores, funcionários públicos, trabalhadores e donas de casa contribuíram para o crescimento de Boa Saúde, como povoado, mais tarde Vila de Boa Saúde e hoje Município de Boa Saúde.

Foi há 72 anos, que pelo Decreto Nº 02 de 17/09/1938 do Prefeito Áureo Tavares de Araújo, do Município de São José de Mipibu foi criada a Vila de Boa Saúde, cujo Distrito incluía os povoados de Lagoa Salgada e Córrego de São Mateus.

Na condição de vila, Boa Saúde passou a ser administrada por um Sub-Prefeito, cargo que foi exercido pelas seguintes pessoas: Luiz Adauto da Silva, José Calazans Ribeiro, Antônio Augusto de Souza, Manoel Teixeira de Souza (Nezinho de Souza) e Manoel Ribeiro de Andrade.

Enquanto distrito, Boa Saúde, além do Sub-Prefeito, tinha como funcionários: professores municipais, zelador do cemitério e arrecadador fiscal. O primeiro arrecadador fiscal que se tem notícias foi Raimundo Ribeiro Cruz, substituído interinamente, em 1943 por Francisco Ferreira de Souza (Chico Neco) que foi nomeado em caráter definitivo em 30 de Março de 1948.

Os registros encontrados em relação aos aspectos administrativos daquela época se restringem a algumas portarias delegando poderes e destinando recursos para manutenção e conservação do mercado, melhorias de estradas e construção de bueiras.

A energia elétrica tendo como fonte um motor/gerador a óleo diesel foi inaugurada no início da década de 1950. O horário de funcionamento do motor era das 18 às 22 horas. Energia elétrica, fora deste horário, somente nas festas da padroeira, Natal e ano novo. Nesta situação, não havia condição para o uso de geladeira, rádio ou outro eletrodoméstico. As primeiras geladeiras usadas em Boa Saúde eram a querosene e depois a gás de cozinha. Os primeiros rádios eram a bateria ou pilha. A energia elétrica de Paulo Afonso, em Boa Saúde, foi inaugurada em 1971, na administração do Governador José Cortês Pereira e na gestão do Prefeito José Aldo Barbalho.

Boa Saúde permaneceu na condição de Vila, até 11de Dezembro de1953, quando foi criado o município com o nome de Januário Cicco. Muitas pessoas, principalmente as mais jovens, desconhecem que a troca do nome foi uma questão de política partidária. Os políticos da oposição apoiariam a criação do município com a condição de mudar o nome de Boa Saúde para Januário Cicco.

O movimento pela emancipação política foi iniciado no final da década de 1940, tendo como principais lideranças Antônio Augusto de Souza, Manoel Teixeira de Souza (Nezinho de Souza) e Manoel Ribeiro de Andrade.

Criado o município, como primeiro prefeito, foi nomeado o Tenente Adauto Rodrigues da Cunha. A primeira eleição municipal foi realizada em 03 de Outubro de 1954, sendo eleitos como primeiro prefeito constitucional, Manoel Teixeira de Souza (Nezinho de Souza) e como vice-prefeito, José Batista Xavier.

Além de Adauto Rodrigues da Cunha e Manoel Teixeira de Souza, nesses 57 anos de emancipação política, Boa Saúde foi administrada pelos seguintes prefeitos: Manoel Ribeiro de Andrade, José Aldo Barbalho, Aliete de Medeiros Paiva, Paulo de Souza, Vivaldo Gomes Brandão, João Félix Neto e Maria Edice Francisco e Félix, atual prefeita.

Depois de 37 anos com o nome de Januário Cicco, em 02 de Fevereiro de 1991, o município passou a chamar-se Boa Saúde, atendendo a uma antiga reivindicação dos seus habitantes, alicerçada na tradição e na devoção a Nossa Senhora da Saúde.

O Dr. Januário Cicco nasceu em São José de Mipibu. Foi um médico competente e dedicado à saúde pública do nosso Estado, mas a população queria que a sua terra continuasse a ser chamada de Boa Saúde, numa homenagem à sua padroeira. A volta do nome de Boa Saúde, ocorreu em 02 de Fevereiro de 1991, através de uma Emenda à Lei Orgânica do Município mas, o IBGE até hoje, não reconheceu a mudança do nome, alegando a falta de um plebiscito, ou seja, uma consulta à população. Por isso existe a duplicidade de nomes em determinados documentos oficiais.

Texto de José Alai de Souza - Fonte: Boa SaúdeOrigem e História, Souza, José Alaí de

e, Souza, Maria de Deus Araújo de

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

SOBREVIVENTE DO ACIDENTE COM FOGOS PEDE INDENIZAÇÃO PELOS DANOS SOFRIDOS

Patrícia da Rocha Costa, de 34 anos, moradora da comunidade de Maretas e sobrevivente da explosão com fogos de artifício da Festa de 02 de Fevereiro, em Boa Saude, recebeu a visita de Ciro Marques, reporter do jornal Tribuna do Norte e queixou-se que depois de quase três meses internada no Hospital Walfredo Gurgel, com queimaduras que atingiram 70% do seu corpo, ainda sofre com a falta de assistência da Prefeitura de Boa Saúde, enquanto aguarda o andamento de um processo de indenização na Justiça pelos danos sofridos no incidente. A seguir veja a matéria completa publicada pela Tribuna do Norte, neste domingo 28 de novembro de 2010.




Jornal TRIBUNA DO NORTE

Publicação: 28 de Novembro de 2010

"Sobrevivente, mas sem assistência

Ciro Marques - repórter

A noite de 2 de fevereiro deste ano, na cidade de Boa Saúde, a 69 quilômetros de Natal, ainda está bem viva na memória da Patrícia da Rocha Costa, de 34 anos. Sobrevivente de uma explosão com fogos de artifício, a ex-agricultora conseguiu se recuperar, depois de quase três meses internada no Hospital Walfredo Gurgel, na Capital do Estado, de queimaduras de 1º, 2º e 3º graus que atingiram 70% do seu corpo. Hoje, no
entanto, ela ainda sofre com a falta de assistência da Prefeitura de Boa Saúde, enquanto aguarda o andamento de um processo de indenização na Justiça pelos danos físicos e psicológicos sofridos no incidente.
“Lembro que disse para minha amiga: isso (fogos de artifício) é tão bonito, mas também tão perigoso. Depois disso, veio a explosão e desmaiei”
, relembrou Patrícia, encontrada pela equipe da TRUBUNA DO NORTE sentada em uma cadeira em frente à casa onde mora com o companheiro e os quatro filhos, de 14, nove, oito e sete anos, na humilde comunidade conhecida como Maretas, em Boa Saúde.
adriano abreu

Patrícia está impedida de trabalhar na agricultura por conta das sequelas que a explosão dos fogos de artifício deixaram em seu corpo

Para encontrá-la, por sinal, apesar da comunidade ficar um pouco afastada do centro da cidade, não foi tão difícil. Isso porque todos da região conhecem Patrícia, como “a filha de Bia Magrinha”, ou “a mulher de Luís Tratoreiro”, em referência ao companheiro dela, Luís Gaudêncio, ou ainda “a mulher que sobreviveu a explosão na praça”.

Patrícia estava em casa quando a equipe da TN chegou sem avisar. Sem mais trabalhar com a agricultura, por não poder ficar sob o sol, ou andar pela cidade, também devido ao mal que os raios ultravioleta fazem a pele sensível e cheia de cicatrizes, a ex-agricultora passa boa parte do tempo sentada, cuidando dos filhos. “Minha vida mudou muito. Não posso fazer quase nada agora. Só as vezes que lavo uma louça, ou ajeito a comida dos meus filhos”, revelou ela.
No rosto, as marcas pelo sofrimento que passou são poucas. Praticamente nenhuma. No resto do corpo, porém, as lembranças estão presentes. São cicatrizes nos dois braços, no abdômen, nas pernas, na virilha, nos pés. A que ainda causa mais sofrimento é a do tornozelo direito, que não está totalmente recuperado. Fraturado em três partes na explosão, passou por cirurgia, mas não pode ser imobilizado. O resultado foi um ferimento que necessita de um trabalho quase que diário de fisioterapia, mas que sem a ajuda da Prefeitura de Boa Saúde, não está sendo feito.
“Eles me ajudaram por muito tempo. Quase todos os dias, me pegavam na minha casa e me levavam para a fisioterapia no hospital de Boa Saúde (o Januário Cicco). Infelizmente, um mês depois que entrei com o processo de indenização, eles deixaram de fazer isso”, afirmou Patrícia, que recorreu à Justiça para, pelo menos, amenizar o sofrimento que passou. “Hoje, não posso mais trabalhar e ajudar minha família. Sei que não vou ter minha vida de volta, mas isso não pode ficar assim. Tem que servir de exemplo para que outros casos iguais não ocorram”, afirmou ela.
O valor da indenização, Patrícia disse não saber. Desde junho ela está com o processo acompanhado por um advogado de Natal, que ela conhece apenas pelo primeiro nome: Lincon. “Ainda não tivemos nenhuma audiência”, justificou ela para o motivo do desconhecimento do valor. Foi em junho, também, que Patrícia conseguiu voltar a andar. “Foi graças à fisioterapia. Fiquei fazendo muito tempo disso e preciso continuar a fazer, porque já estou há muito tempo parada. Fui nesta semana até a cidade de Serrinha dos Pintos (vizinha a Boa Saúde), ver se há como recomeçar a fazer por lá”, comentou a ex-agricultora.

“Vi minha amiga morrer do meu lado

Até junho, inclusive, o trabalho de recuperação foi lento e doloroso. Uma dor física e psicológica. “Fiquei internada de fevereiro até o dia 21 de abril. Só saí do risco de morte depois de 45 dias internada. Foi muito doloroso”, relembrou ela, que elege o dia em que viu sua amiga, Maria das Dores Alves do Nascimento, de 45 anos, morrer, como o pior momento da recuperação. “Ela era minha amiga. Tínhamos ido juntas a festa. Nós fomos os casos mais graves. Me lembro quando ela pegou uma infecção e faleceu, ao meu lado, no hospital. Foi horrível aquela cena. Tive muita sorte de não morrer também. Foi graças a Deus”.
No período em que ficou internada, Patrícia precisou de 53 anestesias gerais para tomar banho e trocar os curativos. “Era muita dor. Não tinha como fazer isso sem a anestesia geral. No dia em que o médico me disse que não tomaria mais, meu sofrimento aumentou muito. Ia tomar banho e ficava três, quatro horas debaixo do chuveiro, tirando os curativos”, relembrou ela.
Com um jeito de falar sempre firme e disposta, Patrícia fraquejou uma única vez na entrevista concedida à TN. Foi, justamente, pouco depois ao falar da morte da amiga, Maria das Dores Alves, que faleceu ao seu lado, no Hospital Walfredo Gurgel. “Pensei muito que iria morrer. Minha vida ficou muito tempo por um fio. Lembro que os médicos chegavam e falavam que ‘iria depender da recuperação’, ‘que ainda corria risco de morrer devido a uma infecção’. Sofria, sofria demais. Pensei que nunca mais veria meus filhos, que jamais voltaria para casa”, afirmou ela, emocionada.
Até hoje, Patrícia ainda conta com a “ajuda” de calmantes para suportar uma dor que não é apenas física, mas psicológica também. “Passei por muitos momentos difíceis nesse período de recuperação. Foi duro para mim tudo isso e ainda me lembro vez ou outra. As vezes, quando estou muito mal, preciso de um calmante para poder dormir tranqüila. Ainda tenho até pesadelos com esses momentos”, afirmou ela.
Sobre o Hospital Walfredo Gurgel, mais precisamente o Centro de Recuperação Pós-Operatório (CRO), para onde foi levada assim que houve a explosão em Boa Saúde, nenhuma queixa. “Todos me trataram muito bem lá. Não tenho nada, nada do que reclamar. O médico que tratou de mim, inclusive, ia lá me visitar e saber como estava mesmo quando não era dia de serviço dele. Se Deus quiser, um dia, ainda volto lá só para agradecer”.
Sobram elogios para o Hospital, mas faltam para a Prefeitura da cidade. Além da suspensão do transporte que a levava para fazer fisioterapia no hospital de Boa Saúde, o Januário Cicco, Patrícia se lembra de um fato que jamais esqueceu durante sua recuperação. “Nunca recebi ajuda financeira alguma da Prefeitura, mesmo não podendo mais trabalhar devido a explosão. O único momento que vi a prefeita (Maria Eudice Francisco Felix), inclusive, foi quando ela foi ao Walfredo Gurgel deixar uma cesta cheia de chocolate. Ora, eu toda enfaixada, parecendo uma múmia, ia comer chocolate?”.
No laudo apresentado pelo Corpo de Bombeiros pouco depois do incidente em Boa Saúde, foi confirmado que houve falhas tanto no produto, quanto dos operadores. A distância de segurança não foi respeitada. Os fogos que causaram o incidente tinham pelo menos três polegadas, mas foram encontrados, também, alguns de cinco polegadas. Além disso, deveriam estar a uma distância de, no mínimo, 75 metros, mas foram colocados a, aproximadamente, 30 metros.
Outro problema encontrado durante a perícia do Corpo de Bombeiros foi um morteiro que estava estourado. Isso indica que ele estava sendo reaproveitado, o que também teria comprometido a segurança. A empresa I.M. Pinheiro, que foi a contratada pela Prefeitura da cidade para realizar o show pirotécnico não tinha um profissional treinado e responsável para manusear os fogos.
Para o Comando do CB, na época, o total de 34 pessoas feridas foi pouco se comparado ao tamanho da festa.
A TN tentou, por diversas vezes, falar com a prefeita Maria Edice. Na Prefeitura da cidade, no dia em que a equipe de reportagem esteve lá, ela se encontrava em Natal, participando de um curso de capacitação".