BOA SAÚDE - Sua Origem e sua História

BOA SAÚDE - Origem e História
Autores: José Alaí de Souza e Maria de Deus Souza de Araújo
Em janeiro de 2001, por ocasião da Festa da Padroeira de Boa Saúde, José Alaí de Souza e Maria de Deus Souza de Araújo lançaram o livro BOA SAÚDE - Origem e História. A referida publicação é fruto de uma pesquisa que os autores fizeram entrevistando pessoas, consultando arquivos e documentos com o objetivo de preservar a nossa memória, "contribuindo para que as gerações do hoje e do amanhã, do Município de Boa Saúde, possam conhecer as suas origens e tradições; os acontecimentos, fatos e pessoas que construíram a nossa história".
Com o objetivo de compartilhar esses conhecimentos com um maior número de pessoas, principalmente com os estudantes que têm acesso à internet, grande parte do conteúdo do refedido livro encontra-se disponível neste blogue. Quem quiser adquirir o livro em Natal pode encontrá-lo na Livraria do Campus Universitário e na A.S. Livros. Em Boa Saúde: para leitura e consulta pode encontrá-lo na Biblioteca Municipal e na Biblioteca Maria Almeida da E.E. Maria do Rosário e  para aquisição entrar em contato com José Alaí.

Os Autores
José Alaí de Souza, nasceu em 1940, filho de Manoel Teixeira de Souza (Nezinho de Soua) e Erotides Lúcio de Souza. Como o costume da época, nasceu na casa do avô materno, Coronel José Lúcio Ribeiro, na Fazenda Belo Horizonte, em Goianinha - RN. Criou-se em Boa Saúde, de onde, aos 14 anos saiu para gazer o curso ginasial no Colégio Agrícola de Jundiaí. Fez o 2º Grau e o Curso de Economia (UFRN) em Natal. Foi presidente Nacional da Juventude Agrária Católica e Diretor do Jornal Correio Rural no Rio de Janeiro; Supervisor do MEB - Movinento de Educação e Coordenador Técnico do SAR - Serviço de Assistência Rural, em Natal; Agente Fiscal, Coordenador do POART - Programa Eastadual de Desenvolvimento do Estado do RN, Coordenador da Assessoria Técnica e Jurídica da STBS - Secretaria do Trabalho e Bem Estar Social do RN, Secretário Executivo do Fundo Estadual de Educação e Técnico do IDEMA - Instituto de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte. Aposentado do IDEMA, desenvolve um trabalho voluntário nas areas sociail e de geração de rendas em Boa Saúde, onde exerceu as funçoes de Secretário Municipal da Agricultura, presidente do Conselho Municipal do FUMAC e presidente do Conselho Comunitário de Boa Saúde.



Maria de Deus Souza de Araújo, nasceu em Boa Saúde, no ano de 1953, filha de Manoel Teixeira de Souza e Erotides Lúcio de Souza. Aos 13 anos foi estudar em Natal, onde pez o 1º Grau e o Curso de Edificações na Escola Técnica Federal do RN. Cursou Letras na UFRN. Na Prefeitura Municipal de Natal, desempenhou as seguintes funções: Desenhista de arquitetura na Secretaria Municipal de Finanças e Técnica em planejamento educacional na Secretaria Municipal de Educação e Cultura. Exerceu a função de professora durante mais de 18 anos, no SENAI - Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial e na FACEX-EXECUTIVO, consciente de que educar é contribuir para formação social e política do cidadão..

BOA SAÚDE - Caracterização do Município

Localização
O Município de Boa Saúde está localizado no Rio Grande do Norte, na Microrregião do Agreste Potiguar. A sede municipal fica a uma distância de 75 quilômetros de Natal, a capital do Estado. Está situada a uma altitude média de 104 metros acima do nível do mar e tem as seguintes coordenadas geográficas: 06o 06’ 00” latitude sul e 35o 32’ 54” longitude oeste.
Área e Limites
A área total do Município de Boa Saúde é de 264 km2, correspondendo a 0,50% da superfície do Estado do Rio Grande do Norte.
Limites: Norte – Bom Jesus e Macaíba
Sul - Serrinha e São José de Campestre
Leste – Lagoa Salgada e Vera Cruz
Oeste – Serra Caiada e Sen. Elói de Souza

Mapa da Região Litoral-Agreste do RN

Clima
O clima do Município de Boa Saúde é semi-árido, com uma temperatura média anual de 25,7 Cº e umidade relativa média anual de 74%. O período chuvoso corresponde, normalmente, aos meses de março a junho, com as seguintes precipitações pluviométricas anuais: média de 741,2 mm; máxima de 1.573,0 mm e mínima de 394,23 mm.

Solos e Vegetação
No Município de Boa Saúde predomina um tipo de solo arenoso, com fertilidade natural média, apropriado para as culturas da mandioca e do agave e, em menor escala, para o plantio de algodão, milho, feijão e fava. Este tipo de solo apresenta restrições para a agricultura devido à forte carência d’água no período de estiagem.
Existe outro tipo de solo no município, de textura argilosa e arenosa, com fertilidade natural alta e que se presta, principalmente, para a pecuária, podendo ser utilizado também com o cultivo de algodão, milho e feijão, além de palma forrageira e agave.
Com fertilidade natural baixa e textura média existe, ainda, outro tipo de solo favorável à fruticultura, principalmente caju e coco, além de pastagens e mandioca.
Quanto à vegetação, predominam as espécies de clima semi-árido, da caatinga hipoxerófila - árvores e arbustos, destacando-se, entre outras, as seguintes: catingueira, angico, juazeiro, umbuzeiro, aroeira, marmeleiro e mandacaru.

Ocorrências Minerais
Em relação à ocorrência de minerais no Município de Boa Saúde, verifica-se a existência do diatomito, mineral não metálico, que possui características física e química de grande importância para o uso industrial como isolante térmico e acústico, coadjuvante na filtração, absorvente, abrasivo moderado, etc. O referido mineral é encontrado, principalmente, nas lagoas da Capivara, do Meio, Pau D’Árco e Barbatana.

Recursos Hídricos
A maior parte do município de Boa Saúde está situada no aqüífero cristalino, onde torna-se difícil o armazenamento de águas subterrâneas. Os poços perfurados, no referido aqüífero, apresentam uma vazão média baixa de 3,05 m3/h e uma profundidade de até 60 metros, com água, geralmente, de alto teor salino, com restrições para o consumo humano e para a agricultura.
De forma dispersa, o aqüífero de aluvião apresenta-se constituído pelos sedimentos depositados no leito do rio e riachos de maior porte. Caracteriza-se pela alta permeabilidade, boas condições de realimentação e uma profundidade média em torno de 7 metros, com água, geralmente, de boa qualidade e pouco explorada.
O Município de Boa Saúde está situado na bacia hidrográfica do Trairi, que possui regime intermitente, no seu alto e médio curso, tem sua nascente formada pelos riachos que vêm das Serras do Doutor e Cuité, e corre em direção leste, indo desaguar no Litoral Oriental. A bacia do Trairi, no seu baixo curso, está em contato com solos sedimentares e clima úmido, que favorecem a formação do vale e a perenização deste trecho localizado fora do Agreste. A grande extensão desta bacia é constituída pelos alto e médio cursos, que contam com uma acentuada rede de drenagem, formada por pequenos riachos, que são responsáveis pelo regime intermitente e pelas fortes enxurradas nas épocas chuvosas.
Principais riachos que banham o Município de Boa Saúde: Bom Pasto e Córrego de São Mateus.
Principais lagoas: Pedra Branca, do Meio, Pau D’Árco, Carnaúba, Junco, Tapuia, Comprida, Limpa, do Horto, Barrenta, Tamatá, das Traíras, da Cajarana, Jenipapo, Capim Grosso, Tacaca, Catolé, da Onça, das Traíras.
Açude com capacidade de acumulação superior a 100.000 m3: Açude Comunitário Córrego de São Mateus.

A Aldeia Mopebu

Na época do Brasil colônia, em 1630, o aldeamento Mopebu, termo indígena que significa rastro grande e desconhecido, era um dos mais populosos do litoral da Capitania do Rio Grande. Com a dominação holandesa que durou 21 anos, de 1633 a l654, a capitania perdeu parte da sua população em massacres como os de Ferreiro Torto em Macaiba, Cunhaú em Canguaretama e Uruaçu em São Gonçalo do Amarante. Teve, ainda, sua agricultura devastada e a sua criação de gado destruída.
Com a expulsão dos holandeses, e restabelecido o domínio português, começou a recuperação da capitania, sendo concedidas “terras no rumo sul e oeste, Potengi, Mipibu e Cunhaú, para incentivar o repovoamento e a volta aos trabalhos normais...” (Suassuna e Mariz, 1997, p. 97).
Reiniciado o processo de colonização, ocorreu a expansão do povoamento e a sua interiorização, tendo contribuído para isto, por um lado, o crescimento da atividade pastoril e, por outro, a necessidade de reprimir os índios após as rebeliões e, ao mesmo tempo, capturá-los para o trabalho na agricultura.
A Aldeia de Mipibu, na segunda metade do século XVIII, apresentava-se com um certo rítimo de crescimento e no dia 22 de fevereiro de l762 foi elevada à categoria de Vila de São José do Rio Grande, sendo a quarta fundada na capitania. Juridicamente o seu território tinha como limites: “ Toda a Freguesia antigamente chamada do Papary e então de Nossa Senhora do Ó de Sant’Ana, a qual confinava com a costa do mar de norte a leste, com a freguesia de Goianinha por sul, servindo de divisão o rio Trahiry, desde o lugar em que nele entra o riacho dos Tremedaes até o nascimento do mesmo que vem do sertão; e da parte do oeste até norte; determinando-se que as fazendas que ficassem às margens do Rio Trairy e que tivessem terras de um e outro lado do dito rio, ainda que ficassem em diversas paróquias, fossem também da jurisdição temporal da vila novamente criada” (Barbalho, 1961, p. 66).
A ocupação da capitania foi intensificada no início do século XVIII, a partir da criação de gado. As primeiras fazendas se fixaram no agreste, próximo das terras ocupadas com a cana de açúcar, para, em seguida, se expandirem, iniciando o povoamento do sertão.
No final da metade do século XIX, a Vila de São José do Rio Grande apresentava sinais de progresso na agricultura e no comércio, além do aumento da sua população. Em 16 de outubro de 1845, foi elevada à categoria de cidade, com a denominação de São José de Mipibu. Foi naquele século que o Brasil passou por grandes transformações de natureza político-administrativa. Tornou-se independente em 1822 e se transformou em república no ano de 1889.

Origem e Povoamento de Boa Saúde

Não se tem conhecimento exato da época do início do povoamento da área que constitui o município de Boa Saúde. Os fatos e as ocorrências relacionados com a formação do território de São José de Mipibu e com a interiorização da Colônia, indicam que tenha acontecido na primeira metade do século XIX.
Pesquisa realizada em documentos do Cartório de São José de Mipibu, comprova que em 1859 já existiam habitantes no território do atual município de Boa Saúde. Datado de 28 de novembro daquele ano, encontramos o inventário de Delfina Ursulina da Conceição, que deixou para o seu esposo, Francisco Cosme de Oliveira e outros herdeiros “Cem braças de terras de criar e plantar na Ribeira do Trairy no lugar denominado Cacimba de Baixo...”. Outro inventário datado de 08/03/1867, faz referência ao Córrego de São Mateus. A inventariante, Sancha Ferreira da Silva, residente em São José de Mipibu e casada com o Tenente Manoel Timotheo Ferreira Lustoza, deixou-lhe como herança entre outros “bens de raiz”, como eram denominados, na época, os bens imóveis, “Huma parte de terras na data de San Matheos no Corrego...”.
Sobre os primeiros habitantes do povoado de Boa Saúde, existe uma versão de que o início do povoado se deu “com a presença no território de famílias retirantes de uma demorada seca que assolou o sertão norte-rio-grandense. Na busca de melhores dias, os sertanejos se instalaram às margens do rio Trairi, nas proximidades de uma queda d’água chamada Cachoeira. Ao construírem suas primeiras casas nos arredores da famosa queda d’água, os habitantes primitivos passaram a ser conhecidos popularmente como os Cachoeira” (Morais, 1998, p.380).
Como se explica que em um ano de seca, às margens do rio Trairi, tenham se estabelecido retirantes do sertão, nas proximidades de uma cachoeira? O Trairi é um rio temporário, cuja nascente localiza-se no sertão, na Serra do Doutor, nos municípios de Campo Redondo e Coronel Ezequiel. Seu curso d’água depende e coincide com os períodos chuvosos. O historiador Augusto Tavares de Lira, quando se refere ao rio Trairi, diz que da sua nascente no sertão até a barra são 20 léguas “e só corre em anos invernosos” (Lira 1998, p.185).
No trabalho de pesquisa realizado surgiu outra versão. Os Cachoeira, cujo sobrenome é Francisco da Costa, teriam vindo do sertão da Paraíba, possivelmente, da região de Catolé do Rocha, em número de dez irmãos: Luiz, Francisco, Joaquim, Manoel, Alexandre, Pedro, Satiro, Antônia, Francisca e Izidora. Inicialmente, se estabeleceram em diversas áreas de terras como proprietários e, como eram pessoas possuidoras de um certo “recurso”, desenvolveram a agricultura e a criação de gado e deram impulso à formação do povoado, a partir da construção da capela de Nossa Senhora da Saúde. Ao chegarem na Data do Lerdo, onde atualmente localiza-se a cidade de Boa Saúde, ali residiam as seguintes famílias:
a) Os Sacca, família à qual pertencia um senhor conhecido como Antônio Badamero Sacca, cuja residência situava-se onde depois foi construído o antigo prédio do Grupo Escolar Dr. Mário Câmara, e atualmente existe a agência dos Correios. O registro mais antigo que encontramos sobre esta família trata-se do inventário de Sebastiana Maria de Jesus, falecida em 1879, em Boa Saúde, sendo casada, pela segunda vez, com Joaquim Francisco Ferreira da Silva Sacca, naquela ocasião com 75 anos de idade. Como filhos do primeiro casamento encontramos: Luis de França; Maria, casada com Manoel Joaquim de Lima, e Francisca, casada com Sebastião Pinto de Mello, tendo como filhas: Joana e Maria, sendo que esta foi casada com Antonio José de Sant`Ana. Como descendentes de Sebastiana Maria de Jesus e de Joaquim Ferreira da Silva encontramos: José Ferreira da Silva; Antonio Ferreira da Silva e, João Ferreira da Silva, cujos filhos são: Manoel, Antonio, Jacintha, Alexandre, Jorge, Maria, Lucia, Joanna e Faustino. Dentre os bens do inventário, consta uma parte de terra em Boa Saúde com uma casa de morada, que havia sido adquirida por compra a Francisco de Paiva Rocha, uma parte de terra em Oiticica – Ribeira do Trahiry, e outra no lugar denominado Poço do Braz.
b) Os Ferreira, moravam no local que depois pertenceu a Manoel Joaquim de Souza (Neco de Sinhá) e residiu Manoel Teixeira de Souza (Nezinho de Souza). Documento do Cartório de São José de Mipibu, datado de 30/07/1910, faz referência à família Ferreira, conforme transcrevemos: “Diz Salustiano Ferreira de França, que tendo falecido no logar Bôa Saude, deste distrito, sua mulher Catharina Ferreira de França no dia 18 de junho, deste anno; requer que vos digneis marcar dia hora e logar para o suppe prestar o compromisso de inventariante como cabeça de casal...” Como demais herdeiros constam as seguintes pessoas: Anna Ferreira de França, com l3 anos; Maria Ferreira de França, com 12 anos; Joaquim Ferreira de França com 10 anos; João Ferreira de França com 8 anos; José Ferreira de França com 6 anos e, Manoel Ferreira de França com 5 anos.
c) Os Nunes, que residiam nas imediações onde atualmente se localiza o estabelecimento comercial e a residência de Alfredo Gomes da Costa. Foram citados como descendentes dessa família: Izabel Nunes, José Nunes, conhecido como Zé Zumba e Baltazar.
Além da Data do Lerdo, da Data de San Matheos e da localidade de Cacimba de Baixo, às quais nos referimos, outras datas e lugares mais antigos do território do Município de Boa Saúde, de que se tem notícias, são:
- Oiticica, onde atualmente esta localizada a Fazenda Braz, que teria pertencido a Luiz Francisco da Costa, conhecido como Luiz Cachoeira, casado com Maria Joaquina da Costa. Como descendentes do casal foram citados: Francisca Maria da Costa, casada com Antônio Constantino de Oliveira e Severina Francisca da Silva, casada com Miguel Vicente da Silva, conhecido como Miguel Rosa.
- Xique Xique, que teria pertencido a Joaquim Francisco da Costa, também conhecido por Joaquim Cachoeira, pai adotivo de José Joaquim da Costa, conhecido como Zezinho Cachoeira. Outros moradores mais antigos de Xique Xique foram: Vicente Rodrigues do Nascimento, casado com Izabel Maria dos Prazeres, falecida em 03/08/1896, cujos filhos são: Maria Rodrigues do Nascimento, Raymundo Rodrigues do Nascimento, Francisco Rodrigues do Nascimento, José Rodrigues do Nascimento, João Rodrigues do Nascimento, Zacharias Rodrigues do Nascimento e Abdias Rodrigues do Nascimento. Além destes, em Xique Xique residiram, também, Joaquim Barbosa dos Santos , casado com Luiza Barbosa dos Santos, e Francisco Gomes de Lemos, casado com Maria Francelina de Lemos.
- Boqueirão, que teria pertencido a Manoel Francisco da Costa, mais conhecido como Manoel Cachoeira, conforme documento do Cartório de São José de Mipibu, datado de 22/12/1923. Trata-se do inventário dos bens de sua esposa Joanna Francisca da Costa, que faleceu no dia 18/12/1918, deixando como herdeiros, além do viúvo, os seguintes filhos: João Francisco da Costa, com 28 anos; Aprígio Francisco da Costa, com 27 anos; Maria Francisca da Costa, com 26 anos; Cícero Francisco da Costa, com 25 anos; Francisca da Costa, com 24 anos; Manoel Francisco da Costa, com 23 anos; Elvira Francisca da Costa, com 22 anos; Herondina Francisca da Costa, com 21 anos; Antonio Francisco da Costa, com 15 anos; Oliveira Francisco da Costa, com 14 anos; Adauto Francisco da Costa, com 13 anos; Helena da Costa, com 11 anos; Carmozina da Costa, com 10 anos e, José da Costa com 7 anos. No que diz respeito aos bens deixados como herança, o documento faz referência a “Uma parte de terra de arisco, várzea e catinga na margem do Rio Trahiry pro-indiviza na data de Trahiry e Boqueirão, havida por herança de seu sogro Francisco Ferreira de França, limitando-se pelo Nascente com José Fernandes, pelo Sul contesta com os Pinheiros, pelo Norte com os Freitas, e Puente com Manoel do Ó...”.
- Diamantina, que teria pertencido a Alexandre Francisco da Costa, ou Alexandre Cachoeira, como era conhecido.
- Boa Esperança, onde residiu Anna Pinto de Melo, falecida em 1877, casada em segundas núpcias com Sebastião Pinto de Mello, deixando como filhos do casal: Maria Pinto, Josefa Pinto, Joaquim Pinto e Rosa Pinto. Do primeiro casamento, os herdeiros são: Josefa, com 30 anos de idade, casada com Joaquim Marques de Oliveira; Francisca, com 20 anos; Manoel Pacheco, com 18 anos; Guilhermina com 17 anos, casada com Antonio Reinaldo. Consta do inventário, datado de 25/09/1877, uma parte de terra no lugar Boa Esperança, Data do Trairi.
- Tanque do Meio, pertencente a Pedro Francisco da Costa, Pedro Cachoeira.
- Poço Comprido, que teria pertencido a Francisco Ferreira, casado com Izidora Cachoeira, pais de Faustino Ferreira. Outro proprietário de terra, dos mais antigos de Poço Comprido, foi Manoel Bezerra da Silva, conhecido como Manoel Catingueira, casado com Josefa da Silva.
- Data das Almas, que teria pertencido a Francisco Cachoeira e onde existe o atual povoado de Guarani. Documento do Cartório de São José de Mipibu, datado de04/09/1925, faz referências a Francisca Maria dos Santos, falecida em 1904 e seu esposo José Silvério dos Santos, falecido em 1924, na localidade de Gatos, deixando como filhos: João Silvério dos Santos, com 32 anos de idade; Francisco Silvério dos Santos, com 22; Antonio Silvério dos Santos, com 25 anos e Maria Silvério dos Santos, na época falecida, deixando como filho Cícero Silvério dos Santos com 3 anos de idade. Entre os bens deixados pelo casal, no inventário consta uma parte de terra no sítio denominado de “Braz”, que Francisca Maria dos Santos havia herdado de sua mãe, Maria Leonídia de Jesus. Datado de 21/09/1914, no inventário de José Lucas da Cruz e sua esposa, que residiram nos Gatos e faleceram pelo ano de 1911, e que teve como inventariante Felix Lucas da Cruz, encontramos o registro de que foi deixado para os herdeiros, entre outros bens “... uma parte de terras indivizas, no logar “Gatos” deste termo, onde se acha a Casa de Morada onde morreu o Inventariado, Data das Almas, com quatrocentas braças de largura e meia legua de comprimento, ou de fundo, limitando: ao Sul, com o rio Trahiry, ao Norte, com a data dos herdeiros do defunto Nicacio e os Cachoeiras; ao Nascente, rio abaixo, com as terras de Antonio Joaquim e, ao Poente, com terras de Rodopiano de Azevedo e herdeiros de Vallentim que foi avaliada pelos avaliadores em quatro centos e cincoenta mil reis”.
- Capivara, que em 1909 pertencia a Joaquim Carlos da Silva, em 1913 passou a pertencer a Antônio Ferreira da Silva e, depois, a Francisco Antonio de Jesus;
- Vaquinha, que pertencia a Joaquim Carlos da Silva e sua esposa Josefa Bellisa da Silva em 1912 e, depois, passou a pertencer a Francisco Antonio de Jesus e seus filhos: João Francisco da Silva, Manoel Francisco da Silva, José Francisco da Silva, Luiz Francisco da Silva, Sebastião Francisco da Silva, José Francisco da Silva (2º), Manoel Francisco da Silva (2º), Antonio Francisco da Silva e Manoel Jorge da Silva.

Origem do Nome Boa Saúde

Quanto ao nome Boa Saúde, o documento mais antigo que faz referências ao mesmo data de 1878. Trata-se do inventário de Simião Bolivar da Silva , casado com Rita Maria dos Prazeres, ela na época com 60 anos de idade. Proprietários e moradores no Brás e donos de terras, também em Laranjeiras, deixaram os seguintes filhos: Francisca, com 45 anos de idade, casada com José Firmino da Costa; Felix Francisco dos Santos, com 44 anos; Januário dos Santos; Maria Virgínia da Anunciação, com 41 anos; Manoel Simião da Silva, com 40 anos, casado com Clementina Maria da Conceição; Theotonia Maria, com 38 anos, casada com Manoel Verissimo Ribeiro, João Manoel da Silva, com 37 anos e Germana Maria da Anunciação, com 31 anos, casada com Manoel Diogo da Paixão. Dentre os bens deixados por Simião Bolivar da Silva constam cinco escravos: Dionizio, com 25 anos de idade; Firmino, com l8; Francisco com 10; Maria com 27 e. Mariana com 23. Como o casal teve nove filhos, na partilha dos escravos, a cada um coube uma fração do valor de cada um. A parte do documento que faz referência ao nome de Boa Saúde tem o seguinte teor: “ Recebi do meo escravo Dionízio a quantia di quarenta e quatro mil reis pela parte di sua liberdade de huma parte y pela herança de meo finado Pai q. mi tocou. Assim como tbem Recebi a quantia de dezeçêis mil rs pela parte de sua liberdade do labor e tresentos mil rs q. tbem mi tocou pela minha herança e do mesmo finado Pai mi tocou ficando o meo escravo aotorizado de huma semana di sirviço dentro do tempo q. mi toca na sua sujeição. E p. afim da verdade mandei paçar o presente em q. mi asigno prezte as Testemunhas abaxo asignadas. Boa Saúde, 22 de junho de 1878. Manoel Simião da Silva como testemunha Alexe. Franco. da Sa - (Alexandre Francisco da Silva) o grifo é nosso - Moricy. Como Testemunha de meo escravo Dionízio Januário José dos Santos. Manoel Vericimo Ribeiro”.
Existe mais de uma versão sobre a origem do nome Boa Saúde. Uma de que “a sugestão do nome foi dada por um padre a romeiros do povoamento do Lerdo que visitavam a cidade de Juazeiro do Norte, no Ceará.” O padre teria questionado sobre o significado da palavra lerdo e sugerido aos romeiros que o nome do povoado “deveria propagar religiosidade e prosperidade.” Os romeiros voltaram “com a imagem de Nossa Senhora da Boa Saúde na bagagem e imediatamente o povoado passou a se chamar Boa Saúde” (Morais, 1998, p.38).
Outra versão relatada pelo referido autor mostra que “o povoamento passou a se chamar Boa Saúde depois que uma pessoa dos Cachoeira, que há muito tempo estava doente, começou a banhar-se num poço do rio localizado nas redondezas, onde existia muito muçambê, planta medicinal. O doente logo ficou curado e, por ser devoto de Nossa Senhora da Boa Saúde, deu de presente à comunidade uma imagem da santa”. A partir deste fato, os Cachoeira construíram uma capela e adotaram Nossa Senhora da Boa Saúde como padroeira, e a localidade passou a se chamar Boa Saúde.
Por ocasião da pesquisa realizada junto aos moradores mais antigos da cidade, surgiu uma outra versão sobre a origem do nome Boa Saúde, que muito se aproxima da que nos referimos anteriormente. Morava no Lerdo, na localidade que veio a se chamar de Boa Saúde, o senhor Antônio Badamero Sacca, que costumava oferecer “arrancho” aos viajantes. Certa vez chegou uma pessoa que, tendo adoecido, permaneceu hospedada até ficar curada, quando teria exclamado ser um lugar abençoado, um lugar de muita saúde e que deveria se chamar Boa Saúde. Luiz Cachoeira, ao saber do ocorrido e temendo que os moradores do povoado de Gatos (atual Guarani) construíssem a primeira capela das redondezas, tomou a iniciativa de construir uma, dedicada a Nossa Senhora da Saúde.
A imagem de Nossa Senhora da Saúde, Luiz Cachoeira teria mandado buscar na Europa, o que, pelas características da santa, é mais provável, contrariando a versão de que a mesma teria vindo do Juazeiro, trazida por um grupo de romeiros. Por outro lado, algumas evidências contribuem para a aceitação da hipótese de que sua origem é européia: a existência do povoado com a denominação de Boa Saúde, em 1878, conforme documentos do Cartório de São José de Mipibu, e a ocorrência do milagre da beata Maria de Araújo, onze anos depois, em l889, quando a partir daí foi que se iniciou a devoção ao Padre Cicero e começaram as romarias ao Juazeiro.
Segundo o Professor da UFRN, Senhor Antônio Marques de Carvalho Júnior, estudioso e expert em arte sacra e antiguidades, a imagem de Nossa Senhora da Saúde, “Do ponto de vista do estilo pode-se dizer que se trata de uma escultura de influência barroca, mas já tendendo para o néo-clássico, caracterizado pelo panejamento sóbrio, com pouco movimento. O pedestal ou base é extremamente simples, sendo pois mais um forte indicador de uma escultura saída de uma manufatura européia do século XIX, entre 1800 e 1860”. Sobre a sua origem, ele tem a seguinte opinião: “A hipótese de sua origem ser a cidade de Juazeiro do Norte não tem a menor possibilidade, pois trata-se de uma escultura de fatura erudita e não de cunho popular”. E finalizando a sua análise, ele diz “Para concluir, ressalte-se a postura hierática da imagem, com seu semblante gracioso, e no todo de linhas e proporções perfeitamente harmônicas.

BOA SAÚDE - Primeiras Construções

A Capela de Nossa Senhora da Saúde
Capela de Nossa Senhora da Saúde - Construção Antiga

Não se sabe, com exatidão a época da construção da primeira capela dedicada a Nossa Senhora da Saúde. O mais provável é que tenha ocorrido antes de 1878, quando documentos já mencionados evidenciam a existência do povoado com o nome de Boa Saúde, que teria começado a crescer a partir da referida construção e da devoção a Nossa Senhora da Saúde, após a propagação da cura a ela atribuída.
Edificada por iniciativa de Luiz Francisco da Costa, conhecido como Luiz Cachoeira, contando com o apoio das famílias residentes na localidade e com a colaboração dos demais Cachoeira, a referida capela teve como pedreiro o senhor Antônio Badamero Sacca. Segundo os moradores mais antigos, a madeira utilizada na sua cobertura foi retirada das proximidades da construção, que era do tipo duas águas, com uma única porta larga na frente. A imagem de Nossa Senhora da Saúde, Luiz Cachoeira teria mandado buscar em Roma, enquanto o sino, teria sido uma doação de Pedro Francisco da Costa, denominado de Pedro Cachoeira, sendo desconhecida a sua origem, sabendo-se, entretanto, que foi trazido de Macaíba, em lombo de burro.
A primeira capela, muitos anos depois, foi reformada e ampliada, como mostra a sua foto. Tinha uma fachada em estilo colonial e o seu interior era constituído pela nave-central separada da capela-mor por uma grande arcada. Nas laterais existiam corredores separados da parte central por arcadas menores. Possuía um único altar, formado por vários degraus e três nichos com as imagens de Nossa Senhora da Saúde, ao centro, ladeada por São Sebastião e Nossa Senhora da Apresentação.


Cruzeiro e parte da fachada original da casa comercial de Heronides Câmara e Mercado Antigo em dia de feira

Quanto à assistência dada à capela de Boa Saúde por parte dos vigários da Paróquia de São José de Mibibu, no seu livro de tombo mais antigo, existente no arquivo da Cúria Arquidiocesana de Natal, encontramos algumas informações
Datado de 29/06/1931, quando era pároco o Pe. Antônio Brilhante d’Alencar, encontramos o seguinte relato: “De 24 de junho a 28 do m m visitei as capelas de Monte Alegre, onde fiz uma novena em honra de S. João Batista e missa e reunião do Apostolado, Vera Cruz, Salgada e Boa Saude celebrei o santo sacrifício da missa e fiz desobriga paroquial e preguei em todas as trez capelas e distribui a sagrada comunhão a 215 pessoas sendo o maior nº em Boa Saúde e Monte Alegre.”
Quando o Pe. Antônio Brilhante faz referências ao trabalho da paróquia durante o ano de 1932, mais uma vez a capela de Boa Saúde é citada. “... visita paroquial com desobriga nas capelas de Monte Alegre, Boa Saude, Salgada, Vera Cruz, Laranjeira dos Cosmes e Japecanga todas com excelente resultado espiritual a excepção da última. S. José 31 de Dezembro de 1932. Pe. Brilhante”.
Datada de 30/04/1933, encontramos uma referência a Festa de 02 de Fevereiro: “Nos meses de Janeiro, Fevo, Março e Abril foram celebradas as 1as 6as feiras com regular solenidade e visita as capelas de Monte Alegre, Vera Cruz, Salgada e Boa Saúde e nesta ultima um triduo solene – festa da padroeira”.
Outra anotação do ano de 1933 é sobre o patrimônio da capela de Nossa Senhora da Saúde: “Há em Boa Saúde pequeno patrimonio de Nossa Senhora da Boa Saúde, constituido em gados, constante de trez vacas, um boiato de quatro heras, um novilhote, uma novilha e dois bezerros a s-s, em poder do Sr. José Cachoeira, morador no sitio Limeira deste município de São José de Mipibu, conforme carta do Sr. José Heronides da Câmara e Silva, com data de vinte e um de outubro de mil novecentos e trinta e um.”
Em 1934, no período de 15 de fevereiro a 03 de março, Frei José Maria Casanova, missionário da Ordem Carmelita, realizou Missões na Paróquia de São José de Mipibu. Além da sede da paróquia, foram visitadas as capelas, inclusive a de Boa Saúde, onde, conforme o relato do Pe. Paulo Herôncio, vigário na época, foram realizadas 432 comunhões, 15 batizados, 19 casamentos, 07 pregações, 01 procissão e 01 romaria ao cemitério.
Outra informação encontrada, de forma muito resumida sobre a festa de 02 de fevereiro de 1935, e que faz referência a uma reforma realizada na capela, na íntegra, é a seguinte: “Fez-se em Boa Saúde a festa da Padroeira, inaugurando-se os trabalhos de remodelação da capela”.
Outra reforma aconteceu na referida capela, quando era vigário de São José de Mipibu o Pe. Antônio Barros. A capela-mor passou por uma total transformação. O altar antigo foi substituído por um outro de arquitetura mais moderna, os corredores e arcadas laterais foram demolidos e foi construída uma sacristia.
Na primeira metade da década de l960, a igreja antiga foi quase toda demolida, restando apenas o alicerce e algumas paredes da capela-mor. No local surgiu a igreja atual, projetada e construída por Pe. Antônio Vilela Dantas, primeiro vigário da paróquia de Serra Caiada, criada em l956, à qual a capela de Boa Saúde passou a pertencer. Toda comunidade católica se empenhou e contribuiu para a construção da nova capela, tendo como fonte de renda as festas da padroeira. O principal encarregado da construção foi o senhor Sebastião Cleodom de Medeiros, comerciante e uma das lideranças da comunidade na época. A torre da referida capela teve sua construção mais recente, quando a Paróquia de Serra Caiada tinha como Vigário o Pe. José Amorim de Souza
Capela de Nossa Senhora da Saúde construída em 1960
Nas décadas de 1930 e 1940, a principal zeladora da capela de Nossa Senhora da Saúde era a Senhora Ana Ferreira Ribeiro, esposa do Senhor José Calazans e mais conhecida como Donana. Depois, a referida capela ficou sob os cuidados e a dedicação da Senhorita Helena Costa, durante muitos anos, período em que o seu irmão Augusto José da Costa, mais conhecido como Gustavo, era quem tocava o sino.

O Primeiro Cemitério
A época da construção do primeiro cemitério de Boa Saúde é desconhecida. Sabe-se que tinha como local a margem esquerda do rio Trairi, próximo ao final da Rua de Baixo, atual Heronides Câmara.
Em 1924, segundo os moradores mais antigos da cidade, ocorreu um inverno muito rigoroso e uma das enchentes alargou o leito do rio, devastou plantações e destruiu o cemitério. Depois dessa lamentável tragédia, temendo que uma outra viesse a acontecer, foi construído um novo cemitério, localizado no alto de uma colina, a uma distância de dois quilômetros da cidade. Somente depois do conhecimento dessa ocorrência é que podemos compreender a razão de uma construção tão distante.
Em l999, o cemitério de Boa Saúde foi reformado pelo poder municipal, sendo ampliada a sua área, construída uma capela, vias de acesso e sanitários.

A Construção da Primeira Escola
As primeiras professoras nomeadas de Boa Saúde de que se tem notícias, datam de 11/07/1886. Através da Lei nº 98l, da Prefeitura Municipal de São José de Mipibu, o povoado foi contemplado com duas professoras, sendo “uma para o sexo feminino e outra mista” (Barbalho, 1961, p. 141). Naquela época, era comum as escolas funcionarem nas próprias residências dos fazendeiros ou lideranças políticas.

Prédio antigo do Grupo Escolar Dr. Mário Câmara
A construção da primeira escola, da qual se tem conhecimento, somente veio a acontecer na primeira metade da década de 1930, tendo sido construída no local onde era a residência do senhor Badamero e, atualmente, existe a agência dos Correios. Sua inauguração ocorreu no dia 02 de fevereiro de 1935,conforme noticiou o jornal “A República”, datado do dia 10, do mesmo mês e ano, tendo como titulo “Inauguração do prédio da Escola Isolada de Boa Saúde”, cujo conteúdo passamos a transcrever na íntegra:
“ No dia 02 do corrente mês, comemorando a festa de sua padroeira – Nossa Senhora da Boa Saúde – na pitoresca povoação desse nome, no município de São José de Mipibu, teve lugar, às 11 horas, a inauguração do seu prédio escolar, alli mandado construir pelo Governo do Estado.
O acto de inauguração revestiu-se de aspecto festivo, a elle comparecendo, além do Dr. Amphiloquio Câmara, Diretor Geral do departamento de Educação, que alli também fora como representante do Exmo. Sr. Interventor Federal. Dr. Mário Câmara, o prefeito do município, Sr. Juvenal Carvalho, o vigário de São José. padre Paulo Heroncio de Melo, a inspetora de ensino professora Lindalva Alves Taveira, professora Antonia Guerra Jales, o Sr. José Humberto de Souto, Sr. Anibal Barbalho, o Sr. Heronides da Câmara Silva, que por parte do Departamento de Educação foi o encarregado da construção, e uma avultada assistência constituída de familiares e cavalheiros, dentre os quais recordamos dos Srs. Teodosio Ribeiro de Paiva, Francisco Gurgel, João Dantas, Joaquim Pinheiro Netto, João Batista Marques, Lauro Macedo, Francisco Leite, José de Souza, Pacífico Bernardo Bezerra, Manoel Cypriano Filho, João Alves Peixoto, Geraldo Cabral, João Teixeira de Vasconselos, Faustino Ferreira de França, Severino Guerra, Francisco Antônio de Jesus, Oscar de Freitas Marques, Belísio Cypriano do Nascimento, Antônio Francisco da Silva, Joaquim José Cabral, Júlio Gomes, Pedro Marcelino Filho e Francisco Resende.
A solenidade começou pela benção dada ao prédio pelo Padre Paulo Heroncio, a qual seguiu-se o hasteamento da bandeira nacional, queimando-se nesta ocasião uma salva de 21 tiros.
Repleta a sala da sessão, falou o Diretor do Departamento de educação, dr. Amphilóquio Câmara, que depois de ter apresentado ao público as escusas de comparecimento do Sr. Interventor Federal, discorreu sobre o desenvolvimento que a instrução pública está tendo no Estado, do litoral ao sertão, sob a orientação patriótica de sua excellência, e perorou congratulando-se com os habitantes de Boa Saúde pelo excelente prédio que recebia da administração estadual para a educação de seus filhos, o qual, em parte se devia a operosidade do sr. José Heronides Câmara que desinteressadamente aceitara do Departamento de Educação a incubência de dirigir a construção.
Em nome da população local, agradeceu o Sr. Heronides Câmara a dadiva da Interventoria Federal, espaltando, em palavras judiciosas, a obra elevadíssima de renovação moral, política e econômica que o dr. Mário Câmara está praticando no Estado.
- Durante toda a festividade tocou a harmoniosa banda de música de São José de Mipibu.
- Ao sr. Interventor Federal, que não poude, entretanto, comparecer em pessoa, por múltiplos affazeres nesta capital, estava preparada imponente recepção popular, como demonstração maior do reconhecimento do povo de Boa Saúde pelo benefício com que vinha de ser dotado.
- O sr. Heronides Câmara e distinta família foram enexcedíveis em cumular de gentilesas quando alli estiveram, oferecendo-lhe lauto almoço”.
Numa homenagem ao Interventor Mário Leopoldo Pereira da Câmara, que governou o Rio Grande do Norte no período de 02/08/1933 a 27/10/1935, a Escola Isolada de Boa Saúde passou a se chamar de Grupo Escolar Dr. Mário Câmara. Durante várias décadas o referido prédio, além de cumprir a sua função específica, serviu para a realização de reuniões e festas da comunidade, inclusive dos bailes das festas da padroeira. Foi demolido e no local construído o prédio onde, atualmente, funciona a agência dos Correios. O atual Grupo Escolar Dr. Mário Câmara fica localizado na Avenida Manoel Joaquim de Souza. Sua construção ocorreu quando era Governador do Estado o Monsenhor Walfredo Dantas Gurgel e a sua inauguração foi no ano de 1968.
Segundo pesquisa realizada junto aos moradores mais antigos, em 1933 o povoado de Boa Saúde tinha como Professora Maria Emília Pessoa. Depois da construção da escola, em 1935, a primeira professora foi Iolanda Medeiros, seguida de Maria da Conceição Costa e de Adelaide Maciel, todas formadas pela Escola Normal de Natal.
Outras professoras que lecionaram no Grupo Escolar Dr. Mário Câmara e cujos nomes foram lembrados são as seguintes: Nair, Aliete de Medeiros Paiva, Maria Celsa de Medeiros Paiva, Maria Almeida Galvão, Luíza Almeida Galvão, Maria Medeiros, Anita Barbalho, Albertina Barbalho, Carmelita Elias de Souza, Casciana Duarte, Terezinha Pinheiro de Lima, Aline Silva, Maria do Céu de Souza, Josefa Leó dos Santos, Nidarte Medeiros, Célia Barbosa e Francisca Ferreira Freire. Exerceram a função de diretora do referido estabelecimento de ensino, as seguintes professoras: Maria Helena de Azevedo e Silva e Maria Almeida Galvão.

A Feira e a Construção do Primeiro Mercado
No início do povoado, as famílias ali residentes e na vizinhança se reuniam, sempre aos domingos, debaixo de uma quixabeira, com o objetivo de venderem, comprarem e, até mesmo, trocarem mercadorias e produtos agrícolas. Assim nascia a feira de Boa Saúde, que anos depois passou a ser realizada debaixo de uma espécie de galpão coberto com palha.


Mercado Antigo
Na primeira metade da década de 1930, foi construído o primeiro mercado. Sobre a sua inauguração, o jornal "A República", datado de 08 de outubro de 1935, traz reportagem na primeira página, com o título "Inauguração do prédio do Mercado Público de Boa Saúde", cujo conteúdo passamos a transcrever:
"A fim de inaugurar o prédio do mercado público de Boa Saúde, excursionou o Sr. Interventor Mário Câmara até aquela povoação, Domingo passado (06/10) em companhia do deputado Café Filho, drs. Lélio Câmara e José Marinho, sr. Laurindo Leão e Dr. Israel Nazareno.
Verificou-se a partida pela manhã, chegando a Boa Saúde às 10 horas.
Ao aproximar-se o carro do chefe do Governo, foram queimadas girândolas de foguetes, sendo S.Exa. muito aclamado.
Hospedou-se a comitiva na casa do Sr. Heronides Câmara, prestigiosa influência política e acreditado comerciante e proprietário local. Ali se encontravam entre outros, os Srs. Anisio Vidal, secretário da prefeitura de São José, representando o prefeito Juvenal de Carvalho, Manoel Joaquim de Souza, Severino Dias, João Batista Nunes, Faustino Ferreira, Francisco Antônio, Juvenal Câmara, Severino Leite, Adauto Câmara, Lauro Bigois, Mário Paiva e João Batista Marques, elementos de representação social em Boa Saúde e São José. Senhoras Alice e Georgina Câmara, Senhorinhas Marcília e Nininha Petrovich, Lenira e Olga Bigois, Doninha de Carvalho, Lúcia Moreira Dias, Nair Câmara, Maria de Lourdes Reis , Rachel Matoso e outras.
Após um lauto almoço, fidalgamente servido por senhores e senhoras da localidade e desta capital, dirigiram-se todos para o novo prédio que se ia inaugurar. O sr. Heronides Câmara saudou, então, o sr. Interventor federal, dizendo da satisfação de que se achavam possuídos os habitantes daquele lugar, por mais esse melhoramento experimentado graças a S.Exa., que já dotara a povoação de um prédio para a Escola Isolada e outro para a Sub-delegacia de Polícia. Terminou afirmando que todos ali estavam reconhecidos a S.Exa.e firmes para prestigiar o seu governo.
Respondeu o dr. Mário Câmara, dizendo que o povo trabalhador, honrado e ordeiro de Boa Saúde bem merecia os benefícios que lhes tem prestado. Sentia-se bem em ver que ali se vinha realizando um dos pontos essenciais de sua administração, porque não apenas as sedes dos municípios precisam ser cuidadas, senão também as povoações. Se todos pagam impostos, todos têm direito de pedir, de exigir mesmo que lhes amenize as condições de vida, e esse apelo deve ser correspondido. Louvada a atuação do sr. Heronides Câmara, que muito tem feito por Boa Saúde. Que o povo continuasse a trabalhar pelo progresso da futurosa localidade. Terminando, foi S. Exa. Muito aplaudido pela multidão que enchia o prédio.
Em seguida, fez o dr. Mário Câmara e comitiva uma visita aos demais prédios mandados construir pela Interventoria atual, recebendo o chefe do Estado constantes demonstrações de apreço e simpatia de pessoas do povo.
Após alguma demora, fizemos à tarde, de volta os excursionistas, sendo, por ocasião da partida, entusiasticamente vivados pela massa popular o sr. Interventor Mário Câmara e o Deputado Café Filho."
O ato inaugural do mercado público de Boa Saúde, além do Interventor Mário Leopoldo Pereira da Câmara, contou com a presença de várias lideranças políticas, dentre elas o Deputado João Café Filho, único norte-rio-grandense a ocupar a Presidência da República, em 1954, após a morte do Presidente Getúlio Vargas.
O primeiro mercado de Boa Saúde localizava-se na esquina da Rua Tenente Adauto Rodrigues da Cunha com a Rua de Baixo (atual Heronides Câmara). Foi demolido e hoje, no local, existe um parque infantil. Em 1979, foi construído um novo mercado situado, entre a Rua Dr. Mário Câmara e a Avenida Manoel Joaquim de Souza. Numa homenagem ao Senhor Otto Hackradt, um dos mais antigos comerciantes e proprietário de uma unidade de beneficiamento de algodão em Boa Saúde na década de 1930, foi denominado de Mercado Municipal Otto Hackradt.
A feira de Boa Saúde era realizada nas imediações do mercado antigo. Os produtos agrícolas e de origem animal comercializados provinham dos sítios e fazendas da redondeza, enquanto os produtos industrializados vinham das cidades de São José de Campestre e Santo Antônio. Vendia-se de tudo (do mangaio ao tecido) e era bastante concorrida. Passou por um período de decadência a partir de l964, quando o inverno deixou as estradas em péssimas condições de tráfego e os principais feirantes se ausentaram. Outros fatores que contribuíram para a redução da feira foram: o deslocamento da população do município para as feiras de outras localidades, o aumento do número de mercearias nos sítios e a redução da produção dos pequenos agricultores.
Com a construção do novo mercado, a feira de Boa Saúde foi transferida para as proximidades do mesmo, na Rua Dr. Mário Câmara. Sua revitalização ocorreu a partir de 1993, com o incentivo da administração municipal, através do transporte gratuito dos feirantes e suas mercadorias. Quanto à origem dos produtos comercializados, a quase totalidade vem de fora do município.


Residência e estabelecimento comercial que pertenceram ao Senhor Heronides Câmara
A principal liderança que estava à frente das mudanças e da prosperidade que Boa Saúde alcançava, na primeira metade da década de 1930, era o Senhor José Heronides da Câmara e Silva, comerciante e proprietário rural.
Era membro de uma das famílias mais influentes do Estado, naquela época, a qual pertencia o Interventor Mário Leopoldo Pereira da Câmara. Nascido em 21/04/1888, era filho de Joaquim Maximiliano da Câmara e Silva e Joaquina da Câmara e Silva, que residiram em Boa Saúde, onde faleceu a Senhora Joaquina em 1933, cujo túmulo se encontra no cemitério local.
O Senhor Heronides Câmara, como era mais conhecido, residia em Boa Saúde em 1935, quando ocorreu, no Estado, a Intentona Comunista. Naquele ano, existia, no Brasil, um clima de conspiração por parte dos não aliados ao Presidente Getúlio Vargas e uma grande insatisfação nos quartéis, além da articulação do Partido Comunista para a ocorrência de levantes militares em nível nacional.
No Rio Grande do Norte, a situação da política local teve muito a ver com a ocorrência da Intentona Comunista, movimento que eclodiu com a rebelião do 21º. Batalhão de Caçadores de Natal.
Em relação à situação local, sucedendo o Interventor Mário Leopoldo Pereira da Câmara, assumiu o Interventor Rafael Fernandes, fazendo um governo essencialmente partidário e que, logo no início, extinguiu a guarda civil, entidade que havia sido criada por João Café Filho, na administração anterior. Cerca de 300 homens foram demitidos e alguns tomaram parte no levante comunista que, no período de 23 a 27 de novembro de l935, além de Natal, atingiu, também, diversos pontos do interior do Estado. Os principais participantes eram pessoas revoltadas, cabos, sargentos, funcionários públicos, operários, cuja maioria, na opinião de alguns autores, nada sabiam sobre comunismo. "Nem mesmo os dirigentes do movimento, os poucos declaradamente comunistas, tinham uma formação marxista. Eram revoltados simplesmente. O elemento de mais popularidade, o sargento Quintino, da banda de música do Regimento, não era letrado. Acreditava apenas que o comunismo solucionaria os problemas brasileiros. O grosso dos adesistas julgava tratar-se de um movimento para repor o interventor Mário Câmara" ( Silva, 1935, p. 280).
Seguiu-se a Intentona Comunista, uma violenta repressão e muitas injustiças, com o indiciamento e prisão de muitas pessoas inocentes, algumas ficando quase dois anos presas sem serem ouvidas em inquérito. Segundo João Maria Furtado: "a derrota foi reprimida a ferro e a fogo. Foi cometida aqui toda sorte de injustiças, atrocidades e até fuzilamento" (Furtaddo, 1976, p. 146).
O Senhor José Heronides da Câmara e Silva foi preso juntamente com o seu irmão Senhor Adauto Câmara, pelo que se sabe, não por terem aderido ao movimento, mas por perseguição política. O motivo alegado para as suas prisões foi o fato de terem oferecido acolhida para um grupo de pessoas que, tendo participado do movimento, e derrotadas em um combate ocorrido na localidade de Panelas (atualmente Bom Jesus), passaram por Boa Saúde e pediram ajuda.
O Senhor Heronides Câmara sofreu prisão domiciliar em Natal, enquanto Adauto Câmara foi preso na Ilha das Cobras, no Rio de Janeiro. Depois deste acontecimento, Heronides Câmara passou a residir em Natal, onde faleceu em 29 de setembro de 1939.
Outra pessoa de grande prestígio em Boa Saúde, na década de 1930, era o Senhor Manoel Joaquim de Souza, conhecido como Neco de Sinhá. Nascido na localidade de Serrinha dos Brandão, no Município de Currais Novos, ainda jovem veio para o Município de Santo Antônio onde casou-se com Antônia Augusta de Souza e fixou residência na Fazenda Bom Pasto, sendo proprietário, também, em Boa Saúde, onde possuía imóveis e se fazia presente com frequência.
Manoel Joaquim de Souza (Neco de Sinhá)
A descendência do Senhor Manoel Joaquim de Souza (Neco de Sinhá), conhecida como a Família Souza, exerceu, e ainda hoje exerce, uma grande influência na vida político-administrativa dos municípios de Boa Saúde e de Serrinha.

Casa que pertenceu a Neco de Sinhá e foi residência de Nezinho de Souza
Em Boa Saúde, os seus filhos: Antônio Augusto de Souza liderou o movimento que resultou na criação do município e exerceu o cargo de vereador; Manoel Teixeira de Souza (Nezinho) foi verea- dor em São José do Mipibu e prefeito em Boa Saúde durante dois mandatos. Os seus netos: Paulo de Souza foi vereador, exerce o cargo de prefeito, sendo reeleito em 01/10/2000 para um quarto mandato; José Aldí de Souza, Manoel Joaquim de Souza Neto e Emanoel de Souza exerceram o cargo de vereador, e Aurí Lúcio de Souza exerce a função pela segunda vez. Já os seus bisnetos: Francisco Artur de Souza, atual Presidente da Câmara Municipal, exerce o cargo de vereador pela segunda vez e foi eleito vice-prefeito; Josué de Souza foi eleito vereador, também nas últimas eleições.
No Município de Serrinha: José Teixeira de Souza, filho de Neco de Sinhá, exerceu o cargo de prefeito por duas vezes. Seus netos: José Teixeira de Souza Júnior, é o atual prefeito e foi reeleito para o próximo mandato; Gilson de Souza foi vice-prefeito e Manoel de Souza foi vereador durante três legislaturas. Enquanto seus bisnetos: Genilson de Souza foi vereador, prefeito e, nas eleições de 01/10/2000, foi eleito vice-prefeito; Reginaldo José Bezerra de Souza foi reeleito vereador pela terceira vez.

Atividades Econômicas

As atividades econômicas, no início do povoamento de Boa Saúde, eram relacionadas com a sobrevivência, através do extrativismo rural e do cultivo da terra. Os primeiros habitantes caçavam, pescavam e extraíam madeira para o consumo, além de praticarem a agricultura de subsistência e a criação de animais.

O Extrativismo Rural

Durante muito tempo a caça contribuiu para a alimentação das famílias, de maneira bastante significativa. Atualmente, essa atividade quase não existe mais em Boa Saúde e na maioria dos municípios do Estado, devido aos desmatamentos e à não preservação da fauna. Muitos animais foram extintos e outros estão em fase de extinção.
Os instrumentos de caça mais utilizados eram: a espingarda de soca, que utilizava chumbo, pólvora, bucha e espoleta, depois substituída pela de cartucho, para caças maiores, e armadilhas como o “fojo” e o “quixó”, para animais pequenos como o preá. Usava-se, ainda, a “arapuca”, sendo mais apropriada para pegar pássaros. Era comum o uso do “bodoque” e da “baladeira”, além da prática de “faxiar”, principalmente, rolinhas. As caças mais encontradas e preferidas eram: tatu, peba, preá, tejuaçú, camaleão e pássaros, principalmente nambu, rolinha e jacu.
No passado existia, com frequência, nos sítios, a criação de abelhas em cortiços, um tipo de colméia feita com duas telhas e argila, toras de madeira ôca ou caixote, que ficava pendurada nos galhos das árvores, principalmente dos cajueiros. Criava-se abelha jandaíra, cujo mel tem propriedades medicinais. Um dos principais criadores de abelhas era o Senhor Faustino Alexandre. Era comum as pessoas extraírem, nas matas, mel de mosquito e mel de uruçu, um tipo de abelha silvestre.
A pesca era outra atividade que muito contribuía para o sustento das famílias, no interior. Pescava-se nos rios e lagoas uma variedade de peixes de água doce, além de pitu e camarão. Atualmente, essa atividade quase não existe mais, com exceção dos municípios onde existem grandes açudes ou barragens. Os peixes encontrados com maior freqüência eram: traíra, curimatã, cará, jundiá e piaba. Os instrumentos de pesca mais utilizados eram: anzol, tarrafa e landuá. Na pesca da piaba era comum o uso de uma garrafa, com o fundo furado, na qual utilizava-se farinha de mandioca como isca.
A natureza, além da caça e da pesca, possibilitava outra atividade muito significativa para a sobrevivência das famílias, no passado: a extração da madeira para construção de casas, abrigos e cercados para os animais, além da fabricação de móveis e da utilização como lenha e carvão.

A Agricultura

Como em todo o Agreste Potiguar, em Boa Saúde, ainda hoje, a agricultura de subsistência é praticada nas médias e pequenas propriedades, quase sempre em solos inadequados. A organização e distribuição dos trabalhos é feita pelos pequenos produtores e seus familiares. Segundo os Censos Agropecuários realizados pelo IBGE, em 1970, no município de Boa Saúde, 88,56% das pessoas ocupadas na agricultura, eram membros não remunerados das famílias dos pequenos produtores; em 1980, esse percentual representava 82,07% e, em 1985, 88,62%. Os pequenos produtores, geralmente, não recebem incentivos do governo e muitos se obrigam a trabalhar em estabelecimentos maiores para garantir a sobrevivência da família.
Na agricultura de subsistência, os agricultores procuram retirar da terra tudo o que é possível para atender às necessidades da família. Em Boa Saúde, como na maioria dos municípios da região, as principais culturas de subsistência são: o milho e o feijão, que quase não geram excedentes para a comercialização, e a mandioca, produzida, também, com fins comerciais, principalmente sob a forma de farinha e goma.
A mandioca era cultivada pelos índios em quase todas as regiões do Brasil e o seu uso foi assimilado pelos colonizadores.
A farinha de mandioca no século XVII, depois do trigo, era o alimento mais importante do Nordeste, chegando a ser obrigatório o cultivo da mandioca, pelos senhores de engenho, por ocasião da dominação holandesa e, depois, por D.Pedro II. Além da farinha, como no passado, ainda hoje são consumidos: o beiju, a tapioca, o carimã, dentre outros alimentos à base de mandioca.
A fabricação da farinha de mandioca, ao longo do tempo, sofreu poucas alterações. Depois de arrancada e transportada para a casa de farinha, a mandioca é descascada, geralmente pelas mulheres auxiliadas pelas crianças. Em seguida, é colocada na cevadeira para ser triturada ou moída e, depois, prensada para tirar a mandicueira, um líquido tóxico. Na fase seguinte, a massa é retirada da prensa e peneirada para poder ser secada ao forno, ficando pronta a farinha.
A casa de farinha possui três peças fundamentais: a cevadeira, a prensa e o forno, atualmente movidas a eletricidade, mas que no passado eram movimentadas manualmente.
A produção de farinha chama-se farinhada. A utilização da casa de farinha pelo próprio dono durava até seis meses e, somente depois, é que era cedida aos outros produtores. O arrendamento da casa de farinha, ainda hoje, é feito pelo sistema de conga, que consiste no pagamento com um percentual da farinha produzida. A medida usada era a cuia de cinco litros. Atualmente, se usa mais o quilo.
O armazenamento da farinha era feito em saca, confeccionada com palha de carnaúba, em caixão de madeira e, quando se tratava de grande quantidade, em paiol. Transformava-se um cômodo da casa em paiol, geralmente um quarto, revestindo o piso e as paredes com esteiras de palha de carnaúba, fazendo-se o isolamento térmico e colocando-se a farinha, armazenada a granel.
Desde o passado, a casa de farinha tem sido uma presença marcante em Boa Saúde. Contam os moradores mais antigos que no povoado existiram três casas de farinha e que o funcionamento das mesmas durava até seis meses sem parar. Atualmente, existem várias casas de farinha no município, mas a produção de farinha diminuiu. Em 1970, segundo dados do IBGE, foram produzidas 664 toneladas de farinha, enquanto que, em 1985, a produção foi de 324 toneladas, o que representa uma queda de 51,20% do produto beneficiado. Vem aumentando a área plantada e a produção de mandioca no município, mas os produtores preferem vender o produto “in-natura”.
Além do milho, do feijão e da mandioca, o município de Boa Saúde produz, ainda, o algodão herbáceo e a castanha de caju.
A cultura do algodão no Rio Grande do Norte se desenvolveu inicialmente no agreste e no oeste, atingindo depois outras regiões do Estado, que, a partir de 1860, passou a exportar o algodão beneficiado através de usinas que surgiram nas principais áreas de cultivo.
Denominado de “ouro branco”, o algodão foi um dos principais responsáveis pelo crescimento da economia do Estado, da segunda metade do século XIX até o início do século XX.
Não se sabe ao certo quando foi iniciada a cultura do algodão em Boa Saúde. Contam os moradores mais antigos que na década de 1930 existiram, no povoado, duas descaroçadeiras de algodão. Uma localizada do outro lado do rio Trairi, que teria pertencido ao Senhor João Cipriano e outra na atual Praça Nossa Senhora da Saúde, que pertenceu ao Senhor João Teixeira e cujo administrador era o Senhor Otto Hackradt.
Para os médios e pequenos agricultores, o roçado de algodão era como se fosse, uma espécie de avalista; possibilitava-lhes comprar “fiado”, bem como contrair outros compromissos financeiros, inclusive empréstimos a particulares, para serem pagos por ocasião da safra.
Segundo dados do IBGE, a produção de algodão do município de Boa Saúde, em 1975, foi de 275 toneladas; em 1980, foi de 315 toneladas e, em l996 foi de, apenas, 02 toneladas. Essa queda tão drástica da produção teve como principal causa a praga do bicudo, que dizimou, quase totalmente, a cultura do algodão no Estado, perdendo os agricultores e o setor agrícola uma de suas principais fontes de renda.
A castanha de caju, a partir de l970, vem se tornando uma das principais fontes de renda do setor agrícola do município de Boa Saúde. De uma produção de 41 toneladas, naquele ano, passou para 85 toneladas em 1975, 180 toneladas em 1980 e, 193 toneladas em 1996. A produção de castanha de caju vem aumentando e compensando, de certa forma, a queda que a economia do município sofreu com a redução da cultura do algodão.

Condições do Produtor Rural

Em 1970, de um total de 471 produtores rurais existentes no município de Boa Saúde, 60,72% eram proprietários das terras, enquanto o restante estava produzindo na condição de arrendatário, parceiro e ocupante. Dez anos depois, a quantidade de produtores rurais aumentou para 802, sendo que, em termos percentuais, os proprietários representavam 63,72 % desse total. Em 1995, o total de produtores rurais passou para 1.139, com um percentual de 60% destes sendo proprietários das terras. Verifica-se que ocorreu um aumento significativo dos produtores, na condição de proprietários das terras, passando de 286 em 1970 para 683 em l995, representando um acréscimo de 58,13%, no período de vinte e cinco anos.
Quanto ao tamanho dos estabelecimentos agrícolas no município, predomina a pequena propriedade, com menos de 20 hectares, que em 1970 representava 78.77% do total das propriedades com, apenas, 16,31% da área total dos estabelecimentos. Em 1980, as propriedades com menos de 20 hectares correspondiam a 87,50% do total dos estabelecimentos, com 24,30% da área total. Em 1985, os estabelecimentos rurais com menos de 20 hectares representavam 88,62, com 17,25% da área total, verificando-se a predominância da pequena propriedade, de forma mais acentuada, onde as práticas agrícolas utilizadas são, ainda, muito tradicionais.
Nos dias atuais, como no passado, na agricultura de subsistência predomina o uso de instrumentos de trabalho manuais. Em 1980, 97% dos agricultores que responderam ao censo agrícola, no município de Boa Saúde, utilizavam força animal e, 39,06% força mecânica. No ano de 1985, a utilização da força manual representou 98,41% e, a força mecânica 57,56%, verificando-se um aumento do uso de máquinas na agricultura.
Nos desmatamentos das áreas a serem cultivadas, usava-se a foice e o machado para cortar as árvores, e a chibanca e a picareta para arrancar as raízes. Era comum a prática de queimar a vegetação depois de cortada e destocada (arrancada a raiz), sendo que se faziam queimadas sem arrancar os troncos das arvores, o que dificultava os tratos da lavoura. Usava-se o arado ou campinadeira, puxados por boi ou cavalo, para preparar a terra antes do plantio, e, depois, para limpar o mato, entre uma fileira e outra da plantação. A enxada era utilizada, como ainda hoje, para fazer as covas para o plantio e para as limpas. Era usada, também, para fazer leirões, uma espécie de lombadas de terra, destinados, principalmente, ao plantio de batata doce.
O trator vem sendo utilizado para preparar a terra destinada ao plantio. São poucos os proprietários que possuem este tipo de máquina agrícola no município, mas uma parte dos pequenos produtores têm acesso à mesma, contratando horas de trabalho ou através da cessão pelo poder municipal.
Quanto ao uso de fertilizantes, em 1970, do total de agricultores que responderam ao censo agrícola, 97,10% faziam adubação orgânica e, apenas 2,9% adubação química. Em relação ao ano de 1980, verifica-se que houve uma grande mudança neste sentido: do total de agricultores que utilizavam fertilizantes, 69,66% usavam adubo orgânico e 47,94%, adubo químico. Em 1985, 100% dos produtores rurais que responderam ao censo agrícola utilizavam adubação orgânica e 56,25 %, adubação química.



A Pecuária

A criação de gado, como nos referimos antes, começou no agreste para depois se expandir, atingindo regiões mais distantes, contribuindo para o povoamento do sertão e o crescimento da economia do Estado.
No começo do povoamento de Boa Saúde e redondezas, algumas fazendas de gado se estabeleceram, cedendo espaço, também, à agricultura. Adquirida a terra, inicialmente, através do sistema de data, depois de acostumar o gado ao novo pasto, cabia ao vaqueiro amansar e ferrar os bezerros, curar bicheiras, extinguir cobras e morcegos, cavar cacimbas e bebedouros na falta de poços no rio.
No passado, como ainda acontece nos dias de hoje, os pequenos produtores rurais são, ao mesmo tempo, criadores e agricultores. Criam animais e praticam a agricultura de subsistência e, assim, uma atividade complementa a outra. A agricultura fornece produtos, restos da plantação e subprodutos como a palha e o sabugo do milho, a casca do feijão e da mandioca, etc., que servem como alimento para a criação, por ocasião da estiagem e, por outro lado, a pecuária fornece os animais de tração para o cultivo da terra e para o transporte de pessoas e de mercadorias.
Quanto à pecuária do município, os dados existentes sobre os rebanhos são os seguintes:

Ano         Bovino       Suíno        Eqüino        Asinino        Muar        Ovino        Caprino
1970        3.624          410            356              281             139             645              330
1980        6.052          737            328              345               90             558              279
1997        6.446          720            267             154              64 1           200              366

Fontes: IBGE - Censos Agropecuários, 1970/80
IDEMA - Anuário Estatístico do Rio Grande do Norte, 1998


O Comércio

Boa Saúde na década de 1920 contava com umas poucas casas de comércio, incluindo uma padaria pertencente ao Senhor José Rodrigues de Carvalho, que depois passou a residir em Santa Cruz
No início da década de 1930, existia uma concorrida feira e, a partir daí, o desenvolvimento da cultura do algodão e a sua comercialização assumiu tamanha importância que o povoado chegou a ter duas descaroçadeiras (unidades de beneficiamento do produto) e vários estabelecimentos comerciais. Os moradores mais antigos de Boa Saúde lembram que os principais comerciantes daquela época eram: José Fernandes, Faustino Ferreira, Antônio Constantino, Alfredo Jorge, João Jorge, José Heronides da Câmara, José Calazans Ribeiro, Otto Hackradt.
Na década de 1940, Boa Saúde contava com os seguintes comerciantes: Luiz Filgueira, Severino Dias de Paiva (Bidu), Lídio José da Costa (Lídio Jorge), João Vicente, Manoel Teixeira de Souza (Nezinho), Sebastião Cleodon de Medeiros e Joaquim Cleodon de Medeiros.
O comércio de gasolina teve início em 1945, por iniciativa do comerciante Sebastião Cleodon, que mantinha, sempre, uma reserva de duas ou três latas de 20 litros do produto, para atender eventualidades de falta de combustível nos poucos veículos que transitavam por Boa Saúde. Com o aumento da procura, o estoque passou para dois ou três tambores de 200 litros e a venda de gasolina neste sistema durou 36 anos. Em 1981, foi implantado o primeiro posto de gasolina em Boa Saúde, pelo Senhor MárioCordeiro de Oliveira, até hoje existente e de sua propriedade.
Nas décadas de 1950 e de 1960, Boa Saúde contava com uma farmácia, pertencente ao Senhor Otacílio Barbosa da Silva, três lojas de tecidos, de propriedade dos senhores: Severino Dias de Paiva (Bidu), Luiz Filgueira e Lídio José da Costa (Lídio Jorge) e outros estabelecimentos comerciais, pertencentes aos senhores: Sebastião Cleodon de Medeiros, Joaquim Cleodon de Medeiros, Severino Boia, José Vicente, Antônio Matias da Silva, Vidal Matias da Silva, Antônio Patrício, Antônio Félix Neto (Domício), Francisco Dias Vieira (Chico de Penina), Manoel Honorato, Fausto José da Costa, Agenor Ferreira Xavier.
Dos estabelecimentos comerciais mais antigos, permanecem apenas três: o que pertenceu ao Senhor Sebastião Cleodon de Medeiros, que continua com a Senhora Josefa Nunes de Medeiros; o que pertenceu ao Senhor Francisco Dias Vieira, que continua com a Senhora Penina Dias Vieira e o que pertenceu ao Senhor Lídio José da Costa, que continua com Alfredo José da Costa.
De acordo com os dados do IBGE sobre o comércio varejista em Boa Saúde, no ano de 1970 existiam 24 casas de comércio. Dez anos depois, passou a existir 84 e, a partir daí, tem aumentado significativamente o número de estabelecimentos comerciais no município”.

Meios de Transporte

O Cavalo e o Carro-de-Boi

No passado, os meios de locomoção e o transporte de cargas dependiam, exclusivamente, dos animais. O cavalo era preferido para o transporte das pessoas. O burro mulo, também era usado com esta finalidade, mas adaptava-se melhor para o transporte de mercadorias, principalmente nas grandes distâncias quando era usada a tropa formada por vários burros de carga e um de sela, no qual viajava o tropeiro.
O jumento era mais usado no Nordeste para abastecer a casa de água e lenha, bem como para fazer o transporte de produtos agrícolas do roçado para casa. Servia, ainda, para o carregamento de material de construção, inclusive na escavação de açudes e “barreiros”.
O carro-de-boi, desde os tempos coloniais, era usado nos engenhos e fazendas do Nordeste. Fabricado artesanalmente, com madeira de lei, era puxado por quatro bois mansos e servia para o transporte de cargas de maior peso e volume. A denominação boi manso, significa que o animal passou por uma fase de adestramento e que está apto para ser utilizado como animal de tração.
Com o passar do tempo, o carro-de-boi foi substituído pela carroça-de-boi, que conservava as mesmas características, mas era puxada por um único boi e tinha menor capacidade de carga e que, depois, foi substituída pela carroça de pneus, atualmente bastante utilizada sendo puxada por burro.
O carro-de-boi tornou-se peça de museu ou de decoração quando não foi deixado ao relento e encontra-se aos destroços como, infelizmente, acontece em algumas fazendas do município de Boa Saúde.

O Misto

A partir da década de 1940 o transporte rodoviário começou a se desenvolver no país. Antes, o meio de transporte utilizado para percorrer as grandes distâncias era o trem. A principal ferrovia do Rio Grande do Norte, que ligava Natal ao Recife, passava na sede do Município de São José de Mipibu, distante 60 quilômetros do Distrito de Boa Saúde.
O transporte rodoviário passou a ser mais usado no Estado, a partir da Segunda Guerra Mundial. Os primeiros transportes coletivos colocados em circulação, entre a capital e os povoados e cidades do interior, foram as “sopas”, uma espécie de ônibus aberto nas laterais, e os “mistos”, cujo espaço era dividido: bancos (boléia) para passageiros e carroceria para carga.
O primeiro “misto” que viajava de Boa Saúde para Natal, na década de 1950, pertenceu ao Senhor Manoel Costa, residente em Natal, sendo dirigido por ele mesmo. O percurso era vencido em quatro, cinco horas, em estrada de barro, cujo trecho pavimentado a paralelepípedo, era de Macaíba a Natal. Existia asfalto entre Parnamirim e Natal, mas o “misto” fazia a “linha” por Macaíba. Durante a viagem, dependendo do surgimento de passageiros e de cargas, faziam-se quantas paradas fossem necessárias, sendo que as principais eram: Lagoa do Murici, Córrego de São Mateus, Pitombeira, Vera Cruz, com tempo para café ou lanche, dependendo da hora e, ainda, Cana Brava e Macaíba. O ponto final, em Natal, era na Avenida Um (atual Presidente Quaresma).
Eram realizadas três viagens por semana, sendo que o maior número de passageiros e a maior quantidade de carga era às sextas-feiras, por conta da feira do Alecrim, para onde os produtores ou atravessadores levavam cereais, goma e farinha de mandioca e animais do tipo: carneiro, porco, peru, galinha, guiné, além de outras mercadorias. Por outro lado, naquela época, o comércio local se abastecia de produtos industrializados adquiridos em Natal.
Houve um período, em que Boa Saúde contou com três “mistos” viajando para Natal, para poder atender ao movimento de passageiros e ao aumento da produção rural que era comercializada em Natal. Um pertencente ao Senhor Luiz Francisco de Oliveira, que residia no Córrego de São Mateus, e outro pertencente ao Senhor Lídio José da Costa, que residia em Boa Saúde.
O desaparecimento do “misto” se deve ao uso do jeep pelos comerciantes, que além de mercadorias transportavam, também, passageiros com maior frequência e maior rapidez e ao aparecimento de caminhões que passaram a transportar mercadorias, inclusive para outros destinos, como: Nova Cruz, Santo Antônio, nos dias de feira. Outro fator foi a redução de certos produtos de origem agrícola e pastoril no município. Por outro lado, o comércio local passou a se abastecer diretamente através de atacadistas que fazem a entrega da mercadoria no próprio estabelecimento.

O Ônibus

Em 1969, um ônibus da Empresa Rio-grandense passou a fazer a “linha” Natal/Santo Antônio, via Januário Cicco, diariamente, servindo, também, ao povoado de Córrego de São Mateus. Atualmente, são dois ônibus diários, em horários diferentes.
Outra opção para quem quer viajar de Boa Saúde a Natal, e vice-versa, é o transporte alternativo, num vai-e-vem diário.

As Estradas

Até 30/06/1982, quando o Governo do Estado, na administração do Dr. Lavoisier Maia Sobrinho, inaugurou a rodovia asfaltada RN 120, com 65 quilômetros de extensão, ligando a BR 226, na altura de Serra Caiada, à cidade de Santo Antônio, incluindo a construção da ponte sobre o Rio Trairi, passando por Boa Saúde, todas as estradas do município eram de terra.
Depois, em 30/06/1983, o Governo do Estado, na gestão do Senhor José Agripino Maia, inaugurou a RN 002, com uma extensão de 17 quilômetros, ligando Boa Saúde a Lagoa Salgada, passando pelo Distrito de Córrego de São Mateus, interligando o município aos demais da região, através de estradas asfaltadas, com exceção de São José de Campestre.
A interligação da sede do município aos sítios e povoados não servidos pelas referidas rodovias asfaltadas, é feita através de estradas de terra, pertencentes ao município, a maioria oferendo boas condições de trânsito, fora do período chuvoso, quando algumas ficam intransitáveis".



Saúde e Medicina Popular 
 
As Parteiras Curiosas

No passado, as parteiras curiosas assumiram um papel muito importante na vida das comunidades do interior, principalmente no Nordeste do Brasil.
As parteiras curiosas, também chamadas de comadres, assistiam às mulheres grávidas por ocasião dos partos, que eram realizados em casa, acompanhados de muito mistério e medo. As proteções de Nossa Senhora do Bom Parto e de Nossa Senhora da Saúde eram invocadas, acompanhadas de orações, simpatias e procedimentos próprios e característicos da ocasião e da época. Acreditava-se que esfregar alho ou cuspe de fumo no abdome, soprar numa garrafa, sentar num pilão ou numa cuia de cinco litros, facilitavam a saída do feto. Quando não ocorria a expulsão da placenta , dizia-se que a paciente não tinha se “desocupado” e, a infecção decorrente desse fato quase sempre causava a morte. Daí a expressão “morreu de parto”. Era comum, após o parto, a mulher ficar de “resguardo” durante 40 dias. Neste período, só podia tomar banho depois de l5 dias e qualquer susto, raiva, queda, ou fato semelhante, era causa para “quebrar o resguardo”. Para evitar hemorragia, no umbigo do recém-nascido colocava-se um pouco de teia de aranha e para ajudar a sarar usava-se azeite de carrapateira.
Festejava-se os nascimentos das crianças com foguetões e às visitas era oferecida uma mistura de cachaça com mel de abelha, chamada de “mijo do menino” ou da menina, conforme o caso, e ainda, de “cachimbo”, denominação que certamente tem a haver com o cachimbo das curiosas, pois, geralmente, tinham o hábito de fumar.
As curiosas passavam a ser consideradas comadres das parturientes e os recém-nascidos, quando crescidos, as chamavam de mãe fulana ou cicrana, conforme os seus nomes. Em Boa Saúde, há uns quarenta anos atrás, a maioria dos partos eram assistidos por parteiras curiosas, algumas delas ainda hoje lembradas, como: Maria Cabocla, conhecida como Mãe Maria; Francisca Justino ou Mãe Chiquinha, que trabalhava como louceira e Joaquina Preta, chamada de Mãe Joaquina, que também era rezadeira.

As Rezadeiras e Suas Curas

As rezadeiras, em algumas regiões do país, também são conhecidas como curandeiras ou benzedeiras. No passado, entre os séculos XVI e XVII, consideradas como feiticeiras, eram perseguidas, punidas e até condenadas pelos Tribunais da Inquisição da Igreja Católica.
As curas ou rezas são práticas pouco utilizadas nos dias atuais e que aos poucos vão desaparecendo. As rezadeiras curavam de mau-olhado, estado doentio causado pelo poder dos olhos em fazer o mal e cujas vítimas mais freqüentes eram as crianças. Curavam, também de espinhela caída, dor de dente, dor de cabeça, dor de ouvido, nervo triado (torção) e mordida de cobra. Algumas rezas destinavam-se a curar bicheiras de animais, acabar com lagartas nos roçados, além de outros fins.
As principais rezadeiras de Boa Saúde, no passado, foram: Josefa Cipriano ou Zefa Miau, apelido do qual não gostava e Joaquina Preta, seguidas de Maria Benedita Soares, conhecida como Tutu, que ainda hoje atende às pessoas que procuram as suas rezas.
Geralmente, as parteiras curiosas também assumiam a função de rezadeiras. Usava-se nas benzeduras ramos de pinhão roxo, manjericão, vassourinha e arruda, fazendo movimentos, em forma de cruz, sobre a parte do corpo doente. Quanto mais murchos ficavam os ramos, maior era o olhado, nos casos desse mal.

As Plantas Medicinais

No passado, as plantas medicinais eram muito mais usadas como remédios, sob a forma de infusão, chás, sumos, lambedores ou xaropes, banhos, óleos e emplastros. De acordo com o tipo de planta e dependendo da doença, usavam-se flores, folhas, sementes, cascas e raízes. Algumas plantas eram usadas como abortivo.
Principais plantas medicinais que eram, e ainda hoje são, usadas na região e em Boa Saúde:
- Abacate, indicado para doenças dos rins.
- Arruda usada, principalmente nos casos de dores de ouvido, de dente e doenças da pele, como sarna. Acreditava-se no seu poder de “espantar o mau olhado”.
- Batata-de-purga, indicada como depurativa do sangue.
- Cabacinha, usada para combater a sinusite e, também, como abortivo.
- Cidreira, indicada para as doenças do estômago e como calmante.
- Erva-doce, usada como tranquilizante e para os casos de desinteria.
- Eucalípto, usado no combate à febre e bronquites.
- Fedegoso, indicado para gripes.
- Jurubeba, combate os males do fígado, sendo usada, também, como depurativo.
- Mastruço, antiinflamatório e muito recomendado como expectorante.
- Quebra-pedras, diurético indicado nos casos de cálculos renais.
- Velame, usado para curar gripes, cólicas e diarréias.

Os Remédios Populares

Além do uso das plantas medicinais e das benzedeiras, no passado, existiam muitos procedimentos baseados na sabedoria popular, voltados para a cura de certas doenças, como: beber banha de tijuaçu ou de cágado para inflamação da garganta; lavar os olhos com urina nos casos de doença de olhos ou conjuntivite; colocar algodão queimado para estancar sangria pelo nariz, dentre outros.
Estes costumes, crendices e tradições, ao longo do tempo, foram transmitidos de geração para geração e, ainda hoje, fazem parte da nossa cultura. “Muitos dos predicados de nossa medicina popular foram legados pelos indígenas que antecederam os civilizados na posse da terra. No litoral do Rio Grande do Norte, os janduis. No interior, raça dos cariris,...conhecedores da flora medicinal, sabiam o segredo das plantas, raízes e folhas sob a forma de chás, infusões, defumadores e cocções, aplicados num ritual que favorecia a cura” ( Araújo, 1999, p. 13).
Ainda, em relação à prática da medicina popular, no passado, Boa Saúde contou com a dedicação e o trabalho voluntário do Senhor Cirilo Carolino de Alencar, que sarjava tumores, furúnculos e panarício. Com êxito, ele atendia às pessoas além dos limites do povoado. Seu Cirilo era tropeiro, comercializava aguardente trazida no lombo de burro-mulo, do engenho do Coronel José Lúcio Ribeiro, no município de Goianinha, e abastecia Boa Saúde e a vizinhança.

O Uso da Homeopatia

Até o início da década de 1950, Boa Saúde não contava com nenhuma farmácia, como também com nenhum profissional de saúde residindo na área.
Nos casos das doenças mais comuns, as pessoas recorriam aos medicamentos homeopáticos sob a orientação do Senhor Lídio José da Costa, mais conhecido por Lídio Jorge. Conhecedor e acreditando no poder do uso dos remédios homeopáticos, ele, de posse de um manual de orientação, e através da leitura das bulas, receitava as pessoas, dependendo das doenças.
Seu Lídio Jorge era evangélico, exercendo a função de Pastor da Assembléia de Deus. Através da homeopatia, prestava um serviço à comunidade, pois não tinha a venda dos remédios homeopáticos como comércio, no sentido exato da palavra. Seu estabelecimento comercial era uma loja de tecidos, e durante algum tempo foi proprietário de um “misto” que transportava passageiros e cargas para Natal.

Primeiro Farmacêutico, Primeira Farmácia
Otacílio Barbosa da Silva
A partir de 1953, Boa Saúde passou a contar com a sua primeira farmácia, de propriedade do Senhor Otacílio Barbosa da Silva, prático em farmácia que, antes, tinha trabalhado como auxiliar do Dr. Orlando Barbalho Azevedo, médico obstetra, no vizinho município de Santo Antônio.Antes da chegada do Senhor Otacílio a Boa Saúde, os partos eram assistidos por parteiras curiosas. A partir de
então , com a sua experiência e dedicação, ele passou a realizar os partos, fazendo inclusive forceps, quando o caso exigia. Teve que lutar contra muitos tabus e preconceitos. Pelo fato de ser homem, muitas vezes era chamado quando há três , quatro dias, as parturientes estavam aos cuidados das curiosas e o parto não acontecia ou, ainda, quando não expeliam a placenta.
Para atender aos chamados nos sítios, quando não dispunha de transporte, percorria léguas a cavalo, de dia ou de noite, para atender uma parturiente.
Além de parteiro o Senhor Otacílio fazia pequenas cirurgias, engessava fraturas e realizava serviços ambulatoriais: aplicação de injeções e curativos. Fazia, também, as vezes de um veterináio, realizando partos de animais (vacas, éguas, porcas), quando, por algum tipo de complicação, precisavam de assistência. Determinadas doenças dos animais, como a “lingua de pau”, eram curadas com as suas fórmulas.
O Senhor Otacílio, como prático de farmácia, prestou um grande serviço à população de Boa Saúde, numa época em que não existia médico nos municípios do interior. Nada recebia pelo seu trabalho, quando o paciente não podia pagar, e, nestes casos, o atendimento, os remédios e os materiais dos curativos eram custeados pela prefeitura, em determinadas administrações.
Nascido no município de Goianinha, em 14 de junho de 1914, o Senhor Otacílio Barbosa da Silva faleceu no dia 07 de abril de 1995,em Natal.

Os Primeiros Atendimentos Médicos

Os primeiros atendimentos médico-odontológicos realizados em Boa Saúde iniciaram em 10/03/1971, através de um convênio firmado entre a Prefeitura e a UFRN/CRUTAC. A sede do Município recebia, uma vez por semana, a visita de um médico e um dentista para atendimento à população. Os casos de internamentos eram encaminhados, de acordo com a gravidade, para o Hospital Regional do CRUTAC, em Santo Antônio, ou para o Hospital Onofre Lopes em Natal.
Encerrado o convênio com a UFRN/CRUTAC, a prefeitura firmou convênio com o FUNRURAL, na administração da Prefeita Aliete de Medeiros Paiva (31/01/1973 a 31/01/1977), para atendimento médico-odontológico na sede do município.
No dia 03/01/1977 foi fundada a Associação de Proteção à Maternidade e a Infância de Januário Cicco, uma entidade civil, de direito privado, sem fins lucrativos e que rege-se pelos seus estatutos.
A Associação de Proteção à Maternidade e a Infância de Januário Cicco é a entidade mantenedora da Maternidade Eufrázia de Medeiros, através de convênios com a Secretaria de Saúde do Município, Secretaria de Saúde do Estado do Rio Grande do Norte e com o Sistema Único Descentralizado de Saúde – SUDS.
A primeira médica residente em Boa Saúde foi a Dra. Maria Janili Alves da Costa, no período de 1983 a 1987, sendo substituída pelo Dr. Augusto Rivero, que permaneceu como médico da Maternidade Eufrásia de Medeiros, do ano de 1988 ao de 1990.
Com a saída do Dr. Augusto Rivero, a partir de 1991, a Maternidade Eufrásia Medeiros ficou sob a responsabilidade do Dr. Welington Alves da Rocha, que permaneceu em Boa Saúde até 1995.
A partir de 1992, a referida maternidade passou a contar, também, com o atendimento médico da Dra. Osmarina Batista de Almeida, que continua até hoje.O atendimento ambulatorial nos últimos três anos, segundo os dados fornecidos, apresentou os seguintes números:
Ano                    Total de atendimentos
1997                               13.886
1998                                 4.190
1999                                 6.271
Os números relativos aos internamentos nas clínicas: médica, obstétrica e pediátrica, referentes ao mesmo período, são:
Ano                   Total de internamentos
1997                                  738
1998                                  624
1999                                  549
A Dra. Zélia Maria Barbalho foi a primeira dentista a residir em Boa Saúde, iniciando em 1981 e permanecendo até os dias atuais, com o atendimento odontológico, compreendendo: aplicação de fluor, restaurações e extrações dentárias, numa média de 2.800 pacientes, nos últimos anos.

Costumes e Tradições

"São muitos os costumes, valores e tradições, que, ao longo do tempo, vão se perpetuando, desaparecendo, ou até mesmo sendo substituídos por outros. Mudanças ocorreram e continuam a acontecer nos diversos setores da sociedade, em ritmo cada vez mais rápido. E, com isto, muda a moral e certos padrões de comportamento são abandonados, superados ou substituídos. Vivemos, hoje, numa sociedade de consumo, onde prevalece a vontade de ter sempre mais, de consumir sempre mais, de poder sempre mais. E só uma pequena quantidade de pessoas consegue isto. A maioria do povo não.
Como parte deste contexto, vejamos como eram no passado alguns aspectos da vida das pessoas e da comunidade de Boa Saúde. Muita coisa era diferente dos dias de hoje. Ocorreram grandes transformações.

A Instrução ou Educação Escolar

Em Boa Saúde, como geralmente nas demais comunidades do interior, a escola do passado era muito diferente da atual, a começar pela matrícula. As crianças somente eram aceitas na escola aos sete anos de idade. Eram divididas em classes por sexo: menino não se misturava com menina. O estudo de português era iniciado através da Carta de ABC e o método era o “beabá”. As principais tarefas escolares, em relação ao aprendizado da língua, eram: caligrafia, que consistia em repetir uma frase várias vezes, caprichando na letra; cópia de determinado texto do livro de leitura; ditado de texto ou de palavras e leitura em voz alta, observando a pontuação.
O estudo de matemática começava com a tabuada. O aluno tinha que decorar as operações de somar (adição), subtrair (subtração), multiplicar (multiplicação) e dividir (divisão) e responder, quando “arguído” pelo professor, de maneira quase cantada. Geralmente uma vez por semana, era realizado um tipo de exercício de matemática, denominado de “argumento”, no qual eram feitas perguntas pelo professor aos alunos sobre a tabuada. Quem não acertava a resposta era castigado com a palmatória (objeto de madeira, de forma circular e com um cabo, que servia para bater repetidas vezes nas mãos).
No início e no final das aulas, todos os alunos cantavam o hino nacional ou, dependendo da data , o hino à bandeira ou, ainda, à independência. Em algumas datas festivas eram realizados passeios escolares aos sítios e fazendas. A Fazenda D. Pedro II, conhecida, também, como Boa Esperança, de propriedade do Sr. Abel Viana, naquela época, era um dos locais preferidos para os tais passeios.
O respeito e a obediência aos mestres eram observados com um certo rigor. Os alunos eram punidos quando não cumpriam as tarefas ou desrespeitavam os professores. Dependendo da gravidade do fato, o castigo seria ficar de pé diante dos colegas, durante muito tempo, ou ficar de joelhos, muitas vezes em cima de caroços de milho.
As condições da escola eram diferentes, também, em relação aos seguintes aspectos: não existiam carteiras individuais; não havia distribuição de livro gratuito; nem o fornecimento de merenda escolar.

Festas Religiosas e Festejos Populares

São muitas as festas religiosas e vários os festejos populares, que, no passado como hoje, fazem parte da nossa cultura. São inúmeras as crenças, as lendas, as superstições, os provérbios, as adivinhações, as cantigas de roda, as danças, que fazem parte da sabedoria popular e do nosso folclore.
Folclore é uma palavra de origem inglesa, cujo significado é: saber do povo. O dia 22 de agosto é comemorado como o Dia Mundial do Folclore.
Com o desaparecimento do modo de vida tradicional no meio rural e no meio urbano, muitas manifestações folclóricas, também, vão desaparecendo, ou cedendo lugar a um folclore artificial, voltado para o turismo, na forma de danças e representações dramáticas executadas por grupos profissionais.

A Quaresma e a Semana Santa

Na quaresma (período compreendido entre a quarta feira de cinzas e o domingo de ramos), em Boa Saúde, duas vezes por semana era rezada a Via-Sacra, ato religioso que representa o sacrifício de Jesus, desde o calvário até a morte e ressurreição.
A Semana Santa era comemorada com muito respeito e algumas superstições.
Começando com o “domingo de ramos”, como ainda hoje, as pessoas levavam ramos para serem benzidos na missa e depois guardados durante todo o ano para servirem como proteção, principalmente, nos casos de tempestades. Na “quarta feira de trevas”, não se devia varrer a casa, não se devia comer doce, não se devia tomar banho, nem pentear os cabelos, pelo temor de receber o castigo de ficar entrevado.
Na quinta e sexta-feira santa, faziam-se, com mais fervor, penitências e jejum. O peixe, nesses dias, era o alimento obrigatório, diferente dos dias de hoje, que continua sendo prescrito pela igreja, apenas, para a sexta-feira. Era um costume do passado, a troca de alimentos entre as famílias mais abastadas e a doação de esmolas, por parte destas, às mais pobres.
No sábado de aleluia, depois da meia noite, era uma tradição o roubo de galinhas, que eram torradas e comidas na madrugada, no ritual do “rompimento da aleluia”, com a malhação de Judas, um boneco do tamanho de uma pessoa, feito com roupas usadas, e enchimento de palha ou rama de melão de “São Caetano” e a cabeça improvisada com um cabaço. O judas era carregado pelas ruas, apedrejado e queimado, vingando-se assim do discípulo traidor de Cristo.

Os Festejos Juninos

As festas juninas, em Boa Saúde, como em todo o interior do Nordeste, reúnem uma série de costumes populares. No passado, como ainda hoje, embora com menos intensidade, as fogueiras eram acesas em frente às residências, às vésperas do dia dedicado a cada santo: 12 de junho, Santo Antônio; 23 de junho, São João e 28 de junho, São Pedro.
Na véspera de Santo Antônio, considerado o santo casamenteiro, as moças faziam preces e simpatias, com o objetivo de saber o nome e as características do futuro noivo ou marido. Era comum as crianças ou jovens tomarem as pessoas mais idosas como padrinhos de fogueira, num ritual em que se dizia três vezes: “São João disse e São Pedro confirmou, que o senhor fosse meu padrinho (o futuro padrinho respondia), e você meu afilhado, que Jesus Cristo mandou” .
Eram assadas espigas de milho na fogueira e servidas comidas típicas: milho verde cozido em espiga, pamonha, canjica, bolo de milho, bolo preto, ou “pé-de-moleque”, além de outras gulozeimas.
As novenas eram rezadas ou cantadas, geralmente ao pé do oratório, e, no terreiro, soltavam-se foguetões e outros tipos de fogos: bomba, traque, estrelinha, chuveiro, “mijão”. A meninada gostava de colocar uma bomba debaixo de uma lata e ficava esperando o estouro e a lata “voar” em bandas.
Completando os festejos, não faltavam as músicas e os bailes juninos. A palavra forró, no passado, não era muito aceita, sendo considerada como não familiar. As quadrilhas eram bem marcadas, com os participantes caracterizados de matutos e a cerimônia do casamento tendo como personagens principais: os noivos, pais e padrinhos, o padre e o delegado, visto que a noiva casava, sempre, grávida.

As Novenas

Além das festas juninas, era tradicional festejar com novenas, leilões e bailes, as datas dedicadas aos santos de maior devoção, como: São Sebastião, protetor contra a peste, a fome e a guerra, no dia 20 de janeiro; São José, protetor dos agricultores, no dia l9 de março; Nossa Senhora da Conceição, no dia 8 de dezembro e Santa Luzia, protetora dos olhos, no dia 13 de dezembro.
Durante o mês de maio, dedicado a Virgem Maria, cada noite era patrocinada por uma família ou grupo de pessoas da comunidade: comerciantes, estudantes, agricultores, etc. A igreja era enfeitada com muitas flores, crianças eram vestidas como anjos e as novenas assumiam um caráter solene e festivo, com ladainhas e cânticos a Nossa Senhora. Era comum soltar muitos fogos, principalmente no último dia de maio, quando eram realizadas a coroação de Nossa Senhora e a queima das flores que foram usadas durante o mês.
Não somente nas cidades, mas nos principais sítios, comemorava-se o mês de maio. Era costume, em algumas localidades, não iniciar as novenas no dia primeiro do mês, começando dias depois, para não haver coincidência no encerramento, nas comunidades mais próximas. Nestes casos, prolongavam-se o encerramento das novenas pelos primeiros dias de junho, com a realização de leilões e bailes em várias localidades.

As Noites de Natal e de Ano Novo



O Natal era festejado, no passado, tendo a missa da meia noite, ou “missa do galo”, como o principal acontecimento. Não se falava em Papai Noel. Era uma figura quase desconhecida no interior, naquela época. Era pouco comum a troca de cartões e de presentes.
Na esperada Noite de Natal, enquanto se aguardava a celebração da missa, ficava-se conversando nas calçadas ou “passeava-se” na rua, num vai e vem, quase interminável, com uma parada nos “botequins”, que eram uma espécie de barracas de pequenas dimensões,
cobertas de palha. Ali saboreava-se as diversas comidas típicas da época: castanha de caju em forma de rosário, bolos diversos, arroz doce, sequilho e “raiva”, que eram produzidos por Maria Nicolau, Rita de Lino, Alice Bezerra, Bagre (de Guarani) e outras fazedeiras de vendagens. Para beber, além de café e guaraná, encontrava-se cachaça, ginebra “Gato Preto”, quinado e conhaque de “São João da Barra”.
As pessoas tinham, quase como uma obrigação, o costume de vestir roupa nova por ocasião da Festa do Natal . Como, naquela época, não existia roupa pronta (confecções), comprava-se o pano (tecido) e, quando não se costurava em casa, levava-se para as costureiras. Nas décadas de l950/60, as principais costureiras de Boa Saúde eram : Maria do Rosário Bezerra, que costurava todo tipo de roupa, mas era especialista em confecções masculinas; Maria Medeiros e Celsa de Medeiros Paiva, que preferiam costurar roupas femininas, e Penina Dias Vieira, que gostava e fazia, como ninguém, roupas para crianças e noivas.

Penina Dias Vieira
Além de costureira, Penina era também florista. Fazia “cachos” e “capelas “ para noivas, recebendo encomendas, inclusive, de municípios vizinhos.
O ano novo era pouco comemorado em Boa Saúde. Muitas pessoas iam passar a “Festa de Ano” em Nova Cruz ou Brejinho. Já por ocasião da “Festa de Reis”, preferiam se deslocar para São José de Campestre .

O Carnaval

Por ocasião do carnaval, em Boa Saúde, realizavam-se bailes, ao som da sanfona de Dioclécio, e a brincadeira do entrudo, na qual as pessoas molhavam umas as outras, dando verdadeiros banhos, e quanto mais de surpresa, mais engraçado. Grupos de “papangu” mascarados percorriam as ruas, ocasião em que os homens se vestiam de mulher. Como não existia batucada, nem charanga, as marchinhas eram acompanhadas batendo-se em latas. Maria Júlio era uma das pessoas que gostava de animar o carnaval. Num determinado ano organizou um bloco, o Riso da Noite, que chegou a ganhar um concurso.

Os Entretenimentos

Em se tratando de costumes e tradições, não podem ser esquecidas algumas modalidades de folguedos populares, como o boi-de-rei e o João Redondo.
Os moradores mais antigos lembram os bois-de-rei que geralmente se apresentavam em Boa Saúde e nas localidades vizinhas; eram originários da Lagoa do Espinho, do Córrego de São Mateus e do sítio Gatos, do qual o senhor João Porfírio dos Santos era um dos figurantes, denominado de Birico, o que lhe valeu o apelido até hoje.João Porfírio dos Santos – João Birico O grupo que brinca o boi-de-rei é composto, geralmente, por l7 homens, incluindo os tocadores. Os figurantes - mestre, galantes e damas - se vestem com trajes enfeitados com fitas de todas as cores e espelhos, nas cabeças colocam adornos em forma de coroa e nas mãos conduzem espadas. Os outros: Mateus e Birico (vaqueiros) e Catirina vestem roupas usadas, pintam os rostos com tisna e fazem a parte cômica do espetáculo.
João Porfirio dos Santos (João Birico)
Iniciando a brincadeira, os componentes do boi-de-rei, acompanhados pelos tocadores de rabeca, sanfona e pandeiro, entoam cânticos saudando os donos da casa e a assistência, seguidos de canções de louvor ao Menino Deus, aos santos e objetos sagrados, dançando, fazendo evoluções e sapateados.
O boi é a principal figura da brincadeira, da qual fazem parte: o jaraguá, uma espécie de pássaro do pescoço bem cumprido, o guriatã, o urso (leurso), a burrinha. Além dos aboios e das canções dedicadas ao boi, para cada uma das outras figuras existem canções apropriadas.
O teatro de bonecos é originário da Ásia, de onde foi trazido para a Europa e depois para o Brasil, recebendo as denominações de Mamulengo e João Redondo, no Nordeste do Brasil. A palavra “Mamulengo derivaria de mão molenga, a maneira do apresentador manipular os bonecos sobre a tolda, enquanto João Redondo, por extensão, seria alusão a uma coleção de bonecos que certo escravo fizera, para divertir os companheiros, no meio da qual se destacava um boneco gordinho e arredondado, imitando o dono da fazenda, boneco que passou a se chamar Capitão João Redondo e a dar nome a toda a brincadeira” ( Gurgel, 1999, p.137 – 138).
Brincadeira conhecida em todo o Nordeste brasileiro, o João Redondo, apresentava-se com bastante frequência em Boa Saúde e na vizinhança. Consiste em um drama, cujos personagens são representados por bonecos que se movimentam e falam através de uma única pessoa colocada por trás de uma tolda de tecido estampado. “O homem que manipula os bonecos do João Redondo recebe as mais diversas denominações: de mamulengueiro, em Pernambuco; titereiro em Pernambuco e Paraíba; calungueiro no Rio Grande do Norte” (Gurgel, 1999, p.139).
José Caboclo e João Gregório foram os principais apresentadores de João Redondo, em Boa Saúde, e Manoel Luiz, em Córrego de São Mateus.

A Literatura de Cordel e os Violeiros

Os folhetos de cordel, conhecidos também como versos de feira, eram, com muita frequência, encontrados nas feiras do interior, vendidos por pessoas que os divulgavam sob a forma de cantoria. Os temas mais usados e apreciados eram: estórias de animais; batalhas e pelejas; romances e contos de fadas e de realeza; acontecimentos e tragédias; fatos religiosos.
Os violeiros ou cantadores de viola apresentavam-se em duplas que cantavam os temas da literatura de cordel, geralmente atendendo aos pedidos da assistência.
Em Boa Saúde além dos versos de feira, os violeiros travavam verdadeiros duelos sob a forma de cantoria, tendo como local a sala ou o terreiro das casas das pessoas que os convidavam, com datas previamente marcadas e que se realizavam às noites. Além dos versos de cordel, cantavam de improviso diferentes gêneros: pelejas, louvação, repentes, galopes e motes, atendendo aos pedidos dos presentes que, em agradecimento, colocavam dinheiro em um prato que ficava no centro da sala. Os violeiros que se apresentavam em Boa Saúde na década de 1940, tinham como principal ponto de encontro a residência do Senhor Cirilo Carolino Alencar. Nomes como: Macário, de Currais Novos; Tomaz de Aquino, de Vera Cruz e Nestor Marinho, de Nova Cruz, ainda hoje são lembrados pelos moradores mais antigos.

As Brincadeiras

No passado, eram muitas as brincadeiras realizadas pelas crianças e pelos adolescentes e que, com o passar do tempo, vão caindo no esquecimento.
Brincava-se com frequência de corrida de saco, corrida de jumento, pau de sebo, gato no pote, jogo de peteca, jogo de castanha, esconde-esconde, peia quente, bandeirinha, tica, remandinha, bunda –canastra, pula corda e passagem de anel.
Gato no pote Além dessas brincadeiras, outros divertimentos preferidos eram as adivinhações e histórias da carochinha e de trancoso que, quase sempre, tinham como personagens reis, rainhas, príncipes e princesas, quando não versavam sobre temas de assombração.
Lembram os mais velhos que um dos principais contadores de estórias, em Boa Saúde, era o senhor Manoel Bernardino, que gostava de relatar, com detalhes, contos de castelos e reinados.

Visagens ou Assombrações

Nos tempos passados, facilmente, acreditava-se em visagens ou assombrações, que apareciam ou vagavam em determinados lugares, quase sempre à meia noite. Em Boa Saúde,não era diferente. Além das estórias de aparições de almas nas segundas-feiras, contavam-se outras de assombrações, tais como:
- Lobisomem – Contava-se que um homem se transformava em lobo, vagava nas noites de lua cheia e perseguia as pessoas que ousassem enfrentá-lo.
- Burra-do-padre ou mula sem cabeça – animal que, quando se deslocava de um lugar para outro, fazia barulho causado pelas correntes que a aprisionavam..
- Choro-do-pagão – Existia uma crença de que criança que morria sem ser batizada era enterrada numa encruzilhada. Ouvir o seu choro à noite era como receber um pedido para ser batizada.
- Caipora – Pensava-se ser uma entidade que vivia nas matas e nos campos, espantando os animais e dando nó na cauda dos cavalos. Fumava cachimbo, e por isto, os caçadores deveriam conduzir fumo de rolo para oferecer-lhe e não serem incomodados.
- Papafigo – Acreditava-se ser um velho que andava durante o dia percorrendo caminhos e estradas, à procura de crianças para tirar-lhes o fígado. Por isso era muito temido por elas.
- Bicho-papão: Expressões como: “o bicho-papão vem te pegar” ou “ lá vem o bicho-papão” eram dirigidas às crianças para evitar traquinagens e obter bom comportamento. Apesar de assustar tanto, não se tinha idéia de como seria a figura do bicho.


O Artesanato


















Maria Nair de Noura (Maria Afonso)
Atualmente, o artesanato é produzido mais como artigo de decoração e suvenir, enquanto no passado era voltado, quase com exclusividade, para atender às necessidades do consumo doméstico.
Em Boa Saúde, no início do povoamento, o Senhor Antônio Badamero produzia móveis rústicos, tais como: cama de couro e madeira, mesas, bancos e tamboretes. Mais recentemente, o Senhor Manoel Matias fabricava vários tipos de móveis e objetos de madeira. O atual andor da procissão de Nossa Senhora da Saúde é uma das peças de madeira produzidas por ele.
Do barro de louça ou argila faziam-se uma variedade de vasilhas de utilidade doméstica, principalmente na cozinha: panelas, caco de torrar café, cuscuseira, caco de fazer tapioca, alguidar, potes, tinas, jarras e muitos outros objetos.
À arte de trabalhar o barro de louça dedicavam-se, geralmente, as mulheres e sempre passava de mãe para filha. As principais louceiras de Boa Saúde foram Belina e Chiquinha Louceira.
A argila era, como ainda hoje, muito utilizada para fazer tijolos e telhas para a construção. As pessoas costumavam fazer “arrelia” (se reunir), para “bater” e queimar tijolos e, também, para os trabalhos de construção de suas casas, trocando dias de “serviço”.
Além das vasilhas de barro, outras eram feitas de cabaço: cuias de variados tamanhos, cumbuca e o próprio cabaço para conduzir água para o roçado.
Da palha da carnaúba eram produzidos chapéus, esteiras, sacas, vassouras, espanadores, abanos e outros artigos que eram vendidos nas feiras. Usavam-se as esteiras para forrar os paióis de farinha, para servir de cama ou mesa, quando colocadas no chão com estas finalidades.
A arte dos ferreiros era, também, de grande utilidade para as comunidades do interior. Em Boa Saúde, o senhor Severino Justino de Oliveira, que por conta do seu ofício era chamado de Severino Foguista, em sua oficina produzia: escarinhador e enxada de campinadeira, esporas, peças para arreio, estribo, marcas de ferrar gado, armadores de rede, alavancas e outros objetos. Além de produzir, ainda “apontava” ou afiava os instrumentos de trabalho, quando gastos, deixando-os prontos para serem usados novamente. Outro ferreiro que prestou muito serviço à comunidade foi Abílio Ferreira da Silva, que quase não trabalha mais por falta de encomenda. Os produtos industrializados substituíram o que era produzido artesanalmente pelos ferreiros.
Outro artesanato que está desaparecendo é a renda de almofada, um trabalho que passava de mãe para filha e que ainda existe em Boa Saúde, graças à persistência e dedicação de pessoas como a senhora Maria Nair de Moura. Mais conhecida como Maria Afonso, aos 89 anos, ela não deixa a sua almofada de bilros por nada.

A Culinária

Nos dias atuais, a caça e a pesca pouco contribuem para a alimentação da população. De um modo geral, grande parte dos alimentos mais consumidos em Boa Saúde ainda são originários da sua produção agrícola, da sua pecuária e da criação doméstica de aves. A base da alimentação da maioria da população é o feijão branco ou macaçá e a farinha de mandioca.
As formas de preparo dos alimentos não diferem muito das demais regiões do Estado. As carnes, geralmente, são preferidas torradas ou guisadas, sendo que a carne de sol é consumida assada na brasa, sob a forma de paçoca ou, ainda, cozida no feijão. Os principais pratos típicos preparados à base de carnes são: buchada de carneiro, picado (sarapatel), feito de vísceras de carneiro ou de porco, panelada, feita de mão-de-vaca ou outra carne bovina com osso. Os temperos usados são: pimenta do reino em pó, alho, cebola, colorau, vinagre, sal e cheiro verde (coentro e cebolinha).
Dependendo de determinadas datas e ocasiões, são preferidos alguns tipos de pratos:
- Na sexta-feira da paixão, o almoço é preparado à base de peixes, que são cozidos no leite de coco ou fritos, tendo como principais complementos pirão e arroz no coco.
- Pelo Natal, Ano Novo e por ocasião das festas de casamento, galinhas e perus são preparados sob as formas de assado e de guisado ou torrado. Os perus são “cevados” (alimentados) com antecedência, recebendo alimentação pelo bico, de maneira quase forçada até engordar.
- Após o parto, uma dieta muito usada era galinha “de chiqueiro” ou “capão” torrados, servidos com pirão.
- Durante os festejos juninos, faz parte das tradições o consumo de milho verde assado, cozido na palha ou ainda nas formas de bolos, pamonha e cangica, pratos que têm como um dos principais ingredientes o leite de coco. Fora da época junina, o milho é usado para fazer cuscuz, cangicão e mungunzá. Na região Agreste, a pamonha e o mungunzá são adoçados, enquanto em outras regiões, principalmente no Sertão, são salgados.
No passado, o beneficiamento do milho era feito em casa. Para fazer o cuscuz, o milho era colocado de molho na água e depois utilizava-se o moinho e a peneira para produzir a massa. Já o milho para o mungunzá era colocado no pilão, para “tirar o olho e a pele”. Para os grãos ficarem inteiros, colocava-se, juntamente com o milho no pilão, bucha de coco, na falta de palha de arroz.
O leite de gado, além do seu consumo depois de fervido, ou sob as formas de coalhada, mingaus para as crianças e papas para os mais idosos, é usado no preparo do arroz de leite, cuscuz, mungunzá e outros pratos, além da fabricação de queijos de manteiga e de coalho. Da nata do leite produz-se um tipo de manteiga, conhecida como de garrafa ou do sertão. O leite de cabra era muito usado para a fabricação de queijo de coalho. Acreditava-se que depois de iniciada a fabricação do queijo de manteiga, não podia chegar nenhuma pessoa estranha, pois a presença desta era o suficiente para colocar em risco a qualidade do produto. Faz parte da culinária da região uma variedade de alimentos provenientes do beneficiamento da mandioca. Além da farinha, que é consumida de várias maneiras, da goma produz-se: “grude”, beiju de forno, beiju seco, tapioca, “raiva” e sequilho. Da carimã ou mandioca mole, produz-se o bolo preto, ou “pé-de-moleque”, e outros tipos de bolos".


Festa da Padroeira

Boa Saúde vive sob a proteção de Nossa Senhora da Saúde, sua padroeira, cuja devoção, conforme já analisado, vem desde o inicio do povoado, que recebeu o nome de Boa Saúde em sua homenagem. A Festa de 02 de Fevereiro, como é conhecida, é um dos maiores acontecimentos sócio-religiosos da Região do Trairi. Dela participa gente da capital, dos municípios mais próximos e de lugares distantes, inclusive de outros Estados do Nordeste, principalmente filhos da terra ou pessoas que já residiram em Boa Saúde. É uma ocasião de reencontro de parentes e amigos.
Durante todo o ano, as pessoas visitam a capela de Nossa Senhora da Saúde e pagam promessas. Mas é durante os dias 01 e 02 de fevereiro que milhares de devotos acorrem à cidade para participar da festa da padroeira, agradecendo graças alcançadas e pagando promessas, como: acender velas, conduzir o andor, acompanhar a procissão descalço, carregando pedra na cabeça ou vestindo trajes religiosos.
No passado, no período da referida festa, as ruas eram enfeitadas com bandeirinhas coloridas de papel de seda. Além das celebrações religiosas, que constavam de novenas, missa e procissão, faziam-se barraca e leilão dos donativos recebidos, em benefício da igreja. Fazia parte da tradição, a queima de “fogos de vista” e “fogos do ar” (conhecidos atualmente como fogos de artifício e foguetões), que eram fabricados em São José de Mipibu, pelos fogueteiros Tota e Joca Davino, na década de 1940. Eles fabricavam, com segurança e perfeição, todos os fogos de estampido e de artifício que eram usados por ocasião das festas, em toda a Região Agreste.
Somente, há uns sessenta anos atrás foi que os bailes passaram a fazer parte da festa. O primeiro foi realizado por acaso. Segundo contam algumas pessoas daquela época, terminada uma das festas, os organizadores faziam um “apanhado” da mesma, quando passou pelo local um sanfoneiro e, então , aproveitaram para dançar. A partir desse fato, os bailes passaram a fazer parte da programação da festa.
Durante muito tempo, os bailes eram realizados, somente, depois da festa religiosa, que se encerrava com a procissão, no dia 02 de fevereiro. Tinham como local, inicialmente, o mercado, e depois, o prédio da escola, até a sua proibição nesse local pela Secretaria de Educação, na primeira metade da década de 1950, quando foi construída uma quadra descoberta para a sua realização. Construída a uns 12 metros de uma das laterais da capela, a referida quadra não contou com a aprovação do Padre Antônio Barros, vigário de São José de Mipibu, paróquia à qual pertencia a capela de Boa Saúde. Durante dois anos seguidos, o Padre Barros deixou de celebrar a missa da festa da padroeira, voltando a fazê-lo depois que a quadra foi demolida.
A construção de outra quadra, em local afastado da capela, deu origem ao “Clube 2 de Fevereiro”, contando com a participação de grande parte da comunidade, principalmente, da juventude, no final dos anos 50 e início dos anos 60, época em que a capela de Boa Saúde já pertencia à Paróquia de Serra Caiada, tendo como vigário o Padre Antônio Vilela Dantas.
Nos últimos trinta anos, vem ocorrendo certas mudanças na Festa de 02 de Fevereiro. Antes o programa era impresso e organizavam-se comissões que per-corriam os sítios e cidades vizinhas, divulgando o pro-grama da festa e arrecadando donativos. Havia uma participação ativa da comunidade, que se responsabilizava pela programação da festa, que, além das celebrações religiosas, constava de barraca, leilão, concurso de rainha e baile, com o objetivo de conseguir recursos para as obras da igreja, inclusive para a construção e conservação do clube. E, naquele tempo, contava-se com certas dificuldades, que não existem hoje: a bebida era comprada em Macaíba ou São José de Campestre; o gelo em barra vinha de Natal, acondicionado em saco de estopa com pó de serra; as mesas e os tamboretes eram emprestadas de outras cidades. Observa-se, entretanto, que em relação à “festa de rua”, poucas mudanças ocorreram: os parques de diversões, praticamente, são os mesmos; continuam os diversos tipos de sorteios e de jogos tradicionais, como do preá e do laço; permanecem as bancas de bebidas, com “tiragostos” variados e, as de café, com várias gulozeimas, além de muitas outras, com uma infinidade de artigos. Continua, também, a vinda de grupos de prostitutas das cidades vizinhas, que se juntam num determinado local do rio e armam barracas, onde não faltam música, bebida e sexo. Uma particularidade que permanece com a denominação de “festa do rio”.
É necessário que se promova o resgate de alguns aspectos da Festa da Padroeira, que, no passado, eram muito relevantes. É de suma importância que a participação dos diversos segmentos da sociedade seja retomada, realizando atividades como barraca, leilão e festa no clube, com a renda destinada à igreja. Não é admissível que as festas particulares sejam colocadas em primeiro plano, em detrimento da Festa de Nossa Senhora da Saúde, a festa da comunidade.
Foram muitas as pessoas que fizeram parte das comissões organizadoras da Festa de 02 de Fevereiro. Lembrar de todas, uma por uma, ao longo do tempo, é impossível. Entretanto, fazemos um registro daquelas que foram lembradas por ocasião das entrevistas realizadas: José Calazans Ribeiro, Antônio Augusto de Souza, Sebastião Cleodon de Medeiros, Agenor Ferreira Xavier, Clidenor Ferreira Xavier, Otacílio Barbosa de Silva, Alexandre de Freitas, Necilda Xavier, Maria Almeida Galvão, Luíza Almeida Galvão, Aliete de Medeiros Paiva, Helena Costa, Penina Dias Vieira, Maria Bento, Manoel Ribeiro de Andrade, Maria da Salete de Lima Andrade, Maria Helena de Azevedo Barbalho, José Aldo Barbalho, José Alaí de Souza, José Aldí de Souza, Maria do Céu de Souza, Paulo de Souza, Elias Inácio, Mário Cordeiro de Oliveira, Nizardo Cleodon de Medeiros, José Ribeiro (Dedé do Correio), Antônio Urbano dos Santos, Carlos Barbosa da Silva, Célia Barbosa da Silva, Maria das Neves Barbosa da Silva, Nidarte Medeiros, Maria das Dores Alencar, Terezinha Matias e Neci Matias.



A Pensão de Maria Júlio


Foto de Ademir Araújo da Costa
No início do povoado, a primeira pessoa que oferecia hospedagem aos viajantes quando de passagem por Boa Saúde era o Senhor Antônio Badamero Sacca, cuja residência, um casarão de taipa, com muitos quartos, localizava-se onde existiu o grupo escolar e, atualmente, está situada a agência dos Correios. Como se dizia naquela época, ele oferecia “arrancho”, principalmente aos tropeiros.
Era comum, naquela época, os tropeiros que iam ou retornavam do sertão transportando mercadorias, fazerem uma parada para descançar. Tangiam uma tropa de três ou mais burros mulos e, aqui, acolá, obrigatoriamente, tinham que se “arranchar” num lugar que oferecesse comida, dormida e condições para “arriar” a carga e cuidar dos animais. Boa Saúde era um desses lugares.
No início da década de 1930, esse tipo de hospedagem ficava por conta do Senhor José Calazans Ribeiro, que tinha sua residência localizada onde atualmente existe o Clube 2 de Fevereiro, na Praça Nossa Senhora da Saúde.
Em 1935, o Senhor José Elias de Souza, conhecido como Zé Júlio, com sua família, fixou residência em uma casa localizada na Rua de Baixo, atual Heronides Câmara, onde começou, também, a oferecer “arrancho” aos tropeiros. Aos poucos, a procura foi aumentando, ao ponto dele ter que comprar uma casa maior para acomodar a quantos procurassem hospedagem.
Todos os membros da família participavam dos trabalhos da pensão, mas uma das filhas de Seu José Júlio, por nome de Maria Júlio, era quem mais se dedicava, assumindo uma das tarefas mais difíceis: auxiliar sua mãe na cozinha.
Com o falecimento de Seu José Júlio, o comando da pensão ficou sob a responsabilidade de Maria Júlio, contando com a ajuda de suas irmãs.Os anos foram se passando e mudando a clientela. O transporte de mercadorias, até então feito pelos tropeiros, passou a ser realizado pelos caminhões. A figura do tropeiro foi substituída pela do feirante, que dada a rapidez do novo meio de transporte, dispensava hospedagem durante a viagem. A pensão, que passou a ser chamada de Pensão de Maria Júlio, perdeu a clientela que lhe deu origem e viveu um período de pouca movimentação.
Anos depois, a partir de 1953, quando Boa Saúde passou a ser município, pessoas que vinham à cidade a serviço da Prefeitura, passaram a fazer parte da sua clientela, inclusive como mensalista. Outra forma de manutenção da pensão era o fornecimento de refeições nos dias de feira. E como na época não existia nenhum bar na localidade, nos dias de feira e nas principais festas não faltava uma cervejinha gelada, uma cachacinha e “tira-gostos” variados, muitas vezes ao som da sanfona de Dioclécio ou Vital.
Já se passaram mais de 65 anos, desde o início da pensão até hoje, e Maria Júlio, aos 72 anos de idade, está cansada, mas “não arredou o pé”. Continua firme, apesar da pouca frequência e das dificuldades que enfrenta.
A época dos tropeiros passou, assim como passou a dos feirantes e a das pessoas que ali se hospedavam quando a serviço da prefeitura ou por outro motivo qualquer. Muitas mudanças contribuíram para que isto acontecesse: as rodovias asfaltadas, substituíram as estradas de terra; os ônibus diários tomaram o lugar do “misto” que fazia a “linha” duas, três vezes por semana; o automóvel e o telefone encurtaram as distâncias. As coisas não são como eram antes. Os tempos não são os mesmos. Hoje, como no passado, somente o propósito e a vontade de Maria Júlio, de bem servir à comunidade.

O Rio Trairi


Poço da Pedra Grande no Rio Trairi
O Município e a cidade de Boa Saúde são banhados pelo Rio Trairi, que nasce na Serra do Doutor, nos municípios de Campo Redondo e Coronel Ezequiel, e deságua no Oceano Atlântico, através da Lagoa Guaraíra, no município de Nísia Floresta.
Os primeiros habitantes do povoado construíram suas casas nas proximidades do rio, se estabelecendo ali por causa dele e iniciando uma relação de convivência e de dependência.
Poço da Pedra Grande no Rio TrairíComo todo rio periódico, o Trairi, nos anos bons de inverno, torna-se perene com as grandes enchentes. Passado o período das chuvas, o seu leito seca, ficando alguns poços, em determinados lugares, servindo para as pessoas tomarem banho e os animais beberem água. Em Boa Saúde, desde tempos remotos, existe o poço da pedra grande, onde as pessoas se banhavam diariamente, em horários destinados aos homens e às mulheres. Atualmente, o banho de rio se constitui um lazer, enquanto que no passado fazia parte da higiene , uma vez que não existia água encanada. Desde o passado, e ainda hoje, conta-se que existe uma gruta, de grandes dimensões, debaixo da pedra grande.
No período do inverno, o abastecimento das residências era feito com água de chuva “aparada” diretamente na “biqueira” ou armazenada em cisternas. O responsável pela introdução do uso da cisterna em Boa Saúde foi o Senhor Sebastião Cleodon de Medeiros, que construiu a primeira da localidade, em sua residência, servindo de exemplo para outras pessoas, que passaram a construir, também, para poder continuar bebendo água doce depois do inverno. Devido os custos de construção, poucas pessoas possuíam cisternas, e, desse modo, a maioria atendia a todas as necessidades de consumo com água salobra, retirada de cacimbas cavadas no leito do rio, carregada em barris conduzidos por jumento (foto abaixo), em “galões”, ou, ainda, em potes, cabaços e latas na cabeça. Somente depois foi que surgiram os carros pipas trazendo água doce.
As enchentes do rio eram um “acontecimento”. Movimentavam as pessoas a partir do momento em que corria a notícia: “o rio vem com água!”. Quem tinha cerca no leito do rio, ou nas suas margens, cuidava logo de desmanchar. Outra providência urgente era a retirada dos animais que estivessem pastando no leito e nas margens do rio. As pessoas cujas residências ficavam do outro lado do rio tinham que, às pressas, atravessarem em direção às suas casas.
Quando o rio começava a encher, as pessoas desciam rua abaixo, parecendo uma procissão, para ver a “cheia”, não importando a hora do dia ou da noite. Rio cheio, “de barreira a barreira”, enquanto a água não baixasse, atravessar somente a nado. Precisava ser bom nadador, como os irmãos Joaquim, Manoel e Nelson Flor, residentes em Boa Saúde e que faziam a travessia de pessoas, mercadorias e, até, defuntos.
Dependia, também, do rio a lavagem de roupa. No verão, com água salobra das cacimbas, e no inverno, com água de chuva dos tanques da pedra grande e dos lajedos do outro lado do rio. Existia uma verdadeira disputa pela água dos tanques. Quem chegava primeiro, levava vantagem, ficando com a maior quantidade de água. A roupa era lavada nos lajedos que serviam, também, para “quarar”. Depois, era secada ao sol estendida nas cercas de arame.
Outros aspectos importantes da vida da população relacionados com o rio eram a pesca e a cultura de vazante.
A pesca era praticada com frequência, contribuindo para o sustento das famílias. Os principais peixes encontrados, principalmente nos poços, eram: a traíra, a curimatã, o cará, o jundiá e a piaba, pescados com tarrafa, anzol e landuá. A pesca da piaba era feita com o auxílio de uma garrafa, tendo como isca farinha de mandioca.
A cultura de vazante era realizada no leito do rio, nos períodos de estiagem. Plantava-se batata doce para o consumo das pessoas e capim para ração dos animais.
Nos dias atuais, a relação da população com o rio não é mais a mesma. Com a construção da ponte, as pessoas atravessam desapercebidas, de um lado para outro, a qualquer hora do dia ou da noite, independente do rio estar cheio ou seco. Com a chegada da água encanada as pessoas não dependem mais do rio para tomar o seu banho diário, como não dependem, também, da água salobra das cacimbas para atender a outras necessidades de consumo. A lavagem de roupa com água dos tanques é coisa do passado. A pesca e a cultura de vazante quase não existem mais. As enchentes já não chamam tanto a atenção como antigamente. Só o rio é o mesmo, com todo o seu potencial, que precisa ser preservado e explorado racionalmente.


Organização Comunitária

A Cooperativa Agropecuária

Em Boa Saúde existiu uma cooperativa, denominada de Cooperativa de Crédito Agrícola de Januário Cicco Ltda., fundada em 25/11/1956, cujo objetivo era oferecer empréstimos aos agricultores da sua área de atuação. A referida organização teve como primeiro presidente o Senhor Antônio Augusto de Souza e, depois, o Senhor Manoel Ribeiro de Andrade. O seu fechamento ocorreu na primeira metade dos anos 60, tendo como principal causa a legislação específica para o sistema financeiro que, na época, favorecia o surgimento dos bancos privados, em detrimento das cooperativas de crédito.

O Sindicato dos Trabalhadores Rurais

Nos primeiros anos da década de 1960, teve início a sindicalização dos trabalhadores rurais do Nordeste, a partir da organização das Ligas Camponesas, que começou nos anos 50, na zona canavieira de Pernambuco.
Com o trabalho social realizado pela Arquidiocese de Natal, através do Serviço de Assistência Rural - SAR, com o apoio das paróquias, os trabalhadores rurais do Rio Grande do Norte, também, começaram a se organizar em sindicatos.
A organização dos trabalhadores rurais de Boa Saúde teve início com a fundação do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Serra Caiada, em 18/11/1960, os quais começaram a participar do mesmo através de uma delegacia sindical. O vigário da Paróquia de Serra Caiada, na época, era o Pe. Antônio Dantas Vilela, que deu todo apoio, não somente à sindicalização dos trabalhadores rurais, mas, também, à organização de outros grupos na área da paróquia.
Em 22/11/1992, os trabalhadores rurais de Boa Saúde se desmembraram do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Serra Caiada, fundando o seu próprio sindicato, tendo como primeiro presidente o Senhor João Batista da Silva e vice-presidente o Senhor Alexandre de Freitas. Atualmente, a diretoria do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Boa Saúde é composta pelos seguintes trabalhadores: João Batista da Silva, presidente; João Custódio da Silva, vice- presidente; Antônio Pinheiro Pinto, secretário e João Alves da Silva, tesoureiro.

O Centro Social Izaú Vilela

Além da sindicalização dos trabalhadores rurais, com o objetivo de realizar um trabalho de assistência e promoção social nas cidades e nos sítios, da área de atuação da Paróquia de Serra Caiada, Pe. Vilela incentivou a organização das famílias e dos jovens em grupos ou instituições.
No início dos anos 60, em Boa Baúde, naquela época Januário Cicco, foram criados: o Centro Social Izaú Vilela, o Clube de Mães Nossa Senhora da Saúde e a Juventude Agrária Católica -JAC.
O Centro Social era uma espécie de carro chefe de todas as atividades de assistência e de promoção social, que eram realizadas sob a orientação do Serviço de Assistência Rural – SAR, na comunidade: curso de alfabetização de adultos, através das escolas radiofônicas do MEB (Movimento de Educação de Base) e Curso de Madureza Ginasial pelo rádio, ambos transmitidos pela Emissora de Educação Rural; distribuição de roupas e alimentos doados pela CARITAS Arquidiocesana de Natal; promoção de palestras e campanhas educativas; distribuição de filtros ; empréstimo rotativo de sementes, inseticida, instrumentos de trabalho, depósitos para guardar cereais e pequenos animais aos agricultores, além de outras realizações: curso de corte e costura, celebração da páscoa coletiva e comemoração das principais datas festivas: Dia das Mães, São João, Natal e Ano Novo.
Josefa Nunes de Medeiros (Dona Zefinha) -Uma
homenagem às Líderanças Comunitárias de Boa Saúde

Erotides Lúcio de Souza - Uma homenagem
 às Primeiras Damas do Município,

O Clube de Mães tinha como presidente a Senhora Maria da Salete de Lima Andrade. Eram realizadas reuniões e palestras educativas, além de doações de roupas para os recém-nascidos, enxovais esses que eram confeccionados pelas próprias gestantes, sob a orientação da Senhora Josefa Nunes de Medeiros, mais conhecida como Dona Zefinha, com tecidos comprados com recursos das mensalidades das sócias.
As atividades realizadas pelo centro social eram coordenadas pela Senhora Josefa Nunes de Medeiros, que assumia a função de presidente e contava com uma equipe de colaboradores, da qual fazia parte a Senhora Elvira Pinheiro Galvão. A participação do grupo da JAC nas atividades do centro social reunia um bom número de jovens em Boa Saúde, sob a liderança de José Alaí de Souza, que chegou a ser diretor redator do Correio Rural (jornal editado a nível nacional pela JAC) e Presidente Nacional da JAC, movimento com sede no Rio de Janeiro e atuação em 14 Estados do Brasil, no período de 10/05/1962 a 20/06/1965. José Alaí, em agosto de 1964, representou a JAC do Brasil na V Assembléia Mundial do Movimento Internacional da Juventude Agrária e Rural Católica, realizado em Camerum, na África, com a participação de jovens de 57 países dos cinco continentes.
A atuação de Pe. Vilela como vigário da Paróquia de Serra Caiada não se limitou, apenas, ao trabalho da pastoral. Sua presença foi muito marcante, também, para a formação dos jovens, o treinamento de lideranças e a organização das comunidades.

O Distrito de Boa Saúde
Criação e Limites do Distrito

Pertencendo ao Município de São José de Mipibu, Boa Saúde, em 3l de dezembro de l936, através de ato assinado pelo Prefeito Áureo Tavares de Araújo, teve o seu território delimitado como zona fiscal e foi criada a sua agência arrecadadora. Quase dois anos depois, em l7 de setembro de l938, pelo Decreto nº 02 da Prefeitura Municipal de São José de Mipibu foi elevada à categoria de vila.
Em 12 de março de 1940, outro Decreto Lei delimita as zonas urbanas e suburbanas da cidade de São José de Mipibu e das vilas de Boa Saúde e de Monte Alegre. O referido decreto, no artigo 2º, divide a vila de Boa Saúde em duas zonas distintas: urbana e suburbana, conforme transcrevemos a seguir:
“Parágrafo 1º - A zona urbana é assim delimitada: começa no marco nº 1, no alinhamento da rua projetada ao norte da Praça Getúlio Vargas, segue e atravessando a estrada de rodagem para Serra Caiada, e aos 100 metros atinge o marco nº2, desce voltando a direita, segue por detras da igreja local e com a distância de 72 metros ao marco nº 3, no começo de um bêco e no alinhamento de outro bêco que conduz a estrada de rodagem a S.José, a distância de 32 metros atinge o marco 4, fronteando o alinhamento projetado da estrada para São José de Mipibu, torcendo a direita segue pelo fundo do quarteirão acompanhando um bêco e sai a distância de 33 metros atinge o marco 5, no canto com a rua do Comércio, segue pelo bêco do lado oposto dessa rua e avança 75 metros até o marco nº 6 próximo de um corredor estreito, voltando à direita segue daí ao ponto inicial que atinge com 100 metros”
Procurando identificar os principais logradouros citados no decreto, percebe-se que a Praça Getúlio Vargas é a atual Praça Nossa Senhora da Saúde; a rua projetada ao norte da referida praça é a atual Rua Dr. Mário Câmara; o beco que conduz a estrada de São José de Mipibu é a atual Rua Tenente Adauto Rodrigues da Cunha e, que a citada Rua do Comércio é a atual Rua Heronides Câmara.
“Parágrafo 2º - A zona suburbana, que envolve toda a zona urbana, tem a seguinte linha divisória com a zona rural. Começa no marco nº 1 e a 70 metros do marco nº 1 do perímetro urbano, segue acompanhando à esquerda e à equidistância de 100 metros o alinhamento entre os marcos 1 e 2 da zona urbana e, depois de atravessar a estrada de rodagem para Serra Caiada, aos 206 metros o marco nº II e depois de torcer a direita segue, atravessa as estradas de rodagem para Bom Jesus e São José de Mipibu e com a distância de 266 metros chega ao marco nº III, à margem esquerda do rio Trairi e no fundo do cemitério local, voltando a direita, segue pela margem esquerda do referido rio a montante, até o marco nº4, além do Banho Público, e a barra de um corrego, tornando à direita, segue em direção ao Marco nº I que atinge 230 metros, correndo êste alinhamento paralelo e a 100 metros aos dos marcos 6 e 1”
Dentro dos limites da zona suburbana, podemos identificar a existência do primeiro cemitério, que teve grande parte destruída pelo Rio Trairi, em l924 e, ainda, o “Poço da Pedra Grande”, citado como “Banho Público”.
Ao distrito de Boa Saúde pertenciam os povoados de Lagoa Salgada e de Córrego de São Mateus.

Os Administradores do Distrito

Na condição de distrito, Boa Saúde era administrada por um Sub-Prefeito, nomeado através de decreto municipal.
Através de pesquisa realizada nos arquivos da Prefeitura Municipal de São José de Mipibu, encontramos um decreto de nomeação, datado de 05/04/l939 e assinado pelo Senhor Áureo Tavares de Araújo, Prefeito Municipal de São José de Mipibu, nomeando o Senhor Luiz Adauto da Silva Sub-Prefeito de Boa Saúde. Não há referências, mas tudo faz crer ter sido o primeiro Sub-Prefeito de Boa Saúde, pela proximidade da data de nomeação com a de criação do distrito.
Decreto datado de 31/03/1941, assinado, também, pelo Prefeito Áureo Tavares de Araújo, nomeia em substituição ao Senhor Luiz Adauto da Silva, o Senhor José Calazans Ribeiro, que exerceu o cargo de Sub-Prefeito de Boa Saúde até l6/11/l945.
Outro decreto, assinado pelo Prefeito Oscar Trigueiro Dantas, datado de l6/03/l946, nomeia o Senhor Antônio Augusto de Souza para exercer o cargo de Sub-Prefeito de Boa Saúde, função que exerceu até 01/08/1946, quando foi nomeado agente fiscal pelo Governo do Estado.
Substituindo o Senhor Antônio Augusto de Souza, através de decreto assinado pelo Prefeito Oscar Trigueiro Dantas, datado de 26/10/1946, foi nomeado o Senhor Manoel Teixeira de Souza para o cargo de Sub-Prefeito de Boa Saúde.
Em 21/07/l948, através de decreto assinado pelo Prefeito Pedro Juvenal Teixeira de Carvalho, foi nomeado, pela segunda vez, Sub-Prefeito de Boa Saúde o Senhor José Calazans Ribeiro, cargo que exerceu até 31/12/l952.
Decreto datado de 21/01/l953, assinado pelo Prefeito Pedro Juvenal Teixeira de Carvalho, nomeia o Senhor Manoel Ribeiro de Andrade para exercer o cargo de Administrador do Distrito de Boa Saúde, função equivalente à de sub-prefeito e que o mesmo exerceu até 31/12/1953, data de instalação do município.
Enquanto distrito pertencente a São José de Mipibu, Boa Saúde além do cargo de sub-prefeito, possuía as funções de arrecadador e de zelador do cemitério.
O primeiro arrecadador do qual se tem conhecimento é o Senhor Raimundo Ribeiro Cruz, através do decreto datado de 14/04/l943, do Prefeito de São José de Mipibu, que lhe concede licença do cargo. Interinamente, na mesma data, em substituição, foi nomeado o Senhor Francisco Ferreira de Souza, que, novamente na condição de interino, assumiu a mesma função, por ocasião de novo afastamento de Raimundo Ribeiro Cruz, em 26/07/ 1947.
O Senhor Francisco Ferreira de Souza, em 30/03/1948, foi nomeado em caráter definitivo para exercer a função de Arrecadador do Distrito de Boa Saúde, ao qual pertencia o povoado de Lagoa Salgada. Além das atribuições inerentes à função de arrecadador, através de portarias lhes eram confiadas determinadas responsabilidades, conforme passamos a relatar:
Portaria nº 26, de 30 de março de l948: “...adiantamento da importância de duzentos e quinze cruzeiros (Cr$ 215,00) ao sr. Francisco Ferreira de Souza – Arrecadador de Boa Saúde...aquisição de balanças, pesos e medidas, objetos de uso e depósito para lixo...”.
Portaria nº 96, de 12/12/1949: “...adiantamento da importância de seis mil trezentos e quarenta e sete cruzeiros (Cr$ 6.347,00) ao arrecadador de Boa Saúde, Francisco Ferreira de Souza, para o mesmo custear as despesas com a barragem da Lagoa da Caiçara, em Lagoa Salgada...”.
Portaria nº 60, de 21/10/l953: “...adiantamento da importância de Cr$ 527,00 (quinhentos e vinte e sete cruzeiros) ao sr. Francisco Ferreira de Souza, pela verba Exação e Fiscalização Financeira – Codigo 8.13.4 Limpeza e Conservação do Mercado de Boa Saúde...”
Quanto à função de zelador do cemitério de Boa Saúde, nos arquivos da Prefeitura Municipal de São José de Mipibu encontramos os seguintes documentos de nomeação:
Portaria nº4, de 01/03/1939, assinada pelo Prefeito senhor Áureo Tavares de Araújo, nomeando a Senhora Ana Ferreira Ribeiro;
Decreto Executivo nº l9, de 01/07/l952, assinado pelo Prefeito de São José de Mipibu, Senhor Pedro Juvenal Teixeira de Carvalho, nomeando a senhora Lavínia Ribeiro de Souza;
Decreto Executivo nº 32, de 01 de junho de l953, nomeando a senhora Maria Nila da Silva, assinada pelo Prefeito de São José de Mipibu, senhor Aristides Gurgel de Castro.

Aspectos Administrativos

Nos arquivos da Prefeitura Municipal de São José de M;ipibu, encontramos algumas portarias e decretos relacionados, diretamente, com os aspectos administrativos do distrito.
Datado de 30/04/l940, o Decreto nº 06 destina recursos para o censo demográfico de l940, conforme transcreveremos parte do seu teor: “Art. 1º Fica aberto o crédito especial de 300$000 (trezentos mil reis) destinados a gratificar os recenceadores dos setores do Distrito Administrativo de Bôa Saúde, como ajuda de custo. Art. 2º - A gratificação será paga em três prestações, do modo seguinte: a primeira após a aprovação do Decreto, a segunda dez dias após a primeira e a terceira dez dias após a segunda.”
Providências para a mudança de um caminho que atravessava a Fazenda Pedro II (Boa Esperança), são encaminhadas através da portaria nº 34, datada de 08/04/1949, com o seguinte teor: “O Prefeito Municipal de São José de Mipibu, do Estado do Rio Grande do Norte, tendo em vista o que requereu o snr. Abel Viana, brasileiro, casado comerciante em Natal e proprietário neste município , a mudança de um caminho servido por duas concelas, partindo de uma estrada carroçável que vem de Bôa Saude, atravessando a fazenda Pedro II , do requerente, em direção ao lugar Poço Comprido, determina ao snr. Fiscal Geral desta Prefeitura para ir ao local e informar a respeito. Comunique-se e Cumpra-se. Pedro Juvenal Teixeira de Carvalho Prefeito”.
Uma portaria de nº 99, datada de l5/12/1949, destinava recursos da ordem de Cr$ 3.000,00 (três mil reais) para a construção de três bueiras, sendo uma em Arenã, uma em Córrego de São Mateus e outra na sede do distrito de Boa Saúde. Recursos para complementar as referidas construções foram destinados através de outra portaria, datada de 08/04/1950. A bueira que foi construída em Boa Saúde localiza-se no Riacho da Cruz e fica na atual Rua Adauto Rodrigues da Cunha, durante muito tempo conhecida como Rua da Bueira.

A Energia Elétrica

Na administração do Prefeito Pedro Juvenal Teixeira de Carvalho, no início da década de l950, a sede do Distrito de Boa Saúde e o povoado de Lagoa Salgada foram eletrificados através de motores óleo diesel.
Datada de 29/02/1952, a Portaria de nº 14 fixava normas para a cobrança da taxa de energia elétrica no povoado de Lagoa Salgada, que na época pertencia ao distrito de Boa Saúde, e designava o senhor Francisco Ferreira de Souza para efetuar o recolhimento da mesma. Conforme a referida portaria, uma “lâmpada de 15 velas Cr$ 4,00; de 25 velas Cr$ 5,50; de 40 velas Cr$ 9,00; de 50 velas Cr$ l2,00; de 75 velas Cr$ l6,00; de 100 velas Cr$ 20,00 e de cada rádio Cr$ 10,00”.
Sobre o fornecimento de energia elétrica em Boa Saúde e Lagoa Salgada, uma portaria datada de 05/02/1953, da Prefeitura Municipal de São José de Mipibu, determinava: “1º - A iluminação do Distrito de Bôa Saude e do Povoado de Lagoa Salgada, será fornecida das 18 às 23 horas, excetuando-se os dias de festas dos padroeiros, véspera de Natal e Ano Novo, que a luz se prolongará até as 4 horas da manhã. 2º - A Prefeitura obriga-se a fornecer iluminação extraordinariamente para as festas públicas, particulares e religiosas, cobrando por mil velas ou fração, dez cruzeiros por noite, correndo a despêsa de instalação por conta do requerente ou mediante prévio entendimento entre as partes. Se o consumidor pretender luz fora do horário estabelecido, pagará por hora ou fração a importancia de Cr$ 60,00 (sessenta cruzeiros)”.
Com a chegada da energia elétrica, o rádio passou a ser usado em algumas residências. Existia, na época, um tipo de rádio a energia elétrica e bateria, o que possibilitava, também, o seu uso durante o dia, alimentado pela bateria, que era recarregada pela eletricidade à noite. Os primeiros rádios que existiram em Boa Saúde foram nas residências de Manoel Teixeira de Souza (Nezinho),de Sebastião Cleodon,de Severino Dias de Paiva e de Lídio Jorge.
O uso de geladeira e outros eletrodomésticos era impossível com este tipo de energia. As primeiras geladeiras que existiram em Boa Saúde eram a querosene e poucas residências possuíam.
A chegada da energia elétrica, apesar das limitações, contribuiu para a melhoria da convivência entre as pessoas: intensificaram-se as conversas nas calçadas, as visitas entre as famílias, as festas e comemorações.
Além da presença do rádio nas casas de algumas famílias, Boa Saúde passou a contar com um serviço de autofalante denominado de Amplificadora Sociedade de Boa Saúde que pertencia a um grupo de pessoas tendo à frente o senhor Antônio Augusto de Souza. Da programação contavam notícias e avisos de interesse da população e oferecimento de músicas entre os namorados e dedicadas aos aniversariantes. O primeiro locutor foi João Galvão, substituído depois por José Alaí.
A notícia sobre a emancipação política de Boa Saúde foi transmitida pela referida amplificadora, sendo propagada para os “quatro cantos” da cidade que nascia. Nos primeiros anos da vida do novo município, a amplificadora prestou um grande serviço à Prefeitura e à comunidade.

O Município de Boa Saúde

Emancipação Política

No início da década de l950, os partidos de maior representatividade no Rio Grande do Norte eram o Partido Social Democrático – PSD e a União Democrática Nacional – UDN. No período de 13/07/1951 a 31/01/1956, o Estado era governado pelo senhor Sylvio Piza Pedroza pertencente ao PSD, e o Município de São José de Mipibu administrado pelo senhor Pedro Juvenal Teixeira de Carvalho, pertencente ao mesmo partido.
Antônio Augusto de Souza
Em Boa Saúde os partidários do PSD eram liderados pelos senhores Antônio Augusto de Souza, Manoel Teixeira de Souza e Manoel Ribeiro de Andrade, enquanto os seguidores da UDN tinham como líderes o senhor Severino Dias de Paiva e a senhorita Aliete de Medeiros Paiva.
Nessa época, em Boa Saúde só existia representação política desses dois partidos. Não se contava com outra opção que não fosse pertencer e votar no PSD ou na UDN. As campanhas políticas eram muito acirradas. Os políticos e os eleitores não trocavam de partido com a mesma facilidade e frequência dos dias de hoje. Os eleitores eram menos esclarecidos e por isso votavam fielmente nos candidatos do patrão ou do chefe político, achando que favor se pagava com o voto. Daí as expressões: “curral eleitoral” e “voto de cabresto”.
Foi nesse clima que surgiu o ideal de emancipação política de Boa Saúde, por parte dos seguidores do PSD local, liderados pelo senhor Antônio Augusto de Souza, em l953, ano em que foram criados vários municípios no Rio Grande do Norte. Boa Saúde seria um deles, se não dependesse do voto decisório do Deputado Estadual João Frederico Abott Galvão, pertencente à UDN, que votou contra a sua emancipação.
Criado o Município de Monte Alegre através da Lei nº 929, de 25/11/1953, parte do Distrito de Boa Saúde passou a pertencer ao seu território, enquanto que o restante foi anexado ao Município de Serra Caiada, criado através da Lei nº 908, de 24/11/1953.
O fato do Distrito de Boa Saúde não ter sido emancipado, ter deixado de pertencer ao Município de São José de Mipibu, sendo dividido em duas partes, reforçou, ainda mais, o movimento pela sua emancipação, tendo à frente o Senhor Antônio Augusto de Souza, contando com o apoio do Deputado Federal Theodorico Bezerra, do PSD, e de outros deputados na Assembléia Legislativa. As articulações nos meios políticos e o apoio recebido do Governador Sylvio Piza Pedroza resultaram na criação do município, através da Lei nº 996, de 11/12/l953. Desmembrando-se de Monte Alegre e de Serra Caiada, Boa Saúde tornou-se município, com o nome de Januário Cicco, numa homenagem ao ilustre mipibuense, Dr. Januário Cicco, atendendo à exigência do Deputado João Frederico Abott Galvão, em troca do seu voto. A mudança do nome de Boa Saúde para Januário Cicco deixou a população surpresa.
Segundo o historiador Luiz da Câmara Cascudo, em Nomes da Terra, página l93, o Dr. Januário Cicco nasceu em São José de Mipibu em 1881 e formou-se em medicina em 1906, pela Faculdade da Bahia . Exerceu a profissão de médico, como policlínico, cirurgião e parteiro. Exerceu as seguintes funções: Inspetor da Saúde do Porto, Diretor do Hospital Juvino Barreto, transformando-o no Hospital Miguel Couto, posteriormente Hospital das Clínicas e hoje Hospital Universitário Onofre Lopes. Fundou a Sociedade de Assistência Hospitalar, em 1927 e a Maternidade Januário Cicco, em l950. Publicou cerca de 10 trabalhos científicos e literários. O Dr. Januario Cicco faleceu em 1952, em Natal.
Não se discutiria o mérito da homenagem, se não tivesse acontecido mediante as circunstâncias em que veio a ocorrer, deixando a população insatisfeita, ao ponto de pedir de volta a denominação de Boa Saúde, uma homenagem à sua padroeira, Nossa Senhora da Saúde, desde o início do povoamento.

O Decreto de Criação e a Instalação do Município

A lei que criou o Município de Januário Cicco, foi publicada no Diário Oficial do Estado do Rio Grande do Norte, datado de 12/12/1953, tendo o seguinte teor:

“Lei n 996,de 11 dezembro de 1953
Cria o município de Januário Cicco e dá outras providências.
O PRESIDENTE DA ASSEMBLÈIA LEGISLATIVA DO RIO GRANDE DO NORTE
Faço saber que o Poder Legislativo decreta e promulga a seguinte Lei:
Art. 1º - É criado o município de JANUÀRIO CICCO, desmembrado dos recém criados municípios de Serra Caiada e Monte Alegre e dos de Santo Antonio e São José de Campestre.
Art. 2º - É igualmente criado o Termo Judiciário do mesmo nome , da Comarca de São José de Mipibu.
Art. 3º - Os limites serão os do antigo Distrito, exceto em relação aos municípios de Santo Antonio e São José de Campestre, que serão os seguintes: Com o município de Santo Antonio: mantém os limites atuais com São José de Mipibu e Santo Antonio, na parte referente ao Distrito de Boa Saúde, até Lagoa de Pedras, daí segue pela estrada de Brejinho que passa pelo lado sul da Lagoa Barrenta, continuando pelo leito desta estrada até o seu cruzamento com o riacho do Bom Pasto; daí, sobe pelo curso desse Riacho até os limites de São José de Campestre. Com o município de São José de Campestre: do ponto em que termina a linha com Santo Antonio, segue pelos atuais limites destes dois municípios até atingir o atual Distrito de Boa Saúde e daí conserva-se aos atuais limites deste Distrito com São José de Campestre.
Art. 4º - VETADO.
Art. 5º - O novo município instalar-se-á a 1º de janeiro de 1954, e será administrado por um prefeito de livre nomeação do Governador do Estado, até a realização das eleições para Prefeito, Vice-Prefeito e Vereadores à Câmara Municipal.
Art. 6º - Revogam-se as disposições em contrário.
Natal, 11 de dezembro de l953, 65º da República.
SYLVIO PIZA PEDROZA
Américo de Oliveira Costa”

A Instalação do Município

O Município de Januário Cicco foi instalado no dia 01/01/1954, passando a ser administrado pelo Tenente Adauto Rodrigues da Cunha, nomeado pelo Governador Sylvio Piza Pedroza. O ato de instalação do município foi presidido pelo Dr. Paulo Pereira da Luz, Juiz de Direito da Comarca de São José de Mipibu, conforme ata que transcreveremos a seguir:

“Ata da sessão solene de Instalação do Município de Januário Cicco.
A primeiro de Janeiro de mil novecentos e cinquenta e quatro, pelas quinze horas, no edifício do Grupo Escolar, nésta cidade de Januário Cicco, do estado do Rio Grande do Norte, sob a presidência do Dr. Paulo Pereira da Luz, Juiz de Direito da Comarca de São José de Mipibu, na forma da lei, reuniram-se em sessão solene as autoridades e pessoas gradas abaixo assinadas, com numerosa assistência popular, para o fim de se declarar instalado o município de Januário Cicco, criado pela Lei nº 996, de 11de Dezembro de 1953. Aberta a sessão e de pé a assistência, foi ouvido o Hino Nacional, seguindo-se uma vibrante salva de palmas. O Senhor Presidente, ainda de pé a assistência, pronuncia então em voz clara e pausada as seguintes palavras inaugurais: “Na forma da lei, e de acordo com o rito previsto, tenho em mira a salvaguarda jurídica dos interesses do Povo, o resguardo da tradição histórica da Nação e a solidariedade que deve unir todos os brasileiros em tôrno dos ideais superiores de uma Pátria una e indivisível, bem organizada para bem defender-se, culta e progessista para fazer a felicidade dos seus filhos, eu, Paulo Pereira da Luz, Juiz de Direito da Comarca de São José de Mipibu, em nome do Governo do Estado, declaro confirmados para todos os efeitos no quadro territorial desta Unidade da Federação Brasileira, todos os limites do Município de Januário Cicco, criado pelo Lei nº 996, de 11 de Dezembro de l953, que tem por sede esta localidade, que ora recebe os fóros de cidade. Assim fique registrado na História Pátria, para conhecimento de todos os brasileiros e perpétua lembrança das gerações vindouras. Honra ao Brasil uno e indivisível! Paz ao Brasil rico e forte! Glória ao Brasil desejoso do bem e do progresso nos melhores sentimentos de solidariedade humana! Três prolongadas salvas de palmas aplaudiram e festejaram as palavras do Senhor Presidente, que davam por instalado o novo município. Sentando-se a seguir, a Mesa e toda a Assistência, o Senhor Presidente deu a palavra ao Doutor Djalma Nunes Fernandes, que proferiu expressiva alocução alusiva aos fins e ao sentido da solenidade, sendo calorosamente aplaudido. O Senhor Presidente, a seguir, agradeceu à assistência o seu comparecimento, cujo alto significado cívico enaltece, declarando encerrada a sessão e convidando aos presentes a ouvirem a leitura desta ata, a qual, depois de lida, foi assinada pelo Senhor Presidente e pelas demais autoridades e pessoas gradas presentes. Eu, Deífilo Cavalcante de Barros Oficial do Registro Civil, funcionando como secretário ad-hoc, escrevi esta ata e a li ao termo da sessão solene, cuja realização aqui se registra.
Cidade de Januário Cicco, primeiro de Janeiro de mil novecentos e cinquenta e quatro”.
Assinam a presente ata o Dr. Paulo Pereira da Luz, Juiz de Direito da Comarca de São José de Mipibu, o Senhor Deífilo Cavalcante de Barros, Oficial do Registro Civil de Januário Cicco, o Deputado Federal Theodorico Bezerra, o Dr. Djalma Nunes Fernandes, os Senhores Manoel Teixeira de Souza, Antônio Augusto de Souza, Manoel Ribeiro de Andrade, Robério Xavier do Nascimento e a Senhorita Aliete de Medeiros Paiva, principais lideranças políticas do município, seguidos de representantes de outros municípios e várias outras pessoas representantes dos diversos setores da comunidade.

O Poder Executivo
O Poder Executivo é exercido pelo Prefeito, auxiliado pelos Secretários Municipais, a quem compete a direção superior da administração municipal e representar o município nas suas relações jurídicas, políticas e administrativas.
A sede da Prefeitura Municipal de JanuárioCicco, a partir de l6 de fevereiro de 1954, data da posse do Tenente Adauto Rodrigues como primeiro Prefeito do Município, até 1983, funcionou no prédio de nº 72, ainda hoje existente, na Rua Dr. Mário Câmara.
Na administração do Prefeito Vivaldo Gomes Brandão, foi construída a atual sede da Prefeitura, sendo inaugurada no dia 11/12/1983, data a partir da qual o Poder Executivo Municipal se transferiu para o referido prédio, que fica situado à Avenida Manoel Joaquim de Souza , Nº
Sede da Prefeitura de Boa Saúde – 1954 a 1983


Sede atual da Prefeitura Municipal de Boa Saúde


O Primeiro Prefeito

Tenente Adauto Rodrigues da Cunha
Mandato: 16.02.1954 a 01.02.1955
O primeiro Prefeito Municipal de Januário Cicco foi o Tenente Adauto Rodrigues da Cunha, nomeado pelo Governador Sylvio Piza Pedroza para o cargo.
A posse do Tenente Adauto Rodrigues da Cunha no cargo de Prefeito Municipal de Januário Cicco, ocorreu no dia 16 de fevereiro de l954, tendo como local o prédio do grupo escolar, sendo presidida pelo Deputado Federal Theodorico Bezerra e
contando com numerosa assis-tência, incluindo lideranças políticas, deste, de municípios vizinhos e da capital, destacando-se as presenças do Deputado Federal Teodorico Bezerra, do Prefeito de Natal, Deputado Creso Bezerra de Melo, do Prefeito de Macaíba, Deputado Alfredo Mesquita Filho, do Deputado Estadual Francisco Guedes Dantas, do Deputado Estadual Arnaldo Barbalho Simonett, do Prefeito Municipal de Serra Caiada, Tenente Juvenal Adelino de Souza, do Deputado João Frederico Abott Galvão, do Dr. Aldo da Fonseca Tinoco, do Sr. José Clementino Bessa, Secretário da Assembléia Legislativa do Estado e do Jornalista Djalma Maranhão, Diretor do Jornal de Natal.
Ao Tenente Adauto Rodrigues da Cunha, como primeiro prefeito do município, coube a responsabilidade de providenciar a criação e funcionamento dos diversos setores da administração municipal, procedendo a nomeação de funcionários, a locação de um prédio e aquisição de móveis e utensílios para as instalações da prefeitura. Sua rápida passagem pela administração do município deixou como marca principal o zelo para com o exercício do cargo e o tratamento para com os munícipes de forma igualitária, atendendo a todos sem discriminação e sem preferência partidária. Em sua homenagem, a Câmara Municipal de Januário Cicco, denominou a antiga Rua da Bueira de Rua Tenente Adauto Rodrigues da Cunha. Seu mandato foi encerrado no dia 01/02/1955, quando transferiu o cargo ao primeiro prefeito constitucional do município, eleito em 15/11/l954.

Primeiro Prefeito Constitucional


Manoel Teixeira de Souza (Nezinho de Souza)
Mandato: 01.02.1955 a 31.01.1960
O primeiro prefeito constitucional do município de Januário Cicco, foi o Senhor Manoel Teixeira de Souza, eleito no dia 03/10/1954, pelo Partido Social Democrático, para um mandato de cinco anos, tendo como Vice-Prefeito o Senhor José Batista Xavier, do Distrito de Lagoa Salgada.
A posse do Senhor Manoel Teixeira de Souza, conhecido como Nezinho, no exercício do cargo de Prefeito Municipal de Januário Cicco, ocorreu no dia 01/02/1955, pelas nove horas, na Prefeitura de Januário Cicco, em solenidade à qual compareceu numerosa assistência e foi presidida pelo Juiz Eleitoral da 5ª Zona, Dr. Raimundo de Azevedo Morais Filho, que, depois de proceder a posse dos vereadores recém eleitos, realizou a eleição da mesa da Câmara Municipal ,que obteve o seguinte resultado: 1º Vice-Presidente Juvenal Osmar de Andrade, para 2º Vice-Presidente Antônio Augusto de Souza, 1º Secretário Robério Xavier do Nascimento e 2º Secretário Aliete de Medeiros Paiva. Após a eleição da mesa, foi nomeada uma comissão de vereadores, que introduziu no recinto o Senhor Manoel Teixeira de Souza, primeiro prefeito eleito do Município de Januário Cicco, que, depois de prestar o compromisso exigido por lei, foi empossado e assumiu a administração municipal..
Antes do enceramento da solenidade foi facultada a palavra. Dentre outras, foram ouvidas as seguintes pessoas, que se pronunciaram a respeito do acontecimento: Deputado Estadual Arnaldo Barbalho Simonett , Senhor José Calazans e o Vereador Antônio Augusto de Souza.
A realidade do município, naquela época, segundo informações contidas na Enciclopédia dos Municípios Brasileiros- 1960, era a seguinte:
- A população estimada, em l956, era de cerca de 8.000 habitantes, dos quais 70% residiam na zona rural.
- A agricultura, em l955, apresentava o seguinte desempenho: foram produzidas 560 toneladas de algodão; 465 toneladas de mandioca; 6.000 sacas de milho; 4.000 sacas de fava e 1.140 sacas de feijão.
- A pecuária apresentava os seguintes rebanhos: 8.500 bovinos, 1.000 suínos, 1.200 ovinos , 1.300 caprinos e 1.600 equinos, asininos e muares.
- Número de estabelecimentos comerciais, em 1957: 32.
- Percentual estimado de pessoas alfabetizadas: 15%
- Total de escolas primárias, em l956: 17.
Vale salientar que nos dados apresentados estão contidos quantitativos relativos a Lagoa Salgada, naquela época pertencente ao município de Januário Cicco.
A administração do primeiro prefeito eleito se iniciou com a tomada de providências, com vistas à instalação da Câmara Municipal de Vereadores. Foi realizada a adequação de um prédio, bem como a aquisição de móveis e utensílios para o funcionamento.
O fornecimento de energia elétrica foi mantido na cidade e no povoado de Lagoa Salgada, gerada através de motores a óleo diesel, de manutenção difícil e onerosa para as finanças do município.
Foram criadas 05 escolas municipais, nos sítios de Xique – Xique, Braz, Poço Comprido, Cacimba de Baixo e Palmatória, tendo como local de funcionamento a residência dos professores, que eram pagos com recursos da arrecadação municipal.
Na área de saúde: os doentes carentes eram encaminhados para atendimento através de um prático de farmácia e fornecimento de medicamentos gratuitos.
Foi adquirido um veículo, que fazia o transporte de pessoas doentes para tratamento de saúde em hospitais de Natal e que atendia, também, às demais necessidades de transporte da prefeitura.
Foi realizado o calçamento da Rua Heronides Câmara, uma das principais da cidade, que ficava intransitável após cada chuva pesada.
Foi construído o cemitério de Córrego de São Mateus.
Naquela época, o município contava, apenas, com estradas municipais, todas de difícil conservação, sendo que a maioria dos sítios não dispunham desse tipo de acesso. Recursos do próprio município eram destinados à conservação das existentes e à construção de novas estradas.
Recursos financeiros do município eram empregados, também, na limpeza pública, manutenção e conservação dos prédios e cemitérios públicos da cidade e de Lagoa Salgada.
Em l958, ocorreu uma grande seca e durante a mesma a prefeitura prestou assistência às pessoas mais atingidas.

Segundo Prefeito Constitucional


Manoel Ribeiro de Andrade
Mandato: 31.01.1960 a 31.01.1965
Eleito no dia 04/10/l959, pela legenda do Partido Social Democrático, o Senhor Manoel Ribeiro de Andrade foi o segundo prefeito constitucional do Município de Januário Cicco, tendo como Vice-Prefeito o Senhor Antônio José Sales, do Distrito de Lagoa Salgada.
A transmissão do cargo do Prefeito Manoel Teixeira de Souza ao Senhor Manoel Ribeiro de Andrade realizou-se no dia 31 de janeiro de l960,às l8 h e 30 min., na Câmara Municipal de Januário Cicco, em sessão solene, sob a presidência do Senhor Antônio José Sales, Presidente da Câmara Municipal, contando com a presença dos vereadores recém empossados, autoridades, lideranças da comunidade e do povo em geral.
A administração do segundo prefeito constitucional do Município de Januário Cicco deu continuidade ao serviço de fornecimento de energia elétrica, no Distrito de Lagoa Saldada, até maio de 1962, quando passou a cidade e na sede do município, onde foi construído um novo prédio para o motor/gerador e ampliada a rede elétrica da Rua Dr. Mário Câmara.
Foram criadas novas escolas municipais e mantidas as existentes nos sítios e povoados, com recursos próprios do município.
Junto ao Governo do Estado, foram garantidos recursos para o novo prédio do Grupo Escolar Dr. Mário Câmara, a ser construído em terreno doado pela Prefeitura, na Avenida Manoel Joaquim de Souza.
Em 1964, houve um inverno muito rigoroso, deixando as estradas do município em péssimas condições e alguns trechos intransitáveis, tornando a conservação e a recuperação das mesmas onerosa para o município.
Na área de saúde, foi prestada assistência à população pobre, através do atendimento de um prático de farmácia, do fornecimento de medicamentos e do transporte de pessoas doentes para Natal.
O Senhor Manoel Ribeiro de Andrade exerceu o cargo de Prefeito do Município de Januário Cicco durante cinco anos, período compreendido entre 31/01/1960 a 31/01/1965, quando transmitiu o cargo ao Senhor Manoel Teixeira de Souza.
Nascido em 08/10/1920, no Município de Ingá do Bacamarte, no vizinho Estado da Paraíba, transferiu-se para o Rio Grande do Norte em 1944. Além de prefeito do município, exerceu os seguintes cargos: Administrador do Distrito de Boa Saúde, no período de 21/01 a 31/12/l953, Vereador,no período de 1971 a 1973 e de Presidente da Cooperativa Agropecuária de Januário Cicco. Casado com a Senhora Maria da Salete de Lima Andrade, o Senhor Manoel Ribeiro de Andrade é proprietário da Fazenda Comboieiro no Município de Boa Saúde e, atualmente, reside em Natal.

Terceiro Prefeito Constitucional

Manoel Teixeira de Souza
Mandato: 31.01.1965 a 31.01.1970
Nas eleições municipais realizadas em 24/01/1965, foi eleito pela segunda vez, Prefeito Municipal de Januário Cicco, o Senhor Manoel Teixeira de Souza, tendo como Vice Prefeito o Senhor José Francisco de Oliveira, do Distrito de Córrego de São Mateus, pela Sublegenda 2 da Aliança Renovadora Nacional – ARENA, partido criado após a extinção dos partidos políticos pelo regime militar de 1964. O Ato Institucional Nº 2 (AI –2), de 27/10/1965, ao extinguir todos os partidos políticos, criou apenas dois, limitados em sua organização e no campo das manifestações políticas. A Aliança Renovadora Nacional - ARENA, que reuniu os governistas, e o Movimento Democrático Nacional – MDB, que congregou a oposição.
A solenidade de posse foi realizada no dia 31/01/1965, às l4 horas, na sala das sessões da Câmara Municipal de Januário Cicco, sob a presidência do Vice Prefeito, Senhor José Francisco de Oliveira, e na presença dos vereadores recém empossados. Seguindo-se à cerimônia de compromisso e posse do Prefeito Manoel Teixeira de Souza, foi realizada a transmissão do cargo pelo Senhor Manoel Ribeiro de Andrade.
Compareceram à posse do Prefeito Manoel Teixeira de Souza autoridades e lideranças de Januário Cicco e dos municípios vizinhos, além de numerosa assistência.
No segundo mandato do Senhor Manoel Teixeira de Souza, tiveram continuidade as atividades essenciais nas áreas de saúde e de educação, mantidas com recursos da arrecadação municipal. Naquela época, não existia a municipalização desses serviços, como atualmente, que possibilita a sua implantação e manutenção com o repasse mensal de recursos federais às prefeituras municipais, de acordo com a população.
Foram mantidos os serviços de conservação das estradas municipais e adquirido um novo motor/gerador para o fornecimento de energia na cidade.
Obras realizadas:
- Início da construção de uma escola com duas salas de aula, no Distrito de Córrego de São Mateus.
- Indenização de três casas na Praça Nossa Senhora da Saúde, para abertura da Av. Manoel Joaquim de Souza.
- Implantação da Av. Manoel Joaquim de Souza, numa homenagem a uma das principais lideranças de Boa Saúde na década de 1930.
- Abertura da Travessa Francisco José da Costa, membro de uma das famílias mais antigas de Boa Saúde, e que exerceu a função de fiscal da arrecadação municipal.
- Colocação de placas com a denominação dos logradouros públicos e numeração dos prédios da cidade.
- Construção da Praça Nossa Senhora da Saúde e calçamento das ruas ao seu redor.
- Construção de parte do calçamento da Rua Dr. Mário Câmara.
- Construção de parte do calçamento da Rua Adauto Rodrigues da Cunha.
- Aquisição de 01 prédio para sede da Prefeitura Municipal.
- Aquisição do 01 prédio para sede da Câmara Municipal
Durante a segunda administração do Prefeito Manoel Teixeira de Souza, foi construído o novo prédio do Grupo Escolar Dr. Mário Câmara, localizado na Avenida Manoel Joaquim de Souza, pelo Governo do Estado, sendo Governador o Monsenhor Walfredo Gurgel. Sua inauguração ocorreu em 1968.
Foi implantado o transporte coletivo Januário Cicco/Natal, através do tráfego diário de ônibus da Viação Rio-grandense.
O Senhor Manoel Teixeira de Souza (Nezinho) exerceu duas vezes o cargo de Prefeito Municipal de Januário Cicco:
- Primeiro mandato – 01/02/l955 a 31/01/1960.
- Segundo mandato – 31/01/l965 a 31/01/1970.
O Senhor Manoel Teixeira de Souza era filho de Manoel Joaquim de Souza (Neco de Sinhá) e de Antônia Augusta de Souza. Nasceu no dia 02/04/1915, no Município de Santo Antônio, no Rio Grande do Norte. Foi comerciante em Boa Saúde na década de 1940, e, proprietário rural. Era casado com a Senhora Erotides Lúcio de Souza, tendo fixado residência em Boa Saúde em fevereiro de 1940, onde morou durante 48 anos, até o seu falecimento em 15/11/1988.
Nezinho de Souza, como era conhecido e gostava de ser chamado, foi a principal liderança política de Boa Saúde nas décadas de 1950 e 1960. Além do cargo de Prefeito de Januário Cicco, foi vereador da Câmara Municipal de São José de Mipibu e exerceu a função de Sub-Prefeito do Distrito de Boa Saúde. Tinha um jeito próprio de fazer política, que nos dias atuais contraria todo e qualquer marketing político: não subia em palanque nem fazia discursos; não tinha dia, nem hora, nem lugar determinado para receber e atender a todos. Era uma pessoa do povo e por ele muito estimado.

Quarto Prefeito Constitucional

José Aldo Barbalho
Mandato: 31.01.1970 a 31.01.1973
O quarto prefeito constitucional de Januário Cicco foi o Senhor José Aldo Barbalho Silva, candidato pela Sublegenda 2 da ARENA, à qual pertenciam os seguidores do extinto Partido Social Democrático, em Januário Cicco.
Foi eleito no dia 30/11/1969 e assumiu a administração municipal em sessão solene realizada às 14hs e 30 mim, do dia 31 de
Janeiro de l970, na Câmara Municipal de Januário Cicco. A solenidade de posse do Prefeito José Aldo Barbalho Silva e a transmissão do cargo pelo Senhor Manoel Teixeira de Souza foi presidida pelo Vice-Prefeito José Fernandes de Moura, secretariado pelos vereadores Alexandre de Freitas, como primeiro secretário, e José Aldí de Souza, como segundo secretário, tendo comparecido à mesma uma numerosa assistência, incluindo autoridades e lideranças deste e de outros municípios.
O Senhor José Aldo Barbalho Silva administrou o Município de Januário Cicco por um curto período de três anos, tendo o seu mandato encerrado em 31/01/l973, em virtude das eleições gerais que ocorreram em todo o país, em l5/11/1972, inclusive para presidente da república, a primeira realizada 28 anos depois do movimento de março de 1964.
A gestão do Prefeito José Aldo Barballho Silva ficou marcada pela implantação da energia de Paulo Afonso na sede do município, inaugurada no ano de l97l, sendo Governador do Estado o Senhor José Cortez Pereira.
Na área de saúde, foi firmado um convênio com a UFRN/CRUTAC , através do qual a sede do município, uma vez por semana, recebia a visita de 01 médico, 01 dentista e 01 assistente social, para atendimento à população. Os casos de internamento hospitalar eram encaminhados para o Hospital do CRUTAC, em Santo Antônio, e para o Hospital Onofre Lopes, em Natal.
Além da manutenção das escolas municipais e das atividades de conservação das estradas do município, durante a sua administração foram executadas as seguintes obras:
- Aquisição de 01 prédio para o atendimento na área de saúde realizado através do CRUTAC.
- Conclusão da construção de uma escola com duas salas de aula no Distrito de Córrego de São Mateus, iniciada na gestão do Prefeito Manoel Teixeira de Souza.
- Continuação do calçamento da Rua Adauto Rodrigues da Cunha, iniciado na gestão anterior.
- Perfuração de 02 poços tubulares.
O Senhor José Aldo Barbalho Silva é filho de Afrísio de Barros Silva e Arlete de Azevedo Barbalho Silva. Nasceu no vizinho Estado da Paraíba, em João Pessoa, no dia 04/05/1938, e é casado com a Professora Maria Helena de Azevedo Silva, que, no período de 1961 a 1973, exerceu a função de Diretora do Grupo Escolar Dr. Mário Câmara, realizando um trabalho de educação muito integrado à comunidade. Atualmente, o Senhor José Aldo Barbalho Silva reside na cidade de Santo Antônio/RN.

Quinto Prefeito Constitucional

Aliete de Medeiros Paiva
Mandato: 31.01.1973 a 31.01.1977
Em 1972 aconteceu um fato político inédito, na história do Município de Januário Cicco. Pela primeira vez, não houve disputa entre os dois grupos políticos remanescentes dos extintos partidos PSD e UDN. Como candidatas únicas da ARENA, em 15/11/1972, foi eleita Prefeita a Senhorita Aliete de Medeiros Paiva e Vice-Prefeita a Senhora Terezinha de Oliveira Silva, de Córrego de São Mateus. Aconteceu, também pela primeira vez, dos poderes executivo e legislativo do município de Januário Cicco ficarem sob a responsabilidade do sexo feminino.
A cerimônia de posse e transmissão do cargo de Prefeito à Senhorita Aliete de Medeiros Paiva foi realizada na Câmara Municipal, às 18 horas, do dia 31/01/1973, sob a presidência do Vereador Vivaldo Gomes Bran-
dão, secretariado pelo Vereador Manoel Silvestre da Rocha, contando com a presença do povo, autoridades e líderes políticos, dentre eles o Ex-Deputado Estadual João Frederico Abott Galvão, Diretor Comercial da COSERN, que fez uso da palavra em nome da Senhorita Aliete de Medeiros Paiva e, na ocasião, falou da sua disposição em contribuir para a eletrificação rural do município.
Como primeiro ato da nova administração, foi lida a Portaria de nº 01/73A, designando os Senhores Epitácio Fernandes, funcionário público estadual, e Heráclito Aguiar e Antônio Urbano do Santos, para procederem o levantamento dos bens móveis e imóveis do município, sendo em seguida encerrada a solenidade.
Na administração da Senhorita Aliete de Medeiros Paiva, nas áreas da saúde e da assistência social, foi mantido o convênio com o CRUTAC e, uma vez rescindido, foi firmado convênio com o FUNRURAL, para assistência médico-dentária à população carente do município.
No setor de educação: foi firmado convênio com o MOBRAL para funcionamento de 12 postos de alfabetização; foram mantidas as escolas municipais; foram construídos e equipados com carteiras, dois prédios escolares, nas comunidades de Pau D’Arco e Xique Xique.
Outras realizações:
- Restauração da Praça Nossa Senhora da Saúde, na sede do município, incluindo a construção de um pavilhão com a instalação de um aparelho de TV.
- Construção de 02 poços tubulares na zona rural, nas localidades de Capivaras e Córrego de São Mateus.
- Calçamento de um trecho da rua principal do Distrito de Córrego de São Mateus.
- Serviços de conservação das estradas municipais.
- Aquisição de um veículo para a prefeitura.
- Aquisição de móveis para a prefeitura e implantação da galeria dos ex-prefeitos.
O mandato da Prefeita Aliete de Medeiros Paiva foi encerrado no dia 31/01/1977. Nascida em Itabaiana, na Paraíba, no dia 02/05/1927, é filha do Senhor Severino Dias de Paiva, conhecido como Bidu e da Senhora Eufrásia de Medeiros Paiva. Transferiu-se de Itabaiana para o Rio Grande do Norte em 1930, residindo primeiro na Fazenda Recanto, de propriedade dos seus pais, para depois residir em Boa Saúde, onde Seu Bidu foi um dos principais comerciantes e exerceu liderança política. Além do cargo de Prefeita, a Senhora Aliete de Medeiros Paiva foi vereadora do Município de Januário Cicco durante quatro legislaturas e exerceu o cargo de Escrivã e Tabeliã do Cartório Único de Januário Cicco, no período de 20/12/1960 a 10/03/1989.

Sexto Prefeito Constitucional
Paulo de Souza
Mandato: 31.01.1977 a 31.01.1983
Nas eleições municipais de 15 de novembro de 1976, foi eleito Prefeito Municipal de Januário Cicco, o Senhor Paulo de Souza e como Vice-Prefeito o Senhor Vivaldo Gomes Brandão, ambos pertencentes à ARENA.
O ato de posse foi realizado na sede da Câmara Municipal, no dia 31/01/1977, sob a presidência do Vereador Leonel Gomes da Silva, secretariado pelos Vereadores Fausto José da Costa, 1º secretário e Arnor José da Costa, 2º secretário. Após a transmissão do cargo pela Senhorita Aliete de Medeiros Paiva, o Prefeito Paulo de Souza falou sobre as suas preocupações em relação aos problemas do município, e concluindo, apresentou os seus auxiliares.
Em seguida, o Vereador Leonel Gomes da Silva encerrou a solenidade, que contou com a participação de lideranças políticas, autoridades e o povo em geral.
Na gestão do Senhor Paulo de Souza, além da manutenção dos serviços
da administração municipal nos setores de estrada, educação, saúde e assistência social, foram realizadas as seguintes obras:
- Construção de 05 escolas, nas comunidades de: Lagoa da Onça, Canto Grande, Barrenta, Lagoinha e Xique Xique I.
- Construção de 11 salas de aula na zona rural, nas localidades de: Poço Comprido, Riacho dos Pinheiros, Lagoinha, Guarani, Limoeiro, Timbaúba, Tamatá, Lagoa dos Currais, Canto Grande, Favorita e Palmatória.
- Início da construção do Colégio Municipal, com 04 salas de aula, na sede do município.
- Implantação das quatro últimas séries do ensino de 1º grau no município.
- Construção do Mercado Público Otto Hackradt, em 1979.
- Construção do prédio do Posto de Serviço da TELERN, em 1978.
- Construção da Biblioteca Municipal Sebastião Cleodon de Medeiros,
- Construção da Maternidade Eufrásia de Medeiros, em 1980, e do Centro de Saúde da sede do município, em 1981.
- Construção de 01 posto de saúde em Poço Comprido.
- Construção da Delegacia de Polícia.
- Construção de 03 conjuntos habitacionais: Vital Tiné, Chico Neco e Guarani.
- Perfuração de 11 poços tubulares nas localidades de: Lagoinha, Guarani, Córrego de São Mateus, São Francisco, Canto Grande, Lagoa da Cajarana, Lagoa do Pau DÁrco, Barrentas, Tamatá, Xique Xique II e Lagoa da Onça.
- Construção de 01 lavanderia no Distrito de Córrego de São Mateus.
- Ampliação e asfaltamento da Avenida Manoel Joaquim de Souza e asfaltamento de um trecho da Rua Adauto Rodrigues da Cunha.
Durante a administração do Senhor Paulo de Souza, foram realizadas pelo Estado, sendo Governador o Doutor Lavoisier Maia Sobrinho, as seguintes obras:
- Eletrificação rural em 10 localidades: Guarani, Ipueiras, Lagoa da Onça, Lagoinha, Canto Grande, Lagoa da Cajarana, Poço Comprido, Xique Xique I e Xique Xique II.
- Ampliação do Grupo Escolar Dr. Mário Câmara.
- Construção da rodovia RN 120, com 65 quilômetros de extensão, ligando a BR 226, na altura de Serra Caiada, a Boa Saúde, continuando até às cidades de Serrinha e Santo Antônio, incluindo a construção da ponte sobre o rio Trairi. Início da construção em 12/10/1980 a 30/06/1982.
- Início da construção da rodovia RN 002, em 22/07/1982, com 17 quilômetros de extensão, ligando Boa Saúde a Lagoa Salgada, passando pelo Distrito de Córrego de São Mateus
- Implantação do Posto de Serviço da TELERN
O mandato do Prefeito Paulo de Souza foi encerrado no dia 31/01/1983, quando tomou posse o Senhor Vivaldo Gomes Brandão como Prefeito do Município. O Senhor Paulo de Souza é filho de Francisco das Chagas de Souza e de Alice Paulo de Souza, neto de Manoel Joaquim de Souza (Neco de Sinhá), uma das principais lideranças de Boa Saúde na década de 1930. Nasceu na Fazenda Bom Pasto, no Município de Serrinha, no dia 20/02/1944. É casado com a Senhora Ana Maria Fernandes de Souza. O Senhor Paulo de Souza é engenheiro agrônomo, formado pela Escola Superior de Agronomia de Mossoró.

Sétimo Prefeito Constitucional
Vivaldo Gomes Brandão
Mandato: 31.01.1983 a 01 01.1989
Como sétimo prefeito constitucional de Januário Cicco, foi eleito no dia 15/11/1982 o Senhor Vivaldo Gomes Brandão, tendo como Vice-Prefeito o seu companheiro de chapa pelo Partido Democrático Social – PDS, o Senhor Alexandre de Freitas.
A solenidade de posse ocorreu no Clube Social de Januário Cicco, no dia 31 / 01 / 1983, com numerosa assistência, autori-
dades e lideranças políticas, sob a presidência do Vereador Manoel de Oliveira, tendo como secretários os Vereadores José Averaldo Cabral e Armando Augusto de Lima.
Transmitido o cargo de prefeito, pelo Senhor Paulo de Souza e facultada a palavra, dela fizeram uso: o Agrônomo Estélio Fonseca Ferreira, o Vice-Prefeito, recém empossado, Alexandre de Freitas e o Vereador Leonel Gomes da Silva, encerrando-se em seguida a sessão.
Durante a administração do Prefeito Vivaldo Gomes Brandão, no período de 1983 a 1988, foram executadas as seguintes obras, além da manutenção dos serviços da administração municipal:
- Construção do prédio da Prefeitura Municipal.
- Construção do prédio da Câmara Municipal.
- Conclusão do Colégio Municipal Jessé Freire.
- Construção da Quadra Municipal de Esportes.
- Calçamento da Rua da Saudade (estrada do cemitério).
- Implantação da torre de transmissão de TV, na sede do município.
- Construção de 01 praça, em Córrego de São Mateus.
- Construção do mercado público de Córrego de São Mateus.
- Construção do prédio da delegacia de polícia, em Córrego de São Mateus.
Durante a administração do Senhor Vivaldo Gomes Brandão o Governo do Estado , na gestão do Senhor José Agripino Maia, realizou as seguintes obras:
- Eletrificação rural
- Conclusão, em 30/06/1983, da rodovia RN 002, ligando Boa Saúde a Lagoa Salgada.
O Senhor Vivaldo Gomes Brandão nasceu no município de Macaíba, no Rio Grande do Norte, no dia 14/04/1923, filho do Senhor Manoel Gomes Brandão e da Senhora Josefa Ribeiro Brandão. Casado com a Senhora Francisca de Oliveira Gomes. É proprietário rural no Distrito de Córrego de São Mateus, onde residia quando era prefeito e, atualmente, reside em Natal.

Oitavo Prefeito Constitucional

Paulo de Souza
Mandato: 01.01.1989 a 01.01.1993

Candidatos pela coligação PDS e PFL, nas eleições municipais de l5/11/1988, foram eleitos Prefeito e Vice-Prefeito do Município de Januário Cicco, os Senhores Paulo de Souza e João Félix Neto, que assumiram os respectivos cargos em sessão solene da Câmara Municipal, no dia 01/01/l989, à zero hora, no prédio da Biblioteca Pública Municipal.
A referida sessão foi presidida pelo Vereador Francisco Artur de Souza e secretariada pelos Vereadores José Otacílio do Nascimento e José Maximo Ferreira. Após a posse e a transmissão do cargo ao Prefeito Paulo de Souza pelo Senhor Vivaldo Gomes Brandão, fizeram uso da palavra o Vereador Leonel Gomes da Silva, o Ex Vice-Prefeito Alexandre de Freitas, o Vice-Prefeito recém empossado, Senhor João Félix Neto, o Presidente da Câmara Municipal, Vereador Francisco Artur de Souza e o Prefeito Paulo de Souza, agradecendo aos eleitores a sua eleição, anunciando as primeiras medidas a serem tomadas pela sua administração e nomeando através da Portaria de nº 01/89 o Senhor Heráclito Aguiar para a Chefia de Gabinete.
Na segunda administração do Senhor Paulo de Souza, como Prefeito Municipal de Januário Cicco, além da manutenção das atividades nas áreas de educação, saúde, assistência social e rodovias municipais, foram realizadas as seguintes obras:
- Construção de 06 escolas municipais, nas localidades de: Xique Xique II, Palmatória, Favorita, Pororoca, Açude Velho e Zé Rosendo.
- Construção do Colégio Municipal de Córrego de São Mateus.
- Construção de uma quadra de esportes em Córrego de São Mateus.
- Construção de 06 cisternas nas comunidades de: Xique Xique I, Lagoinha, Guarani, Barrenta, Tamatá e Lagoa da Onça..
- Calçamento na sede do Distrito de Córrego de São Mateus.
O segundo mandato do Prefeito Paulo de Souza foi encerrado no dia 01/01/l993, quando assumiu a Administração do Município, o Senhor João Felix Neto.

Nono Prefeito Constitucional

Joâo Félix Neto
Mandato: 01.01.1993 a 01.01.1997
Foram eleitos, no dia 03/10/1992, os candidatos do Partido Liberal – PL, Senhores João Félix Neto e João Antônio de Mesquita, para os cargos de Prefeito e Vice-Prefeito do Município de Januário Cicco.
A solenidade de posse ocorreu na Câmara Municipal de Januário Cicco, no dia 01 de janeiro de 1993, sob a presidência do Vereador Francisco Artur de Souza, tendo como secretários os Vereadores Manoel Borges de Lima e Antônio Pereira Pinto.
Contando com numeroso público, autoridades e lideranças da comunidade, após o juramento e a apresentação da declaração de bens, exigida pela legislação federal, os senhores João Félix Neto e João Antônio de Mesquita assumiram os poderes executivo e legislativo do Município de Januário Cicco, encerrando-se em seguida a referida solenidade.
Durante o período administrativo do Prefeito João Félix Neto, foi revitalizada a feira de Boa Saúde, aumentando o número de feirantes e de consumidores, e foram realizadas as seguintes obras:
- Construção da nova Praça Nossa Senhora da Saúde, com a colocação de aparelho de TV, aposição da Imagem de Nossa Senhora da Saúde e do Busto do Ex-Prefeito Manoel Teixeira de Souza, com recursos da Prefeitura e do Ministério da Integração Regional.
- Construção da Praça da Criança.
- Colocação de 100 coletores de lixo nas principais ruas da cidade.
- Construção de 03 Casas da Ração Comunitária na sede do município e nas localidades de Córrego de São Mateus e Tamatá.
- Construção de 50 casas populares na sede do município e 20 no Distrito de Córrego de SãoMateus.
- Construção de 01 parque infantil em Córrego de São Mateus.
- Construção de 50 unidades sanitárias nas comunidades de Riacho dos Manu e Rua do Fogo.
- Construção de 02 chafarizes, nas localidades de Xique Xique e Logradouro dos Ivos.
- Construção de 02 poços tubulares nas comunidades de Marquinhos e Riacho dos Custódios.
- Pavimentação de ruas na Vila São José e no Conjunto Elvira Pinheiro Galvão.
- Na área de educação: Implantação do curso de segundo grau na sede do município e aquisição de 02 ônibus escolares.
- Na área de saúde: Aquisição 02 ambulâncias, serviços de conservação do hospital, aquisição do laboratório de análises clínicas, criação da Central de Marcação de Consultas e implantação do Programa do Leite para 1.000 crianças, com recursos da prefeitura.
- Restauração da Quadra de Esportes João Miranda de França e serviços de conservação no “Clube 2 de Fevereiro”.
- Transporte coletivo diário, gratuito, para as localidades de Timbaúba, Murici, Impoeiras, Lagoa da Onça, Córrego de São Mateus, Riacho dos Manu e Riacho dos Custódios.
Com recursos do Governo do Estado, foi realizada eletrificação rural nas seguintes comunidades: Lagoinha, Barrentas, Lagoa dos Currais, Vaquinha e Capivaras.
O Senhor João Félix Neto foi Prefeito Municipal de Januário Cicco no período de 01/01/1993 até 01/01/l997. Nasceu em Boa Saúde, no dia 23/06/1958, sendo filho de Antônio Felix Neto e Rosália Silvestre Felix. Casado com a Senhora Maria Edice Francisco e Felix, atualmente reside em Boa Saúde, onde exerce atividades no comércio e no setor rural.

Décimo Prefeito Constitucional

Paulo de Souza
Mandato: 01.01.1997 a 01.01.2001

Nas eleições municipais de 03/10/1996, foram eleitos Prefeito e Vice-Prefeito de Boa Saúde, como candidatos do PFL, os Senhores Paulo de Souza e Mário Cordeiro de Oliveira, que assumiram os respectivos cargos no dia 01/01/l997, às 18 horas, no Clube Social 21 de Abril, em sessão solene da Câmara Municipal de Vereadores, sob a presidência do Vereador Francisco Artur de Souza, tendo como secretários os Vereadores Pedro Francisco dos Santos e Manoel Augusto de Lima.
Após o juramento e cumprida a exigência da legislação federal, em relação à apresentação da declaração de bens, os Senhores Paulo de Souza e Mário Cordeiro de Oliveira foram empossados nos seus respectivos cargos e, em seguida, fizeram uso da palavra o Vereador Auri Lúcio de Souza, os Senhores Aristides Siqueira e Heráclito Aguiar, o Vice-Prefeito Mário Cordeiro de Oliveira e o Prefeito Paulo de Souza, encerrando-se, em seguida, a sessão pelo presidente da mesa.
Obras da atual administração:
- Ampliação do Colégio Jessé Freire.
- Construção de 01 creche na sede do município, com 04 salas de aula.
- Reforma do prédio da Câmara Municipal.
- Construção do prédio da central telefônica de Boa Saúde.
- Construção do Estádio de Futebol.
- Construção de 30 casas populares – Conjunto Chico de Penina.
- Construção de 140 privadas nas localidades de: Timbaúba, Canto Grande, Córrego de São Mateus, Boa Saúde, Lagoinha, Barrentas, Riacho do Bom Pasto e Lagoa da Onça.
- Ampliação do cemitério de Boa Saúde.
- Eletrificação do Loteamento Pedra Branca.
- Implantação do sistema de abastecimento d’água do Loteamento Pedra Branca.
- Construção de 01 barragem no povoado de São Joaquim.
Obras realizadas com a participação do Governo do Estado, na administração do Governador Garibaldi Alves Filho:
- Eletrificação rural nas comunidades de Marquinho, Lagoa do Pau Dárco, Cajarana, Tamatá, Barrenta, Lagoinha, Xique Xique I, Xique Xique II, Lagoa do Murici e Limoeiro.
- Construção do Ginásio Poliesportivo Antônio Augusto de Souza, inaugurado em 23/06/2000.
- Abastecimento d’água através da Adutora Monsenhor Expedito, na sede do município, no Distrito de Córrego de São Mateus e nos povoados de Ipueiras, Lagoa da Cajarana, Lagoa da Onça, Murici e Guarani.
No atual período administrativo foi implantado em, Boa Saúde, o Sistema de Telefonia DDD, da TELEMAR, com 62 assinantes.
O Senhor Paulo de Souza vem assumindo a liderança política do Município de Boa Saúde desde 1977. O seu atual mandato corresponde ao período de 01/01/1997 a 01/01/2001.
Nas últimas eleições municipais, realizadas no dia 01/10/2000, o Senhor Paulo de Souza foi reeleito Prefeito do Município de Boa Saúde para mais um mandato de quatro anos.

Os Primeiros Funcionários do Município

Os primeiros funcio-nários do município foram nomeados em 1954, pelo Prefeito Tenente Adauto Rodrigues da Cunha: a Senhorita Geralda Gomes da Costa, secretária e Senhorita Aliete de Medeiros Paiva, tesoureira. Como arreca-dador fiscal foi mantido o Senhor Francisco Ferreira de Souza e como a zeladora do cemitério a Senhora Maria Nila da Silva que, quando Boa Saúde era distrito, exerciam as referidas funções como funcionários da Prefei-tura de São José do Mipibu.
A administração do Prefeito Manoel Teixeira de Souza teve como secretário, o Senhor Armando Augusto de Souza, como tesoureiro, o Senhor Antônio José Sales e, como zeladora da prefeitura, a Senhora Ana Alencar. Foi nomeado o Senhor Francisco José da Costa, agente arrecadador e o Senhor Otacílio Barbosa da Silva como prático de farmácia. Como primeiros professores municipais foram nomeados: o Senhor Antônio Urbano dos Santos, a Senhora Júlia Maurício de Souza, o Senhor Manoel Leandro de Lima, a Senhora Júlia Barbosa de Mendonça.
Desde a nomeação dos primeiros funcionários, até agora, já se passaram 47 anos.Foram muitas as pessoas que assumiram funções administrativas e que prestaram serviço nos demais setores de atividades municipais, por isso deixamos de mencionar os nomes de todas. Dentre os servidores mais antigos da Prefeitura de Boa Saúde, o Senhor Antônio Urbano dos Santos foi quem permaneceu mais tempo como funcionário do Município. Nomeado professor em 1956, assumiu depois as funções de secretário da Prefeitura e secretário da Junta de Alistamento do Serviço Militar. Permaneceu 34 anos como servidor municipal.

O Poder Legislativo
A Câmara Municipal é o Poder Legislativo do Município. É composta de vereadores eleitos para uma legislatura , através de sistema proporcional, dentre os cidadãos maiores de 18 anos, no exercício pleno de seus direitos políticos, pelo voto direto e secreto.
A Câmara Municipal de Januário Cicco foi instalada no dia 01 de fevereiro de l955, tendo sua primeira sede localizada à Rua Dr. Mário Câmara, 74, onde funcionou durante 28 anos. Seu primeiro presidente foi o Vice-Prefeito José Batista Xavier, eleito em 03 de outubro de 1955, pelo Partido Social Democrático- PSD.
Na gestão do Prefeito Vivaldo Gomes Brandão (1983 a 1988), foi construída uma nova sede para a Câmara Municipal de Januário Cicco, localizada à Avenida Manoel Joaquim de Souza, S/Nº. A inauguração da nova sede da Câmara Municipal de Januário Cicco foi realizada no dia 11/12/1983.






Compete à Câmara Municipal , de acordo com a Lei Orgânica do Município, elaborar o seu Regimento Interno, dispondo a respeito da sua organização, política e provimento de cargos , de seus serviços, e especialmente sobre: Sua instalação e fun-cionamento; posse de seus membros; eleição, composição e atribuições da Mesa Diretora; número de reuniões mensais; comissões, reuniões, delibera-ções , além de todo e qualquer assunto de sua administração.
As deliberações da Câmara de Vereadores são tomadas pelo Plenário, por maioria simples de votos, presentes a maioria absoluta de seus membros, cabendo-lhe legislar, com sanção do Prefeito, sobre matérias de competência do Município:
- Assuntos do interesse local, inclusive suplementando a legislação federal e estadual:
- tributos municipais, bem como isenções e anistias fiscais e remissão de dívidas;
- orçamento anual e plurianual de investimentos, lei de Diretrizes Orçamentárias, bem como autorizar a abertura de créditos suplementares e especiais;
- obtenção e concessão de empréstimos e operações de crédito, bem como a forma e os meios de pagamento;
- concessão ou permissão de serviços públicos;
- concessão de auxílios e subvenções;
- concessão de direito real de uso e administrativo de uso de bens municipais;
- alienação e aquisição de bens imóveis;
- criação, organização e suspensão de distritos, de acordo com a legislação estadual;
- criação, alteração e extinção de cargos, empregos e funções, de natureza pública e fixação dos respectivos vencimentos;
- aprovação do Plano Diretor e delimitação do perímetro urbano;
- autorização quanto à alteração da denominação de nomes próprios, vias e logradouros públicos;
- fiscalização financeira, orçamentária, operacional e patrimonial do Município, com o auxílio do Tribunal de Contas do Estado;
Compete, ainda, à Câmara Municipal, dentre outras, as seguintes atribuições:
- Dar posse ao Prefeito, Vice-Prefeito e Vereadores;
- fixar os subsídios e a verba de representação do Prefeito, Vice-Prefeito e Vereadores;
- declarar vago o cargo de Prefeito em virtude de falecimento, renúncia ou condenação definitiva por crimes comuns de responsabilidade e infrações político-administrativas;
- criar comissões especiais de inquérito;
- julgar, anualmente, as contas prestadas pelo Prefeito e pela Mesa Diretora, em 60 dias após a aprovação do parecer prévio pelo Tribunal de Contas do Estado;
- representar ao Ministério Público, por maioria absoluta de seus membros, contra atos do Prefeito, Vice-Prefeito e Secretários Municipais, que venham constituir crime contra a administração pública;
- legislar sobre a criação, organização e funcionamento de Conselhos Municipais;
- solicitar intervenção do Estado no Município;
- julgar o Prefeito, o Vice-prefeito e os Vereadores, nos casos de infrações político-administrativas previstos em lei.
A Câmara Municipal terá Comissões Permanentes e Especiais, constituídas na forma e com atribuições previstas no Regimento Interno ou no ato de que resultar sua criação. Em cada Comissão será assegurada, tanto quanto possível, a representação proporcional dos partidos. As Comissões Especiais são criadas por deliberação do Plenário, e destinadas ao estudo de assuntos específicos , além de representar a Câmara em congressos, solenidades e outros eventos de caráter ou interesse políticos. As Comissões Especiais de Inquérito terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos no Regimento Interno e são criadas pela Câmara mediante requerimento de 1/3 (um terço) de seus membros, para apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores.
As sessões da Câmara serão públicas, salvo deliberação em contrário tomada pela maioria de 2/3 (dois terços) de seus membros, quando ocorrer motivo relevante de preservação do decoro parlamentar.

Primeira Legislatura
Período: 01.02.1955 a 31.01.l960
Vereadores:
Agenor Ferreira Xavier
Antônio Augusto de Souza
Antônio Gonçalves Chaves
Aliete de Medeiros Paiva
Francisco Soares de Souza
Joaquim Serafim Coelho
José Francisco de Oliveira
Juvenal Osmar de Andrade
Paulo Ferreira de Mendonça
















Robério Xavier do Nascimento

Suplentes que assumiram o cargo de vereador:
Alfredo José da Costa
Augusto Félix da Costa
Francisco José da Costa
José Boa Vista Barbalho

Segunda Legislatura
Período: 31.01.1960 a 31.01.1963
Vereadores:
Antônio Augusto de Souza
Aliete de Medeiros Paiva
Benjamim Alves Neto
Francisco Ferreira de Souza
Juvenal Osmar de Andrade
Otacílio Xavier do Nascimento
Paulo Ferreira de Mendonça
Severino Bento Filho

Suplentes que assumiram o cargo de vereador:
Maria Ibanêz
Solon Andrade Pimentel

Terceira Legislatura
Período: 31.01.1963 a 31.01.1967
Vereadores:
Aliete de Medeiros Paiva
Augusto Félix da Costa
Benjamim Alves Neto
Francisco Soares de Souza
Hilton Sales Chaves
José Ângelo de Lima
Manoel Silvestre da Rocha
Otacílio Xavier do Nascimento
Severino Bento Filho
Vidal Matias da Silva

Suplente que assumiram o cargo de vereador:
Agenor Ferreira Xavier
Alexandre de Freitas
Alfredo Gomes da Costa
Cícero Manoel da Silva
Faustino Francisco Gomes
José Ferreira da Silva
Manoel Cipriano de Oliveira
Pedro Sabino de Mendonça

Quarta Legislatura
Período: 31.01.1967 a 31.01.1971
Vereadores:
Aliete de Medeiros Paiva
José Aldí de Souza
José Aldo Barbalho Silva
Manoel Silvestre da Rocha
Paulo de Souza
Otacílio Xavier do Nascimento
Terezinha de Oliveira Silva
Vivaldo Gomes Brandão
Suplente que assumiu o cargo de vereador:
Agenor Ferreira da Silva

Quinta Legislatura
Período: 31.01.1971 a 31.01.1973
Vereadores:
Agenor Ferreira Xavier
Alexandre de Freitas
Faustino Francisco Gomes
Manoel Ribeiro de Andrade
Manoel Silvestre da Rocha
Mário Cordeiro de Oliveira
Vivaldo Gomes Brandão

Sexta Legislatura
Período:31.01.1973 a 31.01.1977
Vereadores:
Alexandre de Freitas
Emanoel de Souza
Faustino Francisco Gomes
Francisco Porfírio dos Santos
Leoneol Gomes da Silva
Manoel Silvestre da Rocha
Vivaldo Gomes Brandão

Sétima Legislatura
Período: 13.01.1977 a 31.01.1983
Vereadores:















Alexandre de Freitas
Arnor José da Costa
Fausto José da Costa
Francisco de Oliveira Ferreira
Francisco Porfírio dos Santos
Leonel Gomes da Silva
Severino Bento Filho

Suplente que assumiu o cargo de vereador:
José Ferreira da Costa

Oitava Legislatura
Período: 31.01.1983 a 31.01.1989
Vereadores:
Armando Augusto de Lima
Francisco Laventin da Hora
Leonel Gomes da Silva
José Averaldo Cabral
Juvenal Valentin da Hora
Manoel Joaquim de Souza Neto
Manoel de Oliveira

Nona Legislatura
Período: 31.01.1989 a 31.01.1992
Vereadores:
Antônio Pinheiro de Lima
Francisco Artur de Souza
José Averaldo Cabral
José Bezerra da Cruz
José Maximo Ferreira
José Otacílio do Nascimento
Leonel Gomes da Silva
Manoel Augusto de Lima
Terezinha de Oliveira Silva

Décima Legislatura
Período:31.01.1992 a 31.01.1997
Vereadores:
Antônio Pinheiro Pinto
Aurí Lúcio de Souza
Francisco Artur de Souza
Luiz Lima de Araújo
José Averaldo Cabral
José Bezerra da Cruz
José Otacílio do Nascimento
Manoel Borges de Lima
Mário Cordeiro de Oliveira

Décima Primeira Legislatura
Período: 31.01.1997 a 31.01.2001
Vereadores:
Aurí Lúcio de Souza
Argentina Maria Dias de Moura
Francisco Artur de Souza
José Averaldo Cabral
José Bezerra da Cruz
José JúlioFilho
Manoel Augusto de Lima
Pedro Francisco dos Santos
Severino Paulino da Silva


A atuação de vários vereadores, segundo os arquivos da Câmara Municipal de Boa Saúde, ocorreu por mais de uma vez, conforme veremos a seguir:
-Vereadores com quatro legislaturas: Alexandre de Freitas, Aliete de Medeiros Paiva, Leonel Gomes da Silva e Manoel Silvestre da Rocha.
-Vereadores com três legislaturas: Agenor Ferreira Xavier, Francisco Artur de Souza, José Bezerra Cruz e Vivaldo Gomes Brandão.
-Vereadores com duas legislaturas: Antônio Augusto de Souza, Antônio Pinheiro Pinto, Aurí Lúcio de Souza, Faustino Francisco Gomes, Francisco Porfírio dos Santos, José Otacílio do Nascimento, Juvenal Osmar de Andrade, Manoel Augusto de Lima, Mário Cordeiro de Oliveira, Otacílio Xavier do Nascimento (*) e Terezinha de Oliveira Silva

(*) Eleito pela terceira vez em 15 de novembro de 1970, faleceu antes do dia da posse.

A Câmara Municipal de Boa Saúde contou com a presença e participação feminina, através das seguintes vereadoras:
Aliete de Medeiros Paiva, durante quatro legislaturas;
Terezinha de Oliveira Silva, durante duas legislaturas;
Argentina Maria Dias de Moura, na atual legislatura;
Maria Ibanês, suplente que assumiu o cargo de vereadora

O Poder Judiciário de Boa Saúde
Criado o Município de Januário Cicco, os ofícios da Justiça permaneceram subordi-nados à Comarca de São José de Mipibu, passando depois para a Comarca de Monte Alegre, criada através da Lei nº 2.382, de l5 de maio de l959, cuja instalação ocorreu no dia 16 de janeiro de 1960, tendo como primeiro Juiz de Direto o Bacharel Olinto Lopes Galvão Filho.
Em 1964, foi criada a Comarca de Tangará, tendo como primeiro Juiz de Direito o Bacharel Manoel Alves Irmão.
A partir daquele ano, o Município de Januário Cicco deixou de pertencer à Comarca de Monte Alegre para ficar subordinado à Comarca de Tangará, à qual pertence.

Tabelião  Deífilo Cavalcante Barros
O Cartório do Distrito Judiciário de Boa Saúde teve como primeiro tabelião o Senhor Deífilo Cavalcante Barros, nomeado pelo Governador Sylvio Piza Pedroza, através de decreto datado de 28/07/1952 e, publicado no Diário Oficial do Estado, de 29/07/1952, tendo exercido até 18/12/60. Neste período exerceu o cargo de escrivã substituta a Senhora Josefa Maria de Lima.
Em 20/12/1960, foi nomeada como Tabeliã do Cartório Único de Januário Cicco, a Senhorita Aliete de Medeiros Paiva, permanecendo no exercício do cargo até 10/03/1989. Neste período, o Cartório Único de Januário Cicco teve como Tabeliã Substituta a Senhorita Genoveva de Medeiros Barbosa.
A partir de 14/03/1989, o cargo de Tabelião do Cartório Único de Januário Cicco passou a ser exercido pelo Senhor Paulo de Souza, tendo como Tabeliã Substituta a Senhora Verônica de Souza B. de Oliveira, nomeada através de Portaria datada de 18/06/ 19
O primeiro casamento civil realizado no Cartório Único de Januário Cicco foi de João José da Silva e Maria Nazaré da Silva , celebrado no dia 09/09/1952. Ele nascido em Boa Saúde, no dia 08/07/1927, filho de José Alexandre da Silva e Maria Vicência da Conceição e ela nascida, também, em Boa Saúde, no dia 25/11/1924, filha de Antônio Maciel da Costa e Maria das Dores Costa.
O primeiro registro de óbito foi de João Batista Ferreira, falecido em 25/08/1952, filho de Luiz Ferreira da Silva e Dionízia Feerreira. Foi lavrado no dia 26/08/1952.
A primeira escritura pública de compra e venda foi de um prédio localizado no perímetro urbano da cidade de Boa Saúde, lavrada no dia 09/09/1952, sendo outorgantes vendedores o Senhor Lídio José da Costa e sua esposa Josefa Gomes da Costa e outorgante comprador o Senhor Antônio Matias da Silva.
A primeira procuração pública lavrada pelo Cartório Único de Januário Cicco foi no dia 09/09/1952, sendo outorgante a Senhora Josefa Gomes da Costa e outorgado procurador o Senhor Francisco Ferreira da Costa.

Justiça Eleitoral

O Município de Januário Cicco, inicialmente, pertenceu à 7ª Zona Eleitoral de São José de Mipibu. Em 1961, passou a fazer parte da 44ª Zona Eleitoral de Monte Alegre, até 1964, quando foi criada a 53ª Zona Eleitoral, com sede em Tangará, abrangendo os seguintes municípios: Tangará, Sítio Novo, Presidente Juscelino, Senador Elói de Souza e Januário Cicco. Eleitores inscritos e votantes nas eleições realizadas para prefeito, vice-prefeito e vereadores do município de Januário Cicco, atual Boa Saúde, no período de 1969 a 1996, conforme informações contidas no Anuário Estatístico do Rio Grande do Norte, da Fundação IDEMA.
Ano           Eleitores Inscritos         Eleitores Votantes
1969                 1.360                                  1.010
1972                 1.031                                  1.024
1976                 1.520                                     931
1982                 2.585                                  2.051
1988                 3.311                                  3.167
1992                4.657                                   4.038
1996                5.207                                   4.454
2000                5.481                                   4.718


A Lei Orgânica do Município de Boa Saúde

A Lei Orgânica do Município foi aprovada pela Câmara Municipal em 03 de abril de 1990.
O Município de Boa Saúde é uma unidade do território do Estado do Rio Grande do Norte, com personalidade jurídica de direito público interno, em pleno uso de sua autonomia, sendo organizado e regido pela Lei Orgânica do Município, atendidas as disposições constitucionais federal e estadual.
A organização do Município, segundo a referida Lei, está baseada:
- Na prática democrática;
- na soberania e na participação popular;
- na transferência e no controle popular na ação do governo;
- na programação e planejamento sistemáticos;
- no exercício pleno da autonomia municipal;
- na articulação orgânica e na cooperação com os outros níveis de governo.
Está baseada, ainda:
- Na garantia do acesso, a todos os habitantes do município, de modo igualitário e justo, aos bens, serviços e condições de vida indispensáveis a uma existência digna;
- na acolhida e tratamento igualitário a todo cidadão que , no respeito da lei, aflua para o Município, em busca de oportunidade e participação no desenvolvimento;
- na defesa e na preservação do território, dos recursos naturais e do meio ambiente do Município;
- na preservação dos valores históricos e culturais.
Sobre o planejamento municipal, determina que o mesmo deve ser realizado “visando promover o desenvolvimento do Município e o bem-estar da população e a melhoria da prestação dos serviços públicos municipais”.
As obras e serviços municipais, segundo a Lei Orgânica do Município, não poderão ter início sem a prévia elaboração de um plano, no qual, obrigatoriamente, conste:
- A sua viabilidade, sua conveniência e oportunidade para o interesse comum;
- os pormenores para a sua execução;
- os recursos necessários, bem como os prazos para o início e conclusão da obra ou serviço.
A permissão de serviço ou de utilidade pública a título precário, somente poderá ser feita através de decreto do executivo, após edital de convocação dos interessados e escolha do melhor pretendente. A concessão deve ser autorizada pela Câmara Municipal e mediante contrato, depois de realizada concorrência pública.
No que diz respeito ao desenvolvimento urbano, o Município deverá ter o seu Plano Diretor aprovado pela Câmara Municipal, fixando critérios que assegurem a função social da propriedade, a proteção do patrimônio ambiental, natural e constituído, e o interesse da coletividade.
O Município integra, com a União e o Estado, com recursos da seguridade social, o Sistema Único Descentralizado de Saúde (SUDS), cujas ações e serviços na área do Município são por ele dirigidas, visando:
- O atendimento integral à população, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais;
- a participação comunitária.
Além da Secretaria Municipal de Saúde, o Município é obrigado, na forma da lei, a criar o Conselho Municipal de Saúde, com as seguintes atribuições:
- Formular a política municipal de saúde, a partir das diretrizes recomendadas pela Conferência Mundial de Saúde;
- planejar e fiscalizar a distribuição dos recursos destinados à saúde;
- aprovar a instalação e o funcionamento de novos serviços públicos ou privados de saúde, de acordo com as diretrizes do Plano Municipal de Saúde

Quanto aos recursos para a área de saúde, o Regimento Interno do Município, determina que “O volume mínimo dos recursos destinados à saúde, pelo Município, corresponderá anualmente a 8% (oito por cento) do orçamento municipal.” Determina, ainda, que “Os recursos financeiros do sistema de saúde do Município, serão administrados por meio de um fundo próprio de saúde, vinculado ao órgão municipal competente e subordinado ao planejamento e controle do respectivo Conselho.”
No que diz respeito à remuneração do pessoal da área de saúde: “São assegurados aos profissionais da saúde, piso salarial e incentivos à dedicação exclusiva e tempo integral, capacitação e reciclagem, além das condições adequadas à execução de suas atividades.”
A assistência social é um direito do cidadão. O Município, com recursos da seguridade social, prioritariamente prestará “serviços assistenciais às crianças e adolescentes, aos desassistidos de qualquer renda ou benefício previdenciário, à maternidade desamparada, aos desabrigados, aos portadores de deficiência, aos idosos e aos doentes.”
A ação do Município na área da assistência social, deverá ser planejada e executada observando os seguintes princípios: recursos financeiros do orçamento municipal e de outras fontes; coordenação execução e acompanhamento pelo Poder Executivo e participação da população na formulação das políticas e no controle das ações em todos os níveis.
O sistema de ensino do Município assegurará ensino fundamental, obrigatório e gratuito em todos os níveis, inclusive para os que a ele não tiveram acesso em idade própria, bem como: atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência; atendimento em creche e pré-escola para crianças até seis anos de idade; atendimento aos estudantes do ensino fundamental através do fornecimento de material didático, transporte escolar, alimentação e assistência médico-dentária. Assegurará, ainda, ensino noturno regular, adequado às condições do educando.

A Lei Orgânica do Município assegura a gestão democrática do ensino, através da “eleição direta da direção do estabelecimento escolar municipal, pelos votos do corpo docente, discente, servidores e pais de alunos da respectiva escola”. Assegura, também, a “valorização dos profissionais da educação na forma da lei, piso salarial à categoria e condições adequadas à execução de suas atividades.”
O Conselho Municipal de Educação será composto paritariamente por representantes da administração, do pessoal do magistério e de outras entidades representativas da sociedade civil. Sua organização e funcionamento terão as seguintes atribuições:
- Elaborar e manter atualizado o Plano Municipal de Saúde, com aprovação do Poder Executivo;
- estudar e propor medidas que assegurem o aperfeiçoamento do ensino;
- emitir pareceres nos processos relativos aos assuntos educacionais e sobre a localização de novas escolas;
- fixar normas para a concessão de subsídios às unidades vinculadas aos sistema educacional do Município.
Sobre os recursos destinados à educação, determina que “O Município aplicará anualmente, nunca menos de 25% (vinte e cinco por cento) da receita resultante de impostos, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento da educação e do ensino”.

O Município apoiará e incentivará as manifestações culturais, principalmente aquelas ligadas à história da cidade, à comunidade e aos seus bens, promovendo:
- A restauração de peças, documentos e outros bens culturais;
- o acesso às informações históricas e à memória cultural;
- o levantamento e a divulgação das manifestações culturais, através da realização de eventos;
- o intercâmbio cultural com outros municípios.
Segundo a Lei Orgânica do Município, o esporte será incentivado a partir das práticas desportivas e do lazer como um direito de todos, mediante:
- A criação do Conselho Municipal de Esporte e Lazer;
- a garantia de acesso da comunidade às instalações desportivas e de lazer das escolas públicas municipais, sob a orientação de profissionais habilitados, sem prejudicar as atividades escolares regulares;
- o incentivo e apoio à melhoria de qualidade do ensino-aprendizagem de educação física;
- a destinação de recursos para a promoção do desporto, dando prioridade aos setores educacional e amadorista.
Ao Município compete, ainda, em relação ao desporto e ao lazer:
- Criar e instalar um Centro de Desporto e Lazer, destinado à prática desportiva pela comunidade em geral;
- transformar terrenos baldios em áreas de lazer comunitário, de acordo com as possibilidades financeiras;
- propiciar meios para que o Município esteja sempre representado nas competições esportivas, de caráter amador, realizadas no âmbito estadual ou nacional.
Compete ao Município elaborar o Código Ambiental, que definirá a política de preservação do meio ambiente, bem como promover a educação ambiental na rede de ensino e a conscientização da comunidade para a preservação ecológica.
O Município criará, por lei, a Comissão Municipal de Defesa Civil, com a finalidade de coordenar as medidas permanentes e preventivas de defesa, de socorro, de assistência e de recuperação de danos decorrentes dos eventos desastrosos previstos ou não, de forma a preservar ou restabelecer o bem-estar da comunidade. A referida comissão se articulará com a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil e será constituída por até 09 (nove) membros, sob a presidência do Prefeito, dela participando representantes de segmentos representativos da comunidade local.
A Lei Orgânica do Município foi aprovada em 03 de abril de 1990, devendo entrar em vigor na data de sua publicação, revogadas as disposições em contrário.
Assinam a referida lei: Francisco Artur de Souza, Presidente da Câmara Municipal, Manoel Augusto de Lima, Vice-Presidente, José Otacílio do Nascimento, Relator e os demais Vereadores, José Bezerra da Cruz, José Máximo Ferreira, Antônio Pinheiro Pinto, Leonel Gomes da Silva, José Averaldo Cabral e Terezinha de Oliveira Silva.

Mudança do nome para Boa Saúde

A Emenda nº 01 à Lei Orgânica do Município de Januário Cicco, datada de 02 de fevereiro de 1991, alterou a denominação oficial do Município de Januário Cicco para Boa Saúde, conforme transcrevemos na íntegra:

“EMENDA Nº 01 À LEI ORGÂNICA DO MUNICÍPIO DE JANUÁRIO CICCO.
Altera a denominação oficial do Município de Januário Cicco para Boa Saúde, dispositivos da Lei Orgânica Municipal, e dá outras providências.
A MESA DIRETORA DA CÂMARA MUNICIPAL DE JANUÁRIO CICCO, no uso de suas atribuições legais e conforme lhe faculta o Art. 41 § 2º da respectiva Lei Orgânica, PROMULGA , mediante proposta legislativa de mais de 3% (três por cento) do eleitorado munícipe registrado nas últimas eleições e pela maioria de 1/3 (um terço) dos vereadores, a seguinte EMENDA ao texto da Lei Orgânica de Januário Cicco, promulgada em 03 de abril de 1990.
Art. 1º - Passa o Município de Januário Cicco a denominar-se Boa Saúde.
Art. 2º - O preâmbulo, os artigos 1º,5º,6º,7º e 10º, bem como os demais dispositivos números 1 e 4 do Ato das Disposições Finais e Transitórias, todos da Lei Orgânica respectiva, adotam a denominação de Boa Saúde, em substituição ao nome Januário Cicco.
Art. 3º - O Poder Executivo se encarregará de notificar os poderes públicos instituídos, Federal e Estadual, e demais autoridades constituídas acêrca da modificação ocorrida, bem como, se responsabilizará de providenciar a publicação de novos exemplares da Lei Orgânica do Município de Boa Saúde, para fins de distribuição gratuita nas escolas e entidades representativas da comunidade.
Art. 4º - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, revogadas todas as disposições em contrário.
Januário Cicco, em 02 de fevereiro de 1991.
Mesa Diretora da Câmara Municipal de Boa Saúde
Vereador Manoel Augusto de Lima - Presidente
Vereador Francisco Artur de Souza - Vice-Presidente
Vereador Leonel Gomes da Silva - 2º Vice-Presidente
Vereador José Máximo Ferreira - 1º Secretário
Vereador Antônio Pinheiro Pinto - 2º Secretário
A Bandeira do Município de Boa Saúde

A Bandeira do Município de Boa Saúde foi criada através do Projeto de Lei No. 064/95, de l3 de dezembro de 1995. De acordo com o referido projeto de lei, tem as dimensões oficiais adotadas para a Bandeira Nacional, devendo ser, obrigatoriamente, hasteada nas repartições municipais, estabelecimentos de ensino públicos e particulares e demais instituições. Quando hasteada, juntamente com as bandeiras do Estado e da União, a Bandeira do Município deverá ficar à esquerda da Bandeira Nacional.


HISTÓRICO DAS COMUNIDADES 
Este espaço tem como proposta registrar a história das comunidades de Boa Saúde, a partir do resgate  da memória das passoas e das famílias mais antigas, dos fatos e dos acontecimentos importantes que fazem parte do passado e constituem o patrimíonio histórico da nossa terra.
Toda participação e colaboração neste sentido será bem-vinda, podendo ser encaminhada para José Alaí de Soua através do e-mail: joalai@ig.com.br

Origem, Povoamento e Evolução de Boa Saúde


Fatos relacionados com a formação de São José de Mipibu e a interiorização da Colônia indicam que o início do povoamento de Boa Saúde tenha ocorrido na primeira metade do século XIX. A existência dos primeiros habitantes é anterior a 1859, conforme inventários de famílias que habitaram Datas de Terra no território do atual município de Boa Saúde.Tais documentos registram moradores, na segunda metade do século XIX e início do século XX, na Data do Lerdo, dando origem ao povoado de Boa Saúde; na Data de San Mateus, onde surgiu o Córrego de São Mateus; na Data das Almas onde teve origem Gatos, atual Guarani e, em outras locais como: Oiticica, Braz, Xiquexique, Boqueirão, Diamantina, Boa Esperança, Poço Comprido, Capivara e Vaquinha.

O povoado de Boa Saúde evoluiu a partir da sua condição de local de pouso ou arrancho de tropeiros que, do Litoral se deslocavam para Sertão. Os primeiros mora-dores pertenciam às famílias Sacca, Ferreira e Nunes e, em seguida, os Cachoeiras.

Tendo origem na Data do Lerdo, o povoado evoluiu e passou a se chamar Boa Saúde, a partir da capela de Nossa Senhora da Saúde, construída por iniciativa de Luiz Francisco da Costa (Luiz Cachoeira). O responsável pela construção foi Antônio Badamero Sacca, que além de pedreiro e marceneiro, oferecia arrancho aos tropeiros em sua residência, situada onde em 1935 foi construída a primeira escola e atualmente existe o prédio do Correio.

A razão da construção da capela tem mais de uma versão. Uma de que um grupo de romeiros teria trazido a imagem de Nossa Senhora da Saúde, do Juazeiro do Padre Cícero. Outra de que os Cachoeira teriam mandado construí-la depois que um parente ficou curado de uma enfermidade, após banhar-se no rio Trairi, onde nas suas margens existia muito muçambê, uma planta medicinal. Outra, ainda, de que um viajante ao adoecer e ficar curado, ter dito que o lugar era abençoado, de muita saúde e, que sabedor do ocorrido Luiz Cachoeira teria mandado edificá-la e buscar a imagem da santa na Europa. A primeira versão parece a menos provável considerando que em 1878 o povoado já existia com o nome de Boa Saúde e as romarias ao Juazeiro se intensificaram a partir de 1889, depois de ocorrido o milagre da Beata Mocinha, o que afasta a possibilidade da vinda da imagem do Juazeiro do Norte.

Há evidências de que a imagem teria vindo da Europa, pois segundo Antônio Marques de Carvalho Júnior, professor da UFRN, estudioso e expert em arte sacra e antiguidades "Do ponto de vista do estilo pode-se dizer que se trata de uma escultura de influência barroca, mas já tendendo para o néo-clássico, caracterizado pelo panejamento sóbrio, com pouco movimento. O pedestal ou base é extremamente simples, sendo pois mais um forte indicador de uma escultura saída de uma manufatura européia do século XIX, entre 1800 e 1860. A hipótese de sua origem ser a cidade do Juazeiro do Norte não tem a menor possibilidade, pois trata-se de uma escultura de fatura erudita e não de cunho popular".

A ocupação da área se deu de forma lenta e tendo como principal núcleo o povoado de Boa Saúde que, em 1886 passou a contar com duas professoras nomeadas pela Prefeitura de São José de Mipibu, município ao qual pertencia. No início da década de 1930 o povoado já contava com uma população significativa, a ponto de merecer a atenção do governo estadual no sentido de dotá-lo de uma infra-estrutura de serviços, composta de: uma escola, inaugurada em 02/02/1935; um mercado público, inaugurado em 06/10/1935 e uma delegacia de polícia. As principais lideranças da época eram José Heronides da Câmara e Silva, proprietário rural e comerciante e, Manoel Joaquim de Souza (Neco de Sinhá), proprietário rural.

Em 1936, Boa Saúde teve o seu território delimitado como zona fiscal e foi criada uma agência arrecadadora. Em 1938, passou à condição de vila, com a criação do Distrito, incluindo os povoados de Lagoa Salgada e Córrego de São Mateus, sendo, a partir daí administrada por um sub-prefeito, contando com um arrecadador fiscal e um zelador do cemitério. Permaneceu na condição de vila até 11/12/1953, quando passou a condição de cidade, com a criação do município.

Fonte: BOA SAÚDE: Origem e História

Distrito de Córrego de São Mateus


"O território do município está dividido em dois distritos: o da sede e o de Córrego de São Mateus. Documento do Cartório de São José de Mipibu, datado de 08/03/1867, faz referências ao território onde, atualmente, está situado o Distrito de Córrego de São Mateus, no município de Boa Saúde. Trata-se do inventário de Sancha Ferreira da Silva, residente em São José de Mipibu, que deixou como parte de seus bens para o seu esposo, o Tenente Manoel Timotheo Ferreira Lustoza, uma parte de terra “na data de San Matheos no Corrego”.

A referência mais remota sobre os primeiros moradores do território onde está situado o povoado de Córrego de São Mateus, data de 12/03/1877. Trata-se do casal Leandro Francisco da Silva e Josefa Leandro da Silva, que tiveram os seguintes filhos: Nicácia, casada com Florêncio da Costa; Mariana, casada com Bernardino Jorge de Lima; Joanna, casada com Manoel Benedicto da Silva; Cândido Chavier, solteiro, com 21 anos; Martinha, casada com Manoel Valentim da Hora; João, com 13 anos; Maria, com 11 anos; Apolônia, com 10 anos e, Eugênia, com 9 anos de idade. Falecido em 1877, Leandro Francisco da Silva deixou como herança para a viúva e seus descendentes, entre outros bens imóveis, uma parte de terra com casa de morada e casa de farinha, em Córrego de São Mateus.

Outra família das mais antigas de Córrego de São Mateus, da qual se tem conhecimento, é a de João Bernardo da Silva que, tendo falecido em 1895, deixou duas partes de terras, na “data de San Matheus”, para a viúva, Francisca Bernarda da Silva, e para os filhos: Manoel Bernardo da Silva com 65 anos, residente em Monte Alegre; Ignácio Bernardo da Silva, com 64 anos, casado com Sebastiana Bernarda Ferreira, residentes no Córrego de São Mateus; Martha Bernarda da Silva, com 63 anos, casada com Vicente Ignácio, residentes em Córrego de São Mateus; Mathilde Bernarda da Silva, falecida e cuja herança coube aos filhos ( Maria Bernarda da Silva, José Padre da Silva, Ivo Bernardo da Silva, Maria Anunciada da Silva, Zulmira Bernarda da Silva e Maria Emília da Silva) e Cândida Bernarda da Silva, também falecida, deixando a sua herança para os filhos: Maria Cândida da Silva, José Bernardo da Silva, Maria Bernardo da Silva e Josefa Cândido da Silva. O requerimento do referido inventário, datado de 08/09/1924, foi assinado a rogo por José Padre, uma vez que a inventariada era declarada analfabeta. Quanto aos bens, conforme documento do Cartório de São José de Mipibu, trata-se de duas partes de terra, uma “...adquirida por compra de escritura particular, a Antonia Maria de Jesus, viúva de Pedro do Amor Divino, sendo terras de arisco e caatinga, com direito até o fim da data de S. Matheus, neste Município...” e, a outra localizada anexa à primeira, também “...foi adquida por compra de escritura particular a Francisco José da Silva e sua mulher Ignácia Maria da Silva...”

Outra referência aos moradores mais antigos do Distrito de Córrego de São Mateus, datada de 30/09/1914, encontramos no inventário de Maria Emília Ferreira, casada com José Ferreira da Silva, que residiram na localidade de Logrador do Juba. Como filhos do casal foram citados: Josefa , com 16 anos; Maria, com 15; Joaquim, com 14; Augusto, com 9; José, com 8 e, Francisco, com 4 anos de idade.

Entre os habitantes mais antigos do Córrego de São Mateus, de que se tem notícias, estão os Inácio: João, Joaquim, Rita, Balbina e Percila. A Primeira casa existente, onde hoje está situado o povoado, foi construída pelo Senhor Joaquim Inácio, que tinha seis filhos: Luiz Inácio, José Inácio, Luíza Inácio (casados) e mais três mulheres, que permaneceram solteiras e cujos nomes são ignorados. Dizem os moradores mais antigos que as mesmas eram conhecidas como as moças da casa grande, denominação atribuída à residência do Senhor Joaquim Inácio. No início, o povoado era conhecido como Córrego dos Inácios.

Outras famílias que deram origem ao povoado de Córrego de São Mateus foram:

- Família Vicente: O casal José Vicente da Silva e Joaquina Vicente da Silva teve os seguintes filhos: Manoel Vicente da Silva, João Vicente da Silva, Joaquim Vicente da Silva, José Vicente da Silva, Maria Vicente da Silva e Francisca Vicente da Silva;



- Família Ramos: Do casal Antônio Ramos e Maria Ramos, conhecida como Maroquinha, nasceram: Augusto Ramos, Antônio Ramos, Rita Ramos, Luíza Ramos, Ana Ramos e Nazinha Ramos;

- Família Gomes: O Senhor Manoel Gomes da Silva, conhecido como Manoel Padre, casado com a Senhora Filomena Gomes da Silva, teve os seguintes filhos: Manoel Gomes da Silva, Genésio Gomes da Silva, Joaquim Gomes da Silva, Enedina Gomes da Silva e Adília Gomes da Silva.

- Família Oliveira: O casal Luiz Francisco de Oliveira e Luíza Rodrigues de Oliveira teve os seguintes filhos: Josefa Rodrigues de Oliveira, José Francisco de Oliveira, Ceci Rodrigues de Oliveira, Maria de Lourdes Rodrigues de Oliveira, Leide Rodrigues de Oliveira, Teresinha Rodrigues de Oliveira e Oliete Rodrigues de Oliveira.

Até o início da década de 1940, as famílias de Córrego de São Mateus tinham suas casas dispersas. A partir de então, foi que começaram a construir suas residências, se preocupando com a formação do arruado. O Senhor Robério Xavier do Nascimento, casado com a Senhora Josefa de Oliveira Xavier, filha do Senhor Luiz Francisco, foi quem primeiro construiu com esta preocu-pação. Por iniciativa dele, tam-

bem foi construída a primeira capela, dedicada a Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, logo depois da Segunda Guerra Mundial. Convocado para servir na força de guerra, não chegou a embarcar por motivo do término do conflito. Como havia pedido a proteção da santa, em agradecimento, construiu a capela.

O povoado tem outra capela, dedicada a São Mateus, construída no ano de 1968 e que foi motivo de uma certa divisão entre os católicos do lugar,. durante determinado tempo.

Outra construção que contou com a iniciativa do Senhor Robério foi o primeiro mercado de Córrego de São Mateus, em 1946, quando a partir daí o povoado passou a contar com uma feira semanal, aos domingos , que não existe mais.

A primeira escola do povoado funcionou em um prédio cedido pelo Senhor Luiz Francisco de Oliveira, tendo como professora do Município de São José de Mipibu a Senhora Josefa de Oliveira Xavier que, uma vez criada a Escola Isolada de Córrego de São Mateus, foi nomeada a primeira professora estadual e, depois, a primeira diretora da referida escola. A senhora Josefa de Oliveira Xavier foi, também, a primeira professora que lecionou o curso primário completo no município, tendo inclusive alunos que se deslocavam de Boa Saúde para estudar em Córrego de São Mateus.

O cemitério de Córrego de São Mateus foi construído por iniciativa do Senhor Luiz Francisco de Oliveira, em 1956, quando o Senhor Manoel Teixeira de Souza era Prefeito do Município de Januário Cicco. O terreno para a referida construção foi doado pelo Senhor Antônio Januário. A primeira Zeladora do Cemitério, nomeada pela Prefeitura Municipal de Januário Cicco, foi a Senhora Odete de Oliveira Xavier.

O Senhor Luiz Francisco de Oliveira foi proprietário de um caminhão misto que fazia a “linha” de Januário Cicco a Natal, na segunda metade da década de 1950 e na década de 1960. Os principais produtos transportados e comercializados em Natal, naquela época, eram a goma e a farinha de mandioca. Existiam no povoado três casas de farinha, que pertenciam a Joaquim Inácio, Luiz Francisco e Robério Xavier. Atualmente, o número de casas de farinha aumentou para sete.

A produção de tijolos e telhas era localizada em Timbaúba, tendo como principal responsável o Senhor Manoel Francisco Oliveira. Atualmente, o principal produtor é o Senhor José Otacílio do Nascimento.

O artesanato de Córrego de São Mateus era representado:
- Pelas vasilhas de barro: jarras, potes, panelas, alguidás, cacos de torrar café, etc., produzidas por Dona Salvina;
- Pelos artigos feitos a partir da palha de carnaúba: chapéus, esteiras, sacas, vassouras, produzidos por Alice Cassimiro e Maria Vicente;
- Pelas cordas de sisal e produtos de chifre, feitos por Seu Vicente Xixiu,;
- Pelos trabalhos de labirinto, feitos por Dona Maria Vicente.

Os folguedos populares que animavam as noites da população de Córrego de São Mateus eram: O boi-de–rei de mestre Manoel Pereira e o João Redondo de Manoel Luiz.

O povoado de Córrego de São Mateus foi elevado à categoria de Distrito através do Decreto Nº 2.929, de 24/09/1963, publicado no Diário Oficial do Estado do Rio Grande do Norte, datado de 25 de setembro do mesmo ano.

A população do distrito, em 1980, de acordo com o censo realizado pelo IBGE, era de 1.478 habitantes, sendo 766 homens e 712 mulheres. Em 1991, a população total de Córrego de São Mateus passou a ser 1.403 pessoas, das quais 713 homens e 690 mulheres.

O Distrito de Córrego de São Mateus já participou dos poderes legislativo e executivo do Município de Januário Cicco, atual Boa Saúde, através dos seguintes representantes:

- José Francisco de Oliveira, Vice-Prefeito, no período de 1955 a 1960;
- Terezinha de Oliveira Silva, Vice-Prefeita, no período de 1973 a 1977 e Vereadora, nos períodos de: 1976 a 1971 e 1989 a 1992;
- Vivaldo Gomes Brandão, Prefeito, no período de 1983 a 1988 e Vereador, nos períodos de: de 1967 a 1971, de 1971 a 1973 e de 1973 a 1977.
- Robério Xavier do Nascimento, Vereador, no período de 1955 a 1960;
- Otacílio Xavier do Nascimento, Vereador, nos períodos de 1963 a 1967 e de 1967 a 1971;
- João Antônio de Mesquita, Vice-Prefeito, no período de 1993 a 1997;
- José Averaldo Cabral, Vereador, nos períodos: 1983 a 1989, de 1989 a 1992, de 1992 a 1997 e de 1997 a 200l;
- José Otacílio do Nascimento, Vereador, nos períodos de 1989 a 1992 e de 1992 a 1997.

O Distrito de Córrego de São Mateus é ligado à sede do município e aos vizinhos municípios de Lagoa Salgada, Vera Cruz e Lagoa de Pedras, através de estrada asfaltada, sendo servido, diariamente, por ônibus da Empresa Rio-grandense, para Boa Saúde e Natal. Conta com Posto Telefônico e telefones comunitários da TELEMAR, água da Adutora Monsenhor Expedito e energia de Paulo Afonso".

Texto extraido do livro: BOA SAÚDE -  Origem e História, dos autores José Alaí de Souza e Maria de Deus Souza de Araújo

O Povoado de Guarani

Situado na Data das Almas, surgiu o povoado de Gatos, provavelmente na mesma época do povoamento de Boa Saúde, primeira década do século XIX. Sobre a origem do nome Gatos, os moradores mais antigos contam que na pedra de um poço que existia no rio Trairi, apareciam filhotes de onças que as pessoas chamavam de gatos. O referido poço tornou-se conhecido como Poço dos Gatos, dando origem ao nome do lugar.

O povoado de Gatos, atualmente denominado de Guarani, fica situado às margens do Trairi, sendo que a maior concentração das famílias fica do lado direito do referido rio. A distância para a sede do Município de Boa Saúde é de 05 quilômetros.

A mudança do nome para Guarani aconteceu no início da década de l960, tendo sido uma sugestão de Padre Antônio Dantas Vilela, aceita pelos moradores.

Uma das famílias mais antigas, do território onde se situa o povoado de Guarani, da qual se tem notícias, é a de José Lucas da Cruz, que, tendo falecido pelo ano de 1911, deixou os seguintes filhos:
- Felix Lucas da Cruz, com 68 anos de idade, casado com Belmira da Cruz;
- Manoel Fiel da Cruz, na época já falecido e, tendo sido casado com Maria Fiel da Silva, deixou os seguintes filhos: Ricarda da Cruz, casada com João Belarmino; Izidro Manoel da Cruz, solteiro, com 23 anos; Isabel da Cruz, solteira, com 22 anos; Maria da Cruz, casada com Antônio dos Santos e, Justina da Cruz, solteira com 20 anos;
- Joanna da Cruz, com 57 anos de idade;
- Antônio Jorge da Cruz, casado com Josefa Epiphania da Cruz ;
- Francisca da Cruz, casada com José Joaquim da Silva;
- Faustina Lucas da Cruz, solteira ,com 52 anos;
- Dina Lucas da Cruz, solteira, com 50 anos ;
- Rita Lucas da Cruz, casada com Manoel Joaquim da Silva;
- Joaquina Lucas dos Santos, casada com Joaquim Francisco dos Santos.

Segundo informações dos moradores mais antigos de Guarani, outra família das mais antigas da Data das Almas foi José Valentim da Hora, cujos descendentes são os seguintes:
- João Valentim da Hora, tendo como filhos: José Valentim da Hora, Joaquina Valentim da Hora e Josefa Valentim da Hora;
- José Valentim da Hora Filho, cujos descendentes são: Joaquim Valentim da Hora, Josefa Valentim da Hora, Severino Valentim da Hora, Joana Valentim da Hora, Maria Valentim da Hora, Cícero Valentim da Hora e Ana Valentim da Hora;
- Manoel Valentim da Hora, tendo como filho José Valentim da Hora.

Outras famílias mais antigas do território de Guarani são as seguintes:
Família de Francisco José dos Santos e Ana dos Santos, cujos descendentes são:
- Ana Francisco dos Santos, casada com Porfírio Freire Carneiro, tendo como filhos: Josefa Porfírio dos Santos, Luís Porfírio dos Santos, Sebastiana Porfírio dos Santos, Joana Porfírio dos Santos e Maria Porfírio dos Santos. Do casamento de Maria Porfírio dos Santos com Pedro Bento de Oliveira, nasceram os seguintes filhos: João Porfírio dos Santos (João Birico) e Josefa Porfírio dos Santos;
- Joaquim Francisco dos Santos, casado com Joaquina. Lucas da Cruz cujos filhos são: Manoel Joaquim dos Santos, Josefa Salvina dos Santos, Maria Joaquina dos Santos, Antônio Joaquim dos Santos e José Joaquim dos Santos (Antão).
- Maria Francisco dos Santos, cujos descendentes são os seguintes: José Francisco dos Santos, Ricardo Francisco dos Santos, Raimundo Francisco dos Santos e Maria Francisco dos Santos;
- José Francisco dos Santos, cujos filhos são: Francisco José dos Santos (Bembem), Joaquim José dos Santos e Cecílio Jose dos Santos.
Família Eliotério, cujos descendentes lembrados são os seguintes:
- Manoel Eliotério dos Santos, casado com Francisca Belos dos Santos (Chicó), tendo como filhos: Antônio Eliotério, Luís Eliotério, João Eliotério, Cícero Eliotério, Sebastião Eliotério, Severena Eliotério e Manoel Cícero dos Santos.
- Joana Eliotério dos Santos, casada com Antônio Caboclo, cujos filhos são os seguintes: Josefa, Severino, Sebastião, Aprígio, José, Joaquina, Helena, Maria e Dioclécio.

A capela de Guarani foi construída em 1952, por iniciativa do Senhor Manoel Francisco da Silva, mais conhecido como Manoel Chico, contando com o apoio dos Senhores Cícero Valentim da Hora, Sebastião Eliotério, José Guino da Silva, João Birro e a participação da comunidade, O padroeiro é São Sebastião, cuja festa é comemorada no da 20 de janeiro de cada ano. Antes da construção da capela, as novenas em homenagem a São Sebastião eram rezadas na casa do Senhor João Birro, fazendo parte dos festejos: leilão e barraca.

A principal atividade econômica de Guarani é a agricultura de subsistência, pricipalmente a produção de goma e de farinha de mandioca que, há vinte, trinta anos atrás, era bem mais intensa, parte sendo vendida para a feira de Boa Saúde e outra na feira do Alecrim, em Natal.
Texto extraido do livro: BOA SAÚDE - Origem e História, dos autores José Alaí de Souza e Maria de Deus Souza de Araújo


O POVOADO DE LAGOINHA


O povoado de Lagoinha está localizado no município de Boa Saúde, no Estado do Rio Grande do Norte. Sua distância para a sede do município é de nove quilômetros, dos quais sete de estrada asfaltada.

A origem da localidade foi uma fazenda por nome de Lagoinha, que pertencia a Aníbal Barbalho de Oliveira. O povoado surgiu tendo como primeiros habitantes: Antônio Silvério, João Silvério, Francisco Silvério, Oliveira Basílio, João Belo, Antônio Belo, Izídio dos Santos, Joaquim dos Santos e Amaro Targino. A família Silvério, também chamada de Velo é das mais antigas do lugar.

No início do povoado, o trabalho das pessoas era relacionado com a sobrevivência. Os primeiros habitantes caçavam, pescavam e extraiam madeira para o consumo, além de praticarem a agricultura de subsistência e criarem animais.

Quanto à vegetação predomina a caatinga. As pessoas supriam suas necessidades de água, cavando cacimbas no leito do rio Trairi, de onde água salobra era transportada em barris, galões, potes e cabaças. Em relação à água para beber, grande parte das famílias da comunidade desde muito tempo se abasteciam de um poço tubular existente na Fazenda Gajarana. Outra forma de abastecimento da comunidade era através de carro pipa. Atualmente existe água encanada na comunidade através de rede de distribuição ligada a Adutora Monsenhor Expedito.

Em relação à economia do povoado, não houve muita mudança, pois a maioria das pessoas continua vivendo da agricultura de subsistência e com ajuda dos programas sociais do governo. É comum as pessoas saírem do lugar em busca de uma vida melhor e apenas um pequeno número de pessoas são empregadas, principalmente como funcionários públicos.

Uma das pessoas consideradas mais importantes para a comunidade foi Maria Cacimira da Conceição, conhecida como Maria Louceira, porque fazia louça de barro. Ela era descendente de índios e casada com José Germano da Silva. Faleceu com 100 anos de idade. Seu marido faleceu primeiro e ela sustentou os 10 filhos do casal, fazendo louça de barro e vendendo em casa e nas feiras. Outra pessoa lembrada na comunidade é Josefa Ângelo, mais conhecida como “Mãe Zefinha” pois a mesma era parteira e rezadeira..

O artesanato existente na localidade de Lagoinha era feito de palha de carnaúba por Josefa Rosa. Ela produzia chapéus, esteiras e vassouras que eram vendidos para ajudar no sustento da família.

Em Lagoinha existe uma Igreja Católica construída em julho de 2002 com o apoio e a contribuição da comunidade, tendo a frente um grupo de jovens que realizou campanhas através de bingos e rifas para arrecadar dinheiro para a construção. O padroeiro de Lagoinha é São João Batista e o terreno da Igreja foi doado por João Custódio da Silva, que sendo devoto de São João ofereceu o local de espontânea vontade para a sua construção e, por isso, o pároco e a comunidade em sua homenagem escolheram o referido santo para padroeiro da localidade. A festa em homenagem a São João Batista é realizada no mês de junho, com novenas, missa, procissão e show. Atualmente, na igreja são rezados terços, encontros aos sábados e domingos e, missas todo final de mês.

Na comunidade existe, também, uma Igreja Evangélica. Inicialmente residiam em Lagoinha apenas quatro evangélicos que se deslocavam para participar de cultos nas localidades vizinhas. Com o passar do tempo, o número de evangélicos cresceu e foi construída a Assembléia de Deus.

Em Lagoinha existe um Grupo de Capoeira que teve início através de alguns jovens que se deslocavam para Boa Saúde todos os sábados para participar de um Curso de Capoeira organizado por José Alai de Souza, em 2002. Terminado o curso, João da Silva e Giliarde continuaram se reunindo com outros jovens de Lagoinha e realizando treinos de capoeira, dando origem ao grupo, que contou sempre com o incentivo de José Alaí e de outras pessoas.


POVOADO DE BARRENTAS
Barrentas fica a 08 quilômetros da sede do município de Boa Saúde. Ao norte, está a Lagoa das Barrentas; ao sul, o povoado Riacho do Bom Pasto; ao leste Maretas e, ao oeste, a Fazenda Barbalho.


Segundo os moradores mais antigos: “Os primeiros habitantes eram descendentes da família Maçonilo que vieram do Agreste, pelo ano de 1915 e se instalaram próximo a uma lagoa, onde construíram suas casas. Resolveram colocar o nome do lugar de Barrentas porque a lagoa que existia próximo às suas terras tinha a água muito escura. Por esta razão tanto o lugar quanto a lagoa passaram a serem chamados de Barrentas. Toda a família sobreviveu da água da lagoa, usando tanto para beber como para as demais necessidades do dia-a-dia. Alimentavam-se das plan-tações, da caça e da pesca”.

Hoje a comunidade é composta aproximadamente por 200 habitantes. As principais atividades econômi-cas são a agricultura e a pecuária. As condições de moradia podem ser consideradas estáveis, pois a maioria dos habitantes possui residência própria e todas são de alvenaria. A renda das famílias é muito baixa. Existem poucos funcionários públicos e a maioria das pessoas vive da aposentaria e dos programas do governo federal.

Em Barrentas existe uma plantação nativa de carnaúba e algumas pessoas fazem trabalhos com a palha: vassouras, espanadores, esteiras e chapéus. Esse trabalho está reduzido, não pela falta da palha, mas pela falta de incentivo. O mesmo acontece em relação ao barro da lagoa que poderia ser utilizado para fazer artesanato em cerâmica.

Na comunidade existe a Escola Municipal Cícero Custódio da Silva. A mesma foi fundada na gestão do prefeito Paulo de Souza, em 1980. Seu nome é em homenagem ao doador do terreno.

Em Barrentas uma das pessoas mais populares é José Claudino de Oliveira, conhecido como Zé Inocêncio. Ele é pedreiro, mas tornou-se famoso pelo fato de gostar de contar causos e estórias. Há algum tempo atrás ele brincava “João Redondo”, não só na comunidade como na região.

O principal esporte de Barrentas é o futebol praticado, principalmente, pelas pessoas mais jovens. São promovidos torneios, vez por outra com a presença de times de fora e, também participam de competições em Boa Saúde e na vizinhança.

Texto de: Maria Aparecida Alves de Pontes
Revisão de: José Alaí de Souza

POVOADO DE IPUEIRAS


Ipueiras localiza-se a três quilômetros da cidade de Boa Saúde, na microrregião Agreste Potiguar. Não se tem conhecimento exato da época do início do povoamento da área que constitui a localidade. Fatos, descritos pelo Senhor João Porfírio dos Santos, conhecido como João Birico, em 14/11/2003, em função de uma pesquisa acadêmica realizada pela Professora Hailda Maria da Costa, como estudante da UFRN, indicam que o povoado surgiu na década de 1920, tendo como primeiros habitantes a família de Manoel Delfino da Costa. Sua residência ficava nas proximidades onde hoje existe o açude nas terras de do Senhor José Roberto.

A segunda família mais antiga do povoado foi a de Senhor João Porfírio dos Santos, João Birico, que chegou ao povoado em 1930. Ele nasceu em 1911 e faleceu em 2005, sendo um dos habitantes mais idosos do lugar.

Outras famílias mais antigos de Ipueiras, são as seguintes:

- A família de Pedro Felipe chegou a Ipueiras na década de 1930, passando a residir na casa onde morou Manoel Delfino e sendo dono de grande parte das terras a margem da estrada principal, hoje RN002”;

- A família de Piriri que residiu onde hoje á a propriedade de Geraldo Cirilo da Costa;

- A família de Severino Bento Bezerra que chegou na localidade em 1950, sendo um dos principais produtores rurais;

Dentre os moradores mais antigos de Ipueiras, destacam-se como família mais numerosas: a de João Porfírio dos Santos (João Birico) com 26 filhos e mais de 250 descendentes e, a de Benta Bezerra, falecida em 1904, deixando: 25 filhos e mais 110 descendentes. .

A origem do nome da localidade está relacionada com a existência de uma lagoa que continha muitas barrocas ou ipueiras, atualmente, localizada nas terras do Senhor Geraldo Cirilo da Costa.

Texto: Professora Hailda Maria da Costa
Revisão: José Alaí de Souza

O POVOADO DE TIMBAÚBA


Timbaúba é uma comunidade que pertence ao município de Boa Saúde- RN. Localiza-se a 12 quilômetros da cidade de Boa Saúde e tem uma população de 312 habitantes.

As construções que podemos encontrar na comunidade são as casas dos moradores, uma escola, duas casas de farinha, uma pequena capela, algumas cisternas e chafarizes. O povoado limita-se ao norte com o Sítio de Santa Cruz, ao sul com Lagoa da Onça, ao leste com o Córrego de São Mateus e Pororocas ao oeste com Bela Vista e Canto Grande.

Segundo Valdira Alves da Silva, conhecida como Nena e moradora da comunidade: “A origem do nome Timbaúba surgiu por conta de uma planta de nome timbaúba e que existia na localidade e servia como referência para as pessoas.Não se tem conhecimento exato da época do início do povoamento da comunidade, mas que os primeiros habitantes foram os Imídios”.

Sobre o passado e os costumes da população Valdira disse que:”Naquela época as pessoas gostavam muito de fazer promessas a São José pedindo ao santo mandasse chuva para a comunidade. E para alcançar essa graça roubavam a imagem de São José, de uma casa e prometiam ao santo devolvê-lo ao dono rezando uma novena quando a graça fosse alcançada. E assim. Quando eram atendidos, no dia de São José, rezavam uma novena em volta de uma lagoa que existe na comunidade e em seguida faziam a devolução da imagem do santo ao seu dono”. Falando, ainda, sobre os costumes da população, Valdira disse: “ Na época da ‘semana santa’ os moradores fazem doação de esmolas e saem para tomar a benção aos padrinhos e familiares. Na quinta e sexta feira o peixe é um alimento obrigatório. A comunidade costuma rezar a quaresma, começando pela casa de Dona Maria Nazaré da Silva e em seguida percorre a maioria das casas”.

Os moradores de Timbaúba têm como principal fonte de renda a agricultura. Eles trabalham cultivando feijão, milho, mandioca, batata doce, jerimum e tem plantações de cajueiros. Também criam animais bois, porcos e galinhas para o sustento e, no caso de fartura vendem. Umas pessoas trabalham para si mesmas e outras trabalham na diária para quem tem condições de pagar diass de serviço. Algumas pessoas na comunidade sobrevivem de suas aposentadorias e outras dos programas do governo. Alguns moradores são funcionários públicos e outras poucas pessoas vivem do comércio.

Em Timbaúba existe uma escola que foi construída em 1981. ( Acrescentar aspectos sobre as condições físicas e o funcionamento da escola). Mas antes, conforme o relato de Valdira: “ Foi construída uma cobertura de palha na residência de Dona Nanci Lopes da Silva e Seu José Luis da Silva e teve início o funcionamento de uma creche que tinha como monitora Helena Luis da Silva, como merendeira Dona Nanci e como zeladores Seu José Luiz e Francisco Luis”.

As pessoas de Timbaúba tem poucas oportunidade de lazer. Vivem mais para o trabalho. Quando não ficam assistindo televisão saem a procura de divertimento em outras comunidades.

Texto de: Jarlene do Nascimento Ferreira


 POVOADO DE POÇO COMPRIDO


Poço Comprido fica no município de Boa Saúde, no Rio Grande do Norte. Localiza-se a 11 quilômetros da cidade de Boa Saúde e faz limite com as seguintes localidades: Logradouro, ao norte; Picadinha, ao sul; Marquinho, ao leste e, Mãe d`Água; ao oeste. O acesso para a sede do município é através da estrada que vai para Lagoa dos Currais e em seguida a estrada asfaltada que liga Serra Caiada a Boa Saúde.

Segundo Seu Manoel Avelino, morador da comunidade desde 1922, atualmente (2006) com 91 anos de idade: “O nome Poço Comprido, surgiu de um grande poço que existia no leito do rio Trairi, onde as pessoas faziam a travessia para ir para a cidade ou outras localidades. Muitas pessoas temiam a travessia,quando o rio estava cheio e costumavam pedir ajuda as pessoas que sabiam nadar como: Arnaldo Patrício, Pedro Tomé Barbalho, Cinfrônio e outros que moravam nas proximidades do rio. Dependendo da quantidade de água do rio, utilizavam troncos de madeira ou barris amarrados em cordas para transportar pessoas e mercadorias”.

Outra pessoa que mora na comunidade a muitos anos é Dona Maria Assunção Barbalho. Nascida em 1911, no município de Santo Antônio, no Rio Grande do Norte, atualmente com 95 anos de idade, desde os sete anos de idade era mora em Poço Comprido.

Poço Comprido tem uma população de 350 habitantes aproximadamente. A maioria das pessoas vivem da agricultura de subsistência,cultivando milho, feijão e mandioca, uma vez que o solo é arenoso e apropriado para essas culturas, além de plantações de cajueiro, coqueiros, mangueiras e umbuzeiros. Existe, também, a criação de animais, principalmente, bovinos e aves. Muitas pessoas são aposentadas ou vivem dos programas sociais do governo.


O POVOADO DE PALMATÓRIA, NO PASSADO E AGORA


A comunidade de Palmatória é dividida pelo rio Trairi. A margem direita pertence a Boa Saúde; a margem esquerda pertence a Serra Caiada. O acesso a parte da localidade, que pertence a Boa Saúde, somente é possível indo por Serra Caiada, pois há muitos anos a estrada que ligava Boa Saúde aquele lugar não oferece condições de transito.

João Cosme, antigo morador nascido em Palmatória no município de Boa Saúde, disse que se mudou para Serra Caiada em 1991. Os principais motivos foram: o isolamento da comunidade por falta de estrada, a falta de energia e de escola para os filhos. A comunidade há uns vinte e poucos anos atrás era habitada pelas famílias Mendonça, Patrício, Alexandre e Marques, habitando num total de 53 casas. Segundo ele: na época do Prefeito Nezinho de Souza as condições da estrada eram boas e existia uma escola municipal que teve como primeira professora Veneranda e depois Zé Augusto. Funcionou, também, uma escola pelo rádio no tempo de Padre Vilela, com os professores Zé Augusto e Etelvina. A comunidade tinha uns 80 eleitores. Hoje deve existir apenas uns 05. No dia da eleição iam dois carros cheios de eleitores para votar em Boa Saúde.

João Cosme disse, ainda, que as famílias vieram morar na comunidade de Palmatória do lado de Serra Caiada, mas deixaram suas terras na parte que pertence a Boa Saúde, onde continuam fazendo seus roçados e criando animais. Na sua opinião, se a comunidade tivesse estada, energia e, oferecesse melhores condições de moradia, muitas famílias voltariam pela facilidade de morar e trabalhar no mesmo lugar. Mas, percebe-se que nas pessoas não existe esperança de melhora ou mudança, pelo menos por enquanto.

Texto de: José Alaí de Souza













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